Bolsa sobe com otimismo externo e renova máxima; dólar tem leve queda

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Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira

São Paulo – A continuidade do otimismo com a economia doméstica e o alívio no exterior em relação à guerra comercial fizeram o Ibovespa encerrar em alta de 1,23%, aos 110.300,93 pontos, na máxima do dia, renovando o seu recorde histórico de fechamento batido no dia 7 de novembro (109.580,57 pontos) e o recorde intradiário, também do dia 7 (110.671,91 pontos). O volume total negociado foi de R$ 18,061 bilhões.

“Está acontecendo o que faltava para o Ibovespa ter um impulso a mais, os sinais de crescimento da economia doméstica estão começando a aparecer. Ontem o PIB veio melhor e a produção industrial hoje também saiu boa, nessa linha de recuperação. Isso, claro, com o cenário externo ajudando hoje”, disse o sócio da RJI Gestão e Investimentos, Rafael Weber.

Segundo Weber, essa dinâmica melhor da economia impulsiona papéis ligados à demanda doméstica, como os da Ambev (ABEV3 2,40%), que chegou a ficar entre as maiores altas do Ibovespa mais cedo. Outros papéis que tiveram altas significativas e estão ligados a uma retomada da economia são os de siderúrgicas, como da CSN (CSNA3 2,74%), que anunciou um aumento de 10% no preço do aço para seus clientes a partir de janeiro, acompanhando suas concorrentes que já anunciaram aumentos, como Usiminas e Gerdau.

As maiores altas do Ibovespa, no entanto, ficaram com as ações de bancos, como destaque para os papéis do Itaú Unibanco (ITUB4 3,60%), que têm subido na esteira do oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da XP Investimentos, da qual detém 50%, e do BTG Pactual (BPAC11 4,42%), que acelerou ganhos no fim do dia.

Na contramão, as maiores quedas do índice são da Suzano (SUZB3 -2,67%), da RD (RADL3 -2,93%) e da JBS (JBSS3 -2,82%).

No exterior, os principais mercados acionários também fecharam em alta após dois dias de queda em meio à tensão comercial. Embora o presidente norte-americano, Donald Trump, tenha dito ontem que não há um prazo para fechar um acordo com a China, uma reportagem da agência de notícias “Bloomberg” afirmou que as declarações não indicam que as negociações não estão avançando e que um acordo pode ser fechado ainda este mês.

Amanhã, na agenda de indicadores, investidores devem acompanhar os dados de pedidos de seguro-desemprego e da balança comercial norte-americanos. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) também realiza reunião em Viena, na Áustria, o que pode mexer com os preços do petróleo.

Analista acreditam que o índice pode manter o tom otimista nos próximos dias na ausência de novidades negativas. “Podemos ter um rali de fim de ano sim, ainda tenho uma previsão de que o Ibovespa pode chegar em torno de 120 mil pontos. Apesar de o volume costumar a diminuir em dezembro, também não estamos vendo isso ainda”, disse o CEO da WM Manhattan, Pedro Henrique Rabelo.

O dólar comercial fechou em leve queda de 0,07% no mercado à vista, cotado a R$ 4,2040 para venda, no terceiro recuo seguido, exibindo o sentimento mais positivo no exterior em meio à desvalorização global da divisa com esperanças renovadas de que Estados Unidos e China fechem um acordo preliminar nos próximos dias, após falas do presidente norte-americano, Donald Trump. O otimismo local com dados mais positivos da economia corroborou para o movimento de queda que prevaleceu por todo o pregão.

Após declarar que “gostou da ideia” de negociar com a China após as eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro do ano que vem, Trump voltou a dizer que as negociações “vão bem” com o país asiático.

O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, destaca o desempenho das moedas de países emergentes diante o otimismo global. “O peso mexicano, a lira turca e o rand sul-africano operaram em alta contra o dólar com a melhora do apetite por ativos de risco”, diz.

Os dados de emprego no setor privado nos Estados Unidos, divulgados pela ADP, apontou a criação de 67 mil vagas, enquanto o mercado projetava 150 mil novos postos de trabalho, o que contribuiu para a perda de força do dólar em escala global.

Segundo a equipe econômica da Capital Economics, os números – uma prévia do relatório de empregos, o payroll – acrescentam sinais de que o mercado de trabalho ainda está perdendo impulso, sugerindo que o crescimento da renda e, portanto, o crescimento real do consumo desacelerará um pouco mais no curto prazo.

“Mas seria preciso uma desaceleração muito mais acentuada no crescimento do emprego para aumentar os temores da recessão e levar o Fed [Federal Reserve, o banco central norte-americano] a cortes adicionais na taxa de juros”, avaliam.

Amanhã, com a agenda de indicadores mais fraca, as atenções se voltam aos números do índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços da China em novembro. No início da semana, números do PMI da atividade industrial no país asiático animou os mercados e contaminou o cenário local o que resultou em queda da moeda.