Bolsa se recupera e fecha em alta após Fed com leve tom hawkish; dólar sobe

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São Paulo – Após muita volatilidade, a Bolsa fechou em alta e recuperou a marca dos 107 mil pontos após a definição de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) dentro do esperado pelo mercado, mas com um tom levemente hawkish (duro).

O colegiado decidiu aumentar, a partir de janeiro, o ritmo de redução de compra de ativos em US$ 30 bilhões e o processo deve terminar em março. Também sinalizou três altas de juros no ano que vem.

O principal índice da B3 subiu 0,62%, aos 107.431,18 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro avançou 0,40%, aos 106.985 pontos. O giro financeiro foi de R$ 74,8 bilhões em dia de vencimento de opção sobre o índice futuro. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Luiz Henrique Wickert, analista sênior da plataforma sim;paul, disse que a decisão do Fed veio em linha com que o mercado estava esperando e “a grande novidade foi que o banco central dobrou a velocidade com que ele vai parar de injetar estímulos na economia devido à alta de inflação nos Estados Unidos”.

Os incentivos monetários vão terminar até março e a dúvida é quando os juros vão subir nos Estados Unidos. Wickert comentou que as previsões estão bem dispersas. “Os membros do Fed estão prevendo três altas de juros no ano que vem e o mercado esperava duas elevações. Existe uma inclinação de levemente de aperto de política monetária para o ano vem”.

Para o analista sênior da plataforma sim;paul, o consenso do mercado é de que os juros devem subir em junho, mas alguns analistas acreditam que a alta já virá em março quando acabar o tapering (redução de estímulos) . “Temos de ver os próximos dados de inflação nos Estados Unidos para entender qual vai ser o timing da alta de juros ao longo do ano que vem e isso tem um grande potencial para afetar o Brasil, por ser um mercado emergente e qualquer alta de juros por lá o dinheiro acaba indo para um porto seguro”.

Rodrigo Natali, diretor de estratégia da Inversa, comentou que a Bolsa deve ficar pressionada até a definição do Fed. “O que está um pouco no preço é a decisão do banco central em aumentar para US$ 30 bilhões a redução do processo de compra de ativos e que talvez mencione que ao invés de subir os juros no final de 2022, comece a elevar a taxa em setembro do ano que vem e podendo ter até três altas”.

Natali destacou que já há algumas semanas as empresas grandes, principalmente as exportadoras, estão performando melhor que as pequenas quase que diariamente “e grande parte disso é por conta dos saques de multimercados e saques de fundo de ações”.

Em relação à liberação da carne brasileira pela China favoreceu as ações dos frigoríficos na Bolsa. “É positivo. Essas empresas sofreram muito na semana passada e estão voltando a ficar em linha com as exportadoras, mas isso sempre vai acontecer”, disse Natali.

E acrescentou: “esses embargos são quase uma atitude estratégica do governo chinês com a intenção de derrubar o preço do negócio para depois voltar a comprar “. As ações da Minerva (BEEF3) subiram 11,96% e da JBS (JBSS3) avançaram 2,44%.

O dólar comercial fechou em R$ 5,7080, com alta de 0,24%. Após o anúncio do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, que o tapering (remoção de estímulos) irá dobrar de velocidade a partir de janeiro, assim como os juros serão aumentados em três oportunidades no próximo ano, a moeda pouco oscilou.

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, acredita que o anúncio de hoje não apresentou surpresas: “Veio em linha com o que o mercado esperava”.

Abdelmalack acredita que o ponto de interrogação fica por conta dos juros: “Os dados apontam para o aumento da capacidade de consumo da população norte-americana. O ‘x’ da questão é se o Fed irá parar nas três elevações ou fará outras”, ressalta.

Para o economista da Renascença Corretora, Daniel Queiroz, “essa alta está em linha com o mercado internacional. O fortalecimento global do dólar tem a ver com a cautela dos investidores com a espera pelo Fomc”.

Queiroz acredita que o movimento local siga a decisão prestes a ser anunciada nos Estados Unidos: “assim que sair a decisão o mercado doméstico vai acompanhar também”, prevê.

Segundo fonte ouvida pela CMA, “o dia hoje é decisivo. A declaração do (presidente do Federal Reserve – Fed, o banco central norte-americano -, Jerome) Powell é fundamental, vai determinar o trade do dólar”.

A fonte diz que tudo leva a crer que o Fed tende a ser mais agressivo, valorizando o dólar: “Há muito tempo que eu não via um statement (comunicado) tão aguardado o quanto de hoje”, opina.

De acordo com o boletim da Correparti, “a expectativa do mercado é de que a autoridade monetária anuncie aceleração no processo de retirada de estímulos, para fazer frente à recente escalada da inflação nos Estados Unidos”.

A Correparti acredita que o real deve ganhar fôlego neste início de sessão: “Lá fora o dólar perde levemente de seus pares, e aqui deveremos ter uma abertura de estável com leve viés de queda, acompanhando o desempenho visto no exterior”, projeta.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta após o FED sinalizar aceleração do processo de tapering.

O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 9,148% de 9,150% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 11,550%, de 11,470%, o DI para janeiro de 2025 ia a 10,540, de 10,460% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,390% de 10,360%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar com vencimento para janeiro operava em alta, cotado a R$ 5,73 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, com altas de mais de 1%, após a decisão de hoje do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em acelerar a redução da compra de ativos, assim como
sinalizar um aumento da taxa de juros no próximo ano.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +1,08%, 35.927,43 pontos
Nasdaq Composto: +2,15%, 15.565,6 pontos
S&P 500: +1,63%, 4.709,85 pontos