Bolsa perde força, mas fecha em alta e dólar e fica estável após fala de presidente do Fed

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Foto: Burak K / Pexels

São Paulo – O Ibovespa encerrou a sessão em alta de 1,35% aos 112.690,17 pontos, em dia de forte volatilidade, onde o índice subiu forte pela manhã e início da tarde com investidores de olho na aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial no Senado, mas perdendo força na metade da tarde após fala do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, demonstrando preocupação com a inflação nos Estados Unidos após a reabertura.

“Falas de Jerome Powell, afirmando que deverá haver pressão nos preços nos EUA quando a economia reabrir – bem como de que o Fed não deixaria a inflação ficar alta demais – levam à disparada nos yields das treasuries, trazendo onda vendedora às bolsas e compradora ao dólar em escala global. Por aqui, o futuro da Bovespa saiu das máximas acima de 114 mil para atuais 112 mil pontos”, avaliou a equipe da Commcor DTVM.

Mais cedo, o Senado rejeitou um destaque da oposição para remover o limite de R$ 44 bilhões aplicado aos gastos totais do governo federal com o auxílio emergencial neste ano. A análise do destaque conclui a votação da PEC Emergencial, que agora será encaminhada para a Câmara dos Deputados, onde também deverá ser submetida a uma votação em dois turnos.

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), defendeu que fosse mantido o limite de RS$ 44 bilhões à nova rodada de auxílio emergencial, mas disse que “se precisar, não vai faltar dinheiro” para ajudar a população. “É muito importante a manutenção deste teto. Todos sabem. Se precisar não vai faltar dinheiro. Até porque todos estão vendo, as finanças do país estão bem administradas”, afirmou, durante a sessão do Senado para a votação em segundo turno da PEC Emergencial.

“A PEC Emergencial foi um passo importante para traz ânimo e alívio aos investidores. O cenário externo acabou prejudicando um pouco os negócios por aqui, com uma forte fuga de capital estrangeiro, mas amanhã devemos ver uma retomada desses investimentos se nada de tão extraordinário afetar a política interna ou a economia externa”, afirmou um analista de renda variável de uma grande corretora.

O dólar comercial fechou com ligeira queda de 0,03% no mercado à vista, cotado a R$ 5,6600 para venda, em sessão de forte volatilidade e amplitude, calibrando a aprovação da PEC Emergencial em segundo turno no Senado e a piora no exterior após as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, o que levou a moeda norte-americana a ganhar força no exterior junto à disparada dos rendimentos das taxas de juros futuros dos títulos de dívida do governo norte-americano, as treasuries, com o vencimento de 10 anos (T-Note) indo a 1,55%.

“Powell apresentou um quadro de incertezas sobre a economia norte-americana. As declarações acabaram valorizando o dólar fortemente no mundo, o que levou a moeda aqui às máximas de R$ 5,68”, comenta o diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, acrescentando que no fim dos negócios, um fluxo de entrada de recursos levou a moeda ao sinal negativo.

Para o operador da mesa de operações da corretora Commcor, Cleber Alessie, as declarações de Powell afirmando que deverá haver pressão nos preços nos Estados Unidos quando a economia reabrir, além de afirmar que o Fed não deixaria a inflação ficar alta demais, levaram à disparada nos rendimentos das treasuries e trouxe “uma onda compradora de dólar” em escala global.

O mandatário do Fed participou de uma transmissão ao vivo do The Wall Street Journal e se recusou a comentar sobre níveis de juros específicos e ressaltou que o aumento dos rendimentos na semana passada – nos maiores níveis em um ano – foi “notável e tem chamado a atenção dele”, completando que o “Fed quer ver a inflação acelerar para a meta de 2% e se manter nesse patamar junto com a recuperação do mercado de trabalho e um crescimento sustentável da economia”.

Aqui, a moeda chegou ao nível de R$ 5,54 reagindo positivamente à aprovação da PEC Emergencial em segundo turno no Senado, no qual o texto-base aprovado ontem foi mantido. Agora, a matéria volta à Câmara dos Deputados, no qual o presidente da Casa, Arthur Lira, confirmou que o texto deverá ser discutido na terça-feira e votado na quarta.

“O bom andamento da PEC Emergencial deve manter o bom humor doméstico no curto prazo”, avalia a equipe de política da Necton Corretora. A economista da Toro Investimentos, Thayná Vieira, acrescenta que a aprovação da PEC Emergencial seguirá dando fôlego para uma recuperação dos ativos domésticos e deverá continuar reverberando no mercado doméstico amanhã.

Na agenda de indicadores, o destaque é o número de empregos criados ou perdidos pela economia dos Estados Unidos, o payroll, e a taxa de desemprego em fevereiro. A previsão é de criação de 162,5 mil vagas e de taxa de desemprego em 6,4%, segundo levantamento da Agência CMA. A economista da Toro diz que o ambiente doméstico pode ser favorável na abertura dos negócios, com investidores atentos ao exterior e à espera do payroll.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em leve queda com a aprovação, no início da tarde, PEC Emergencial em segundo turno pelo Senado em meio a garantias de líderes do Congresso de que serão mantidos mecanismos para impedir o rompimento de teto de gastos.

O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 3,85%, de 3,81% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,575%, de 5,610%; o DI para janeiro de 2025 ia a 7,17%, de 7,31% ontem; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,84%, de 7,93%, na mesma comparação.

Os principais índices de ações dos Estados Unidos afundaram, com o Nasdaq zerando os ganhos do ano, depois que o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, não conseguiu tranquilizar os investidores de que o banco central norte-americano manteria os juros do mercado de dívida e as expectativas de inflação sob controle.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -1,11%, 30.924,14 pontos

Nasdaq Composto: -2,11%, 12.723,50 pontos

S&P 500: -1,34%, 3.768, 47pontos