Bolsa sobe e dólar cai com andamento da PEC Emergencial

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São Paulo – O Ibovespa fecha em alta de 1,29% aos 112.776,49 pontos. O índice operou por todo o dia com muita volatilidade. No meio da tarde chegou a cair mais 1% e mais próximo ao fechamento apresentava alta superior a 1,20%. O cenário político pautou toda a sessão de hoje por causa do debate dos destaques, em segundo turno, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC emergencial) na Câmara dos Deputados. Segundo João Vitor Freitas, da Toro Investimentos, essa volatilidade se deu conforme ocorriam as pressões em alguns destaques. A votação ainda segue na Câmara.

Nesta madrugada, houve a aprovação em primeiro turno na Câmara dos Deputados. Sem nenhuma desidratação relevante em relação à proposta original, a medida passou com 341 votos a favor, 121 contra e dez abstenções.

Outro fator que influenciou de forma positiva o mercado doméstico foi a aprovação do pacote de estímulo do presidente Joe Biden de US$1,9 trilhão para reativar a economia dos Estados Unidos. “É um pacote robusto que o mercado tanto aguardava para voltar ao normal. O cronograma de vacina está evoluindo e a expectativa é que a economia lá fora se fortaleça”, afirmou Freitas. O pacote deve ser sancionado pelo presidente norte-americano até sexta-feira.

Pela manhã, o resultado do Indice de Preços ao Consumidor (CPI, sigla em inglês) dos Estados Unidos apresentou bom desempenho, cresceu 0,4% em fevereiro, abaixo das expectativas e isso deu um certo alívio nos Tresuries de 10 anos nos Estados Unidos. Esse resultado também foi alentador para o mercado local.

O dólar comercial fechou em forte queda de 2,36% no mercado à vista, cotado a R$ 5,6550 para venda, na maior queda percentual diária desde o fim de janeiro e interrompendo a sequência de três altas seguidas, em sessão de forte volatilidade e amplitude reagindo aos dois leilões realizados pelo Banco Central (BC), à aprovação do pacote de estímulo fiscal trilionário nos Estados Unidos e à aprovação da PEC Emergencial em segundo turno na Câmara dos Deputados.

O gerente da mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, reforça que o leilão de swap cambial tradicional realizado logo após a abertura dos negócios, no qual colocou no mercado US$ 1,0 bilhão, junto com a operação de venda de dólar no mercado à vista no início da tarde, que colocou US$ 405,0 milhões, “derrubaram” a cotação da moeda.

“Além dos dois leilões e da aprovação da PEC Emergencial por aqui, lá fora, o dólar recuou com a aprovação do pacote de US$ 1,9 trilhão na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos”, comenta.

No exterior, após a divulgação dos dados da inflação norte-americana, que subiu 0,4% em fevereiro ante janeiro e ficaram em linha com o esperado, as moedas de países emergentes passaram a subir ante a divisa norte-americana. Porém, aceleraram os ganhos após a Câmara dos Deputados do país aprovar a versão final do projeto de lei de alívio ao novo coronavírus de US$ 1,9 trilhão com um placar de 220 votos a favor e 211 contrários. A medida agora segue para a assinatura do presidente Joe Biden, que deverá sancionar a lei na sexta-feira.

Aqui, a Câmara dos Deputados aprovou a PEC Emergencial em segundo turno, mas o Planalto conseguiu evitar que os deputados removessem do texto o gatilho para que estados e municípios adotem medidas de ajuste fiscal caso as despesas correntes atinjam 95% da receita. A vitória, porém, só foi possível após o governo ceder e se comprometer a remover da PEC a vedação à promoção de servidores públicos durante o período de ajuste após o acionamento do gatilho.

Antes, o governo já havia sofrido uma derrota no plenário quando os deputados acataram um ajuste ao texto da PEC Emergencial para manter a vinculação de recursos públicos a fundos e despesas específicas. O governo queria a desvinculação, como estava na PEC. “A votação trouxe um pouco de volatilidade no mercado local em razão de alguns destaques, principalmente, ao longo da tarde”, acrescenta o analista da Toro Investimentos, João Vitor Freitas.

Amanhã, o destaque da agenda fica para a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE). Analistas reforçam que após a votação da PEC Emergencial e do pacote trilionário, o cenário doméstico segue atento aos desdobramentos políticos, agora com “o fator Lula”, e com o cenário de imunização contra a covid-19 no país.

Sobre o ex-presidente Lula, o economista-chefe da Necton Corretora, André Perfeito, avalia que o discurso feito pelo ex-presidente foi para uma campanha eleitoral que já começou. “Lula criou uma retórica que força o presidente Jair Bolsonaro para o populismo no sentido que ele force o Planalto a tomar decisões mais de curto prazo em detrimento aos ajustes de longo prazo propostos por Paulo Guedes [ministro da Economia”, ressalta.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) operam em alta, com oscilações mais acentuadas nos vencimentos mais longos na tarde de hoje, diante da cautela com a análise dos destaques para votação em separado à PEC Emergencial, que estão sendo votados neste momento pela Câmara dos Deputados.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 encerrou o dia com taxa de 4,035%, de 4,000% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,845%, de 5,775%; o DI para janeiro de 2025 ia a 7,42%, de 7,35% ontem; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,02%, de 7,99%, na mesma comparação.

O Dow Jones deu um salto de quase 500 pontos para um recorde, após a queda dos juros dos títulos do Tesouro e um novo pacote de estímulo empurrarem os investidores para ações que se beneficiarão de uma recuperação econômica mais rápida. Resultado: o Nasdaq não conseguiu sustentar os ganhos e terminou o dia em baixa, enquanto o S&P 500 fechou em alta.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +1,46%, 32.297,02 pontos

Nasdaq Composto: -0,04%, 13.068,80 pontos

S&P 500: +0,60%, 3.898,81 pontos