Bolsa sobe e dólar cai com baixa liquidez por feriado nos EUA

806
Foto: Svilen Milev / freeimages.com

São Paulo – O Ibovespa fechou em alta pelo terceiro pregão seguido, com ganhos de 0,55%, aos 96.764,85 pontos, apesar de variações modestas e do fraco volume negociado hoje em função do feriado nos Estados Unidos. Alguns papéis de peso para o índice, como os do Bradesco, mostraram melhora ao longo da sessão, embora a cautela com novos casos de coronavírus em estados norte-americanos continue no exterior.

“O dia é de mercados com liquidez precária e de perda do referencial de preços dos ativos. Sem agenda, a ida em direção aos 99.000 pontos é adiada”, disse o economista-chefe do banco digital Modalmais, Alvaro Bandeira.

As ações do Bradesco (BBDC4 0,66%) estão entre as que puxaram o Ibovespa no fim do pregão, passando a subir depois de caírem pela manhã. Já as maiores altas do índice foram da SulAmérica Investimentos (SULA11 4,97%), da TIM (TIMP3 4,81%) e do IRB Brasil (IRBR3 8,03%).

No exterior, o aumento de casos diários de coronavírus segue trazendo incertezas e colaborou para que as Bolsas europeias fechassem em queda. Os Estados Unidos mostraram novo recorde de casos nas últimas 24 horas, com 52,3 mil novos infectados, depois da alta de 51,3 mil já reportada ontem, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins. Estados como Texas e Califórnia já voltaram a impor restrições para conter a nova onda da pandemia.

Por outro lado, indicadores têm vindo positivos, caso dos dados do mercado de trabalho norte-americano ontem, além de a liquidez continuar elevada nos mercados.

Na segunda-feira, na agenda de indicadores, os destaques são os índices de atividade do setor de serviços de junho norte-americanos. Além de acompanhar os dados econômicos, investidores devem continuar monitorando a evolução da pandemia.

O dólar comercial fechou em queda de 0,56% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3240 para venda, em sessão esvaziada com o feriado nos Estados Unidos, que reduziu os negócios e a liquidez do mercado. Apesar da volatilidade na primeira parte dos negócios, o dólar teve movimento lateral ao longo da tarde com oscilações pontuais.

“O dólar voltou a ter um comportamento volátil abrindo em alta, mas passou a cair ao longo da sessão acompanhando o movimento de alta do peso mexicano em dia de baixa liquidez e de poucos negócios em função do feriado nos Estados Unidos. Ainda assim, a nossa moeda trabalhou com uma forte amplitude”, comenta o diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik.

A moeda fechou a semana com desvalorização de 2,5% interrompendo uma sequência de três semanas seguidas de alta, com a divulgação de números melhores do que o esperado nos Estados Unidos, principalmente em relação ao mercado de trabalho. O analista da corretora Mirae Asset, Pedro Galdi, ressalta que o bom humor voltou nos últimos dias com a divulgação de indicadores econômicos de junho mais positivos na China e na zona do Euro.

A notícia de que os resultados dos testes de uma possível vacina para combater o novo coronavírus deram positivos corroborou para o viés de baixa. “A vacina é um fator positivo quando somamos com a retomada econômica, mas temos que colocar os pés no chão e lembrar que a vacina não fica pronta neste ano por mais promissora que seja”, avalia o estrategista-chefe do grupo Laatus, Jefferson Laatus.

O risco de uma segunda onda de contágio pelo novo coronavírus nos Estados Unidos, com a nova alta no número de casos confirmados, também precificou a moeda estrangeira com a preocupação de que o avanço da pandemia permanece, destaca a equipe econômica do Bradesco.

“O aumento do número de novos casos e de hospitalizações em alguns estados americanos levou a uma nova rodada de restrições. Esse processo pode contribuir para atrasar ou mesmo limitar a recuperação [da economia] e a melhora dos mercados”, dizem os analistas do banco.

Na semana que vem, o destaque é a agenda de indicadores com os números de atividade dos Estados Unidos e da China em junho, enquanto na Europa e aqui saem os dados de varejo de maio.

“Levando em consideração que são dados de junho, quando houve a reabertura de boa parte da economia norte-americana os dados devem vir bons. E se ficarem próximos da marca que separa crescimento de contração, o mercado deverá reagir com otimismo”, aposta o consultor de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello.