Bolsa sobe com esperança por vacina; dólar registra alta

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São Paulo – O Ibovespa operou todo o dia com muita volatilidade entre perdas e ganhos. No período da manhã chegou a subir 1,33% mas foi perdendo força e fechou em alta de 0,90%, aos 114.180,62 pontos acompanhando o bom humor das bolsas norte-americanas, Nasdaq e Dow Jones, que encerram com ganhos de 1,24% e 1,39%, respectivamente.

O mercado repercutiu a votação do orçamento para 2021 aprovado, ontem à noite, pelo Congresso. No período da manhã não dava sinais que seria muito negativo, apesar de comentários dos analistas sinalizando que “há pontos no [orçamento] que tentam burlar o teto de gastos”.

No entanto, próximo ao fechamento a entrevista do economista Raul Velloso experto em contas públicas, segundo o analista José Costa Gonçalves, da Codepe Corretora, impactou negativamente o Ibovespa. O economista disse que não há mais espaço para maquiagem nos números porque é uma “grande enganação o que foi feito e não tem força de se ajustar ao teto previsto”. Gonçalves acrescentou que o mercado “está pisando em ovos”, qualquer notícia impacta a Bolsa.

Por outro lado, os analistas da Ativa Investimentos comentaram que os investidores receberam mal a notícia de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, teria reclamado com o presidente, Jair Bolsonaro, sobre “maquiagem” no orçamento. Esse comentário sintoniza com as palavras do Velloso.

Analistas acreditam que no pregão de hoje houve uma recomposição do mercado devido ao noticiário nos últimos dias. Mas a atenção dos investidores pairou sobre a vacinação porque eles acreditam na imunização da população para a retomada a economia.

Hoje o Instituto Butantan anunciou que desenvolveu uma nova vacina contra a covid-19 (Butanvac). “Apesar de não fazer diferença no curto prazo, traz perspectiva mais clara para os próximos meses”, comentou Romero Oliveira, head de renda variável da Valor Investimentos.

O economista Alexandre Espírito Santo, da Órama Investimentos, se mostrou otimista com a imunização e comentou que o anúncio feito pelo Instituto Butantan de desenvolver a nova vacina (Butanvac) é uma notícia favorável, mas o foco é a vacinação. “acredito que é possível vacinar 500 mil pessoas por dia em cinco meses”, afirma

O dólar comercial fechou em alta de 1,23% no mercado à vista, cotado a R$ 5,7400 para venda, engatando a terceira alta seguida em sessão de forte volatilidade, refletindo um forte movimento de proteção no mercado doméstico à véspera do fim de semana, em dia de baixa liquidez. Investidores locais seguem desconfortáveis com o Orçamento de 2021 aprovado ontem no qual sinaliza uma iminente piora no cenário fiscal.

A extensão de medidas de isolamento social em São Paulo, até a terceira semana de abril, em meio ao elevado número de mortes e infecções por covid-19 também contribuíram para a alta.

O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, reforça que houve ao longo da sessão um movimento de busca por proteção em meio aos novos ruídos fiscais e ao crescimento descontrolado da pandemia do covid-19 no Brasil. Além de acompanhar a alta dos rendimentos das taxas futuras de juros dos títulos do governo norte-americano, as treasuries, com o vencimento de 10 anos (T-Note) em alta de 1,67%.

“À tarde, a moeda acelerou os ganhos, a R$ 5,75, com os investidores aumentando as posições defensivas antes do fim de semana”, acrescenta. Com isso, a moeda operou no maior patamar intraday (R$ 5,7570) desde o dia 10. O chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, comenta que “ruídos” de que o Orçamento para este ano, aprovado ontem, “maquia alguns números”, o que levaria ao furo do teto de gastos, também ajudou nessa pressão do câmbio hoje.

Na semana, marcada por uma intensa volatilidade aqui e no exterior, principalmente nos mercados de países emergentes, a moeda fechou com valorização de 4,65%, na maior alta percentual semanal desde junho do ano passado. “O avanço da covid-19 no país, com números recordes de mortes, pesou muito junto com a questão fiscal”, comenta o economista da Nova Futura Investimentos, Matheus Jaconeli.

Na próxima semana, marcada pelo feriado antecipado na capital paulista e pelo feriado nacional e em boa parte do mundo no fim da semana, Nagem diz que deverá ser mais uma semana volátil, com perda de liquidez, mesmo com o funcionamento normal da bolsa brasileira (B3).

Jaconeli acrescenta que o sentimento de cautela deve permanecer. “Com as mesmas questões que pesaram nesta semana. Os assuntos continuam no radar”, diz. Na agenda de indicadores, destaque para os dados de atividade da China, Europa e dos Estados Unidos, além dos números do mercado de trabalho norte-americano em março.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em alta acompanhando a escalada do dólar em meio à liquidez reduzida e à busca por proteção antes dos feriados antecipados pelas autoridades de São Paulo e Rio de Janeiro em uma tentativa de debelar a disseminação da covid-19.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 encerrou a semana com taxa de 4,725%, de 4,620% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,53%, de 6,40%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,11%, de 7,97% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,69%, de 8,58%, na mesma comparação.

Um rali nas ações de bancos e de empresas de energia fez com que os principais índices do mercado norte-americano fechassem o dia com mais de 1% de alta, lançando o Dow Jones e o S&P 500 para novas máximas no final de uma semana marcada por intensa volatilidade.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +1,39%, 33.072,88 pontos

Nasdaq Composto: +1,24%, 13.138,70 pontos

S&P 500: +1,66%, 3.974,54 pontos