Bolsa fecha estável com incertezas na Petrobras e falas de membros do Fed; dólar sobe

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Foto: energepic.com / Pexels

São Paulo -A Bolsa devolveu os ganhos e fechou estável em um pregão ditado por volatilidade com as movimentações em torno da Petrobras e as falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sobre corte de juros nos Estados Unidos. O Indice oscilou entre a máxima e a mínima mais de 2300 pontos.

No pregão de hoje foi um vai e vem na Bolsa e nas ações da estatal petroleira com os rumores sobre a saída do Ceo da Petrobras, Jean Paul Prates, com possível indicação de Aloizio Mercante, presidente do BNDES para o cargo, e o impasse em relação ao pagamento de dividendos extraordinários aos acionistas.

No exterior, as declarações de Neel Kashkari, do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Minneapolis, e da presidenta do Fed de Cleveland, Loretta Mester, impactaram os mercados. Neel afirmou que se a inflação continuar no patamar atual não é necessário cortar juros este ano, e Loretta disse que não é pertinente abaixar as taxas em 2024.

Após altas e baixas, as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) fecharam em queda de 0,45% e 1,40%.

O principal índice da B3 fechou em alta de 0,08%, aos 127.427,53 pontos. O Ibovespa futuro subiu 0,19%, aos 127.965 pontos. A mínima no interdiário foi de 127.177,66 pontos e a máxima de 129.627,13 pontos.O giro financeiro foi de R$ 30,9 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse a Petrobras e os dirigentes do Fed ditaram o movimento do Ibovespa.

“O pregão iniciou em alta acompanhando a melhora nas perspectivas sobre o momento em que o Fed irá iniciar o corte de juros, onde também houve oscilação de humor conforme os Fed boys falavam. Os yields dos treasuries inicialmente foram distensionados com o maior número de pedidos de seguro-desemprego nos EUA, o que mostraria um mercado de trabalho se enfraquecendo e pode ajudar na avaliação para que o Fed inicie o afrouxamento monetário em junho. As falas de autoridades do Fed, porém, mostram as divergências sobre o momento em que os cortes de juros começarão. Por aqui o grande motivador a volatilidade, puxando também o volume negociado, foi a Petrobras, diante dos rumores sobre a decisão do governo para que a empresa distribua os dividendos extraordinários e boato sobre uma possível substituição do presidente Jean Paul Prates pelo comandante do BNDES, Aloizio Mercadante, pressionando os ativos diante de um maior temor de ingerência política; a distribuição dos dividendos extraordinários parece se encaminhar para uma decisão política”.

Um analista de renda variável de uma gestora de investimentos disse que a Bolsa perdeu força em dois momentos.

“Com a fala do dirigente do Fed de Minneapolis [Neel Kashkari] que o corte de juros pode não ocorrer este ano e os rumores em cima da Petrobras”.

Um gestor de uma corretora disse que a Petrobras voltou a subir e, consequentemente puxou a Bolsa após o Globo divulgar que houve um acordo entre ministros do governo [Fernado Haddad, da Fazenda, Alexandre Silveira de Minas e Energia e Rui Costa da Cassa Civil] para o pagamento dos dividendos extras extraordinários [retidos em março pelo conselho] aos acionistas. Isso será levado à reunião do conselho de administração da empresa [dia 19].

Os dividendos a ser distribuídos pela estatal giram em torno de R$ 43,9 bilhões.

Lucca Ramos, sócio da One Investimentos, disse que os rumores sobre a mudança no comando da Petrobras “trouxe volatilidade à Bolsa e as ações chegaram a virar de sinal, após uma abertura positiva. Isso se deu principalmente com a notícia de que o Aloizio Mercadante assumiria a empresa. Mas ainda o recorte do mercado é positivo com o Ibovespa performando bem e todo mundo fica à espera do payroll amanhã para ver se haverá mudança no discurso do Powell [Jerome Powell, presidente do Fed]”.

Mais cedo, um analista de um grande banco, disse que a melhora do humor aqui reflete o exterior e a alta da Petrobras também ajuda com o peso que tem no índice.

“O mercado está se apegando a detalhes para ver quando se inicia o corte de juros nos Estados Unidos. Hoje dados de seguro-desemprego [semanal] vieram mais altos [subiram 221 mil contra previsão de 211] mil e, no primeiro momento, ajudou as bolsas e as treasuries caíram. Mas temos de ficar atentos com as falas de dirigentes do Fed ao longo do dia. Por aqui, a Petrobras sobe na esteira das falas de Haddad [ministro da Fazenda, Fernado Haddad] ontem sobre os dividendos da Petrobras e o plano de investimento na empresa deve definir sobre a remuneração aos acionistas]”.

O dólar fechou em alta de 0,22%, cotado a R$ 5,0511. A moeda operou em queda durante grande parte da sessão, mas foi ganhando força no período. Isso refletiu as falas da presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Cleveland, Loretta Mester, alegando que agora não é o momento ideal para começar o corte dos juros.

O payroll, que será divulgado amanhã, também é aguardado pelo mercado, podendo ser um divisor nas apostas de quando irão começar o ciclo dovish do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

Segundo a economista-chefe do Ouribank Cristiane Quartaroli, “ainda parece que é mais correção, tenho a sensação de que permanece a aversão ao risco. Além da indefinição sobre os juros dos Estados Unidos, também tem questão fiscal que incomoda os investidores”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em leve queda, seguindo os Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano), que repercutem falas do Fed.

Por volta das 16h55 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 9,960%, de 9,960% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,970 e 9,980%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,280%, de 10,285%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,620% de 10,610% na mesma comparação.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, com os investidores nervosos nesta semana antes do relatório de empregos de março, previsto para amanhã. Um aumento nos preços do petróleo e o medo de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) possa adiar ainda mais os cortes nas taxas de juros adicionaram-se ao fraco sentimento do dia.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -1,35%, 38.596,98 pontos
Nasdaq 100: -1,40%, 16.049,1 pontos
S&P 500: -1,23%, 5.147,21 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA