Bolsa se aproxima de máxima histórica e dólar dos R$ 5,00

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São Paulo – O Ibovespa encerrou a quinta-feira próximo das máximas da sessão e chegou muito perto de zerar as perdas sofridas ao longo de 2020. Na avaliação de analistas, um dos motivos para o adiamento da superação da marca foi justamente a falta de motivos.

“O mercado está eufórico novamente. Do meu ponto de vista, eufórico até demais. Não há nada de muito concreto para explicar esse movimento”, comentou um operador de renda variável durante o andamento da sessão.

Com isso, o principal índice do mercado brasileiro de ações subiu 1,88%, encerrando a quinta-feira em 115.128,63 pontos, diante de um giro de R$ 39,6 bilhões.

O Ibovespa chegou ao fim de 2019 aos 115.645,34 pontos e aproximou-se dos 120 mil ainda em janeiro antes de ser abalroado pela pandemia do novo coronavírus. Depois de patinar ao longo de 2020, o índice antecipou o rali de fim de ano em novembro e hoje bateu 115.261,71 pontos na máxima da sessão antes de ceder uma parte dos ganhos.

Entre os componentes do Ibovespa, destaque para as ações da CSN, que subiram mais de 10% na esteira de boas projeções para 2020 e 2021 recebidas com entusiasmo pelos investidores. Blue chips do índice, como Vale e Petrobras, também registram alta robusta.

Outro destaque do dia na B3 foi a estreia da Rede D’Or na bolsa. Depois de ter levantado R$ 11,39 bilhões em sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), a rede hospitalar viu suas ações subirem mais de 7% em seu primeiro pregão.

O dólar comercial fechou em forte queda de 2,53% no mercado à vista, cotado a R$ 5,0420 para venda, no menor valor de fechamento desde 12 de junho (quando encerrou a R$ 5,0460), com investidores locais reagindo ao “leilão extra” do Banco Central (BC) de swap cambial, ao comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), além do exterior e de novas entradas de recursos estrangeiros na bolsa brasileira.

O analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho, ressalta o “combinado de fatores” que levou a moeda ao menor valor em seis meses. “A realização de um leilão extraordinário pelo BC, com oferta extra de hedge [proteção] para o mercado”, comenta. Em operação realizada no fim da manhã, o BC colocou todos os 16 mil contratos ofertados, um montante de US$ 800,0 milhões.

Sobre a decisão ontem do Copom em manter a taxa Selic, o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, explica que no comunicado consta a mensagem de que o colegiado pretende “abandonar o foward guidance” daqui a pouco.

“Ele [o Copom] se comprometeu a retirar a promessa de juros baixos por tempo prolongado, num futuro não tão distante. Provavelmente, deve retirar a partir do primeiro trimestre do ano que vem. Essa expectativa de que os juros não vão ficar baixos por muito tempo, naturalmente, induz uma valorização do real frente ao dólar”, avalia Ortiz.

O analista da Correparti acrescenta que, no exterior, os sinais de progresso nas negociações entre democratas e republicanos para a aprovação de um pacote fiscal do país contribuíram para que o investidor “aceitasse um pouco de risco”.

Amanhã, com a agenda de indicadores mais fraca, o diretor da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer, reforça que o “vetor” é de queda, no qual a força dos estrangeiros no mercado local ficou “mais clara” hoje. “A tendência é de queda da moeda, mas é preciso esperar. Se as condições da sessão de hoje fossem mantidas, o cenário é de queda. Mas tudo muda todo dia”, pondera, em meio à apostas de que a moeda pode romper o nível de R$ 5,00.

No dia seguinte à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), as taxas dos contratos de juros futuros (DIs) responderam de modo clássico ao comunicado duro (“hawkish”) que acompanhou a decisão de manter a Selic em 2%, pela terceira vez seguida. O trecho mais curto reagiu em alta à sinalização de que o Banco Central que não pretende mais reduzir a taxa básica de juros, acrescentando que pode retirar “em breve” a orientação futura (“forward guidance”), enquanto o trecho longo recuou, diante da possível antecipação do ciclo de aperto do juro básico. O leilão de títulos públicos e a queda acelerada do dólar também influenciaram os negócios.

Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 3,08%, de 3,035% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,46%, nivelado ao ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 estava em 6,03%, de 6,11%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 6,83%, de 6,96%, na mesma comparação.

Após oscilarem entre perdas e ganhos, os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram o dia sem uma direção, enquanto o governo e a oposição tentam aprovar um novo pacote de estímulo fiscal antes do final do ano. A confiança em Wall Street também afetada por dados de emprego mais fracos do que o esperado.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -0,23%, 29.999,26 pontos

Nasdaq Composto: +0,54%, 12.406,00 pontos

S&P 500: -0,12%, 3.678,10 pontos