Bolsa perde força no final com Moro, mas fecha em alta

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São Paulo – Após cair pouco mais de 2% na sessão de ontem, o Ibovespa se recuperou hoje em dia de otimismo com as ações da Petrobras e Itaú Unibanco, e acabou encerrando em alta de 0,75% aos 79.470,78 pontos. Ao longo do pregão o índice chegou a subir mais, porém perdeu força de alta após vazar o depoimento que o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, deu à Polícia Federal.

“O dia foi de recuperação, mas seguimos em um momento de volatilidade em que temos que ver dia após dia. Qualquer ruído negativo pode mexer com os negócios. Qualquer declaração do presidente dos Estados Unidos contra a China ou qualquer aumento no número de casos do coronavírus pode influenciar”, explicou Pedro Galdi, analista de investimentos da Mirae Asset Corretora.

Sobre o depoimento vazado de Sergio Moro, Galdi disse que até o momento não tinha visto nada de novidade que possa mexer com o mercado amanhã, mas que é preciso ficar de olho e ressaltou o momento de volatilidade pelo qual os mercados têm passado.

Mais cedo, analistas de mercado destacaram os papéis da Petrobras e do Itaú Unibanco na contribuição para a alta do índice. No primeiro caso, o avanço no preço do barril do petróleo ajudou muito na alta das ações da estatal, por outro, lado, os papéis do Itaú Unibanco subiram após o banco divulgar bom resultado financeiro no primeiro trimestre do ano.

“Além do robusto resultado do Itaú, que vem influenciando no índice com suas ações, tem a questão do preço do petróleo que avança 20% e puxa ações de empresas do setor para alta, como é o caso da Petrobras. Além de tudo isso, ainda estamos sendo beneficiados de um dia de maior otimismo externo após a cautela de ontem”, disse um operador de mesa.

As ações preferenciais do Itaú Unibanco (ITUB4), fecharam em alta de 4,15%, enquanto a ação ordinária da Petrobras (PETR3) avançou 3,43% e o papel preferencial da estatal (PETR4) subiu 3,22%. Pesou negativamente as ações ordinárias da Vale (VALE3), que encerraram com recuo de 0,52%.

Entre as ações que fazem parte do Ibovespa, a maior alta ficou com o papel preferencial da Gol (GOLL4), com valorização de 5,65%, enquanto a maior queda do índice ficou com a ação ordinária da IRB Brasil (IRBE3), com retração de 6,04%.

O dólar comercial fechou em alta de 1,17% no mercado à vista, cotado a R$ 5,5900 para venda, em sessão volátil acompanhando o exterior e as incertezas locais em meio à expectativa de corte de juros da taxa básica de juros (Selic) e aos ruídos políticos que levaram a moeda a acelerar as perdas na reta final dos negócios, acima de R$ 5,60, após a divulgação do depoimento do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro.

“Sem trégua, o dólar seguiu a trajetória de valorização apoiado em movimento de proteção por parte dos investidores e de algumas tesourarias bancárias”, comenta o diretor da Correparti, Ricardo Gomes.

Há pouco, o canal de notícias “CNN Brasil” divulgou o depoimento de Moro à Polícia Federal (PF) no sábado, reiterando que o presidente da República, Jair Bolsonaro, pediu, por mensagem, “apenas uma” superintendência, a do Rio de Janeiro.

“Moro você tem 27 superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro”, dizia a mensagem do presidente ao ex-ministro. Moro afirmou ainda que a intenção de indicar Alexandre Ramagem para o comando da PF era “questão de confiança”. Porém, foi barrada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Gomes ressalta que a política local foi pano de fundo para a valorização da moeda, no qual renovou máximas sucessivas perto do fim da sessão com novas incertezas políticas.

Amanhã, tem a decisão de política monetária do Banco Central (BC) no qual a aposta majoritária é de corte de 0,50 ponto percentual da taxa Selic. Lá fora, saem os índices dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) sobre a atividade de serviços na zona do euro e na Alemanha, enquanto nos Estados Unidos serão divulgados os dados de emprego no setor privado em abril, sendo uma prévia do relatório de emprego do país, o payroll, que sairá na sexta-feira.

Diante da agenda forte, o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, comenta que a tendência da moeda norte-americana segue de alta em meio à falta de notícias positivas. “Tem a questão política. A depender do que mais o mercado digerir poderemos ver uma pressão adicional no dólar”, ressalta.