Bolsa fecha em queda por bancos e exterior negativo

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Foto de Lorenzo / Pexels

São Paulo – A Bolsa operou toda a sessão no negativo, no pior momento do dia chegou a cair mais de 2% e fechou em queda de 1,43%, aos 121.801,21 pontos, puxada pelas ações dos bancos, principalmente Bradesco, e a Petrobras. As falas de membros do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) também impactaram negativamente no mercado. Assim como na véspera, os investidores ficaram atentos aos riscos políticos e fiscal no Brasil.

O mercado reagiu negativamente em relação à seguradora do Bradesco que mostrou baixa rentabilidade no resultado do 2T21 provocando forte queda do índice e dos papéis.

As ações do Bradesco (BBDC3 e BBDC4) fecharam com recuo de 3,53% e 4,36%; Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11) perderam 2,79% e 1,41%. Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) baixaram 3,61% e 2,12%. As ações do Bradesco, Itaú e Petrobras têm forte peso na composição teórica do índice. Após o fechamento, será divulgado o balanço da Petrobras.

O analista Rodrigo Moliterno, da Veedha Investimentos, comentou que o mercado segue a mesma linha da véspera com a prevalência do cenário macro. “As questões políticas e fiscais estão ofuscando os bons resultados das empresas”. Em relação ao Bradesco, ele citou que “a linha de seguros, que é forte no Bradesco veio prejudicada e provocou essa queda nas ações”.

Moliterno afirmou que no exterior existe uma preocupação em relação à inflação e aumento dos casos de covid. “O mercado global vive essa dicotomia entre as questões mais macroeconômicas e micro”.

Em relação à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), o analista da Veedha Investimentos acredita em um amento de 1 ponto porcentual (pp) na taxa básica de juros do País (Selic). “Uma surpresa seria se viesse 1,25 pp”, ressaltou.

Segundo Filipe Villegas, estrategista da Genial Investimentos, o resultado de seguros do Bradesco teve uma queda bastante significativa, 50% na comparação trimestral e 58% em relação a ano contra ano, devido a procedimentos eletivos de saúde e sinistros de vida relacionados à covid-19. A operação de seguros desagradou o mercado, provocou a queda forte dos papéis e do índice.

Outro fator que intensificou o pessimismo do mercado foi a fala do membro do Fed, James Bullard, segundo Leonardo de Santana, especialista da Top Gain. Bullard disse que podem acabar com os bônus no primeiro trimestre de 2022. “A Bolsa e o dólar se estressaram”.

Santana disse “estar preocupado e com cautela  em relação às retomadas econômicas no mundo e a continuação ou não dos estímulos nos Estados Unidos que vai dar direcionamento para o mercado”.

Mais um membro do Fed, Richard Clarida, afirmou que o banco central norte-americano deve anunciar até o final de 2021 a redução de estímulos.” Vemos o Fed  preocupado com o  recente aumento da inflação e começa a tomar uma postura diferente de tempos atrás”.

Para o especialista da To Gain “essa semana tem de a ser volátil com a decisão do Copom hoje e a geração de empregos (payroll) na sexta-feira nos Estados Unidos”.

Para os analistas da Terra Investimentos, o Ibovespa “segue o movimento negativo externo” e o Bradesco lidera as perdas “em pontos do índice após o lucro recorrente ter ficado abaixo do esperado e as revisões negativas de guidance de seguros e previdência e capitalização de 2% a 6% para 15% a 20%”, comentaram.

Em um dia de altos e baixos, o dólar comercial fechou em R$ 5,1880 para venda, caindo 0,07%. A tônica desta quarta-feira foi o anúncio da taxa básica de juros (Selic), que será feito hoje à noite pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Por ora, os entraves políticos e fiscais ficaram em segundo plano, diferente dos últimos dias.

Segundo a economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, “hoje temos um motivo de cautela por conta do Copom, e o quanto o eventual aumento de 1%, esperado pela maior parte do mercado, já está incorporado à essa taxa de câmbio”.

Consorte reforça a instabilidade do dólar: “O dia será marcado pela volatilidade, com altos e baixos, até haver um movimento conciso”, pontua.

“A expectativa é que hoje a postura do Banco Central seja mais dura nas falas, pois a inflação pois tem sido preocupante. Isso não pode se tornar algo estrutural para o ano que vem, existe uma preocupação de ancoragem inflacionária”, analisa o especialista em investimentos da Portofino Multi Family Office, Thomás Gibertoni.

O especialista acredita que “o Brasil vive um momento institucionalmente complicado, fazendo com que essas movimentações afetem mais o Real que outras moedas emergentes”. A preocupação com o aumento com o Bolsa Família e estouro no orçamento ainda é grande, segundo Bertoni.

Em informativo matinal da Correparti, Ricardo Gomes da Silva apontou que o dólar recebe impulso da “piora do ambiente político e riscos fiscais que se acentuam a cada dia, mas destacou que as declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), rejeitando a hipótese de rompimento do teto de gastos – regra que limita o crescimento das despesas do governo à inflação – ajudou a diminuir um pouco a preocupação com a expansão dos gastos públicos no ano que vem, quando acontecem eleições para presidente.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam de lado, com oscilações muito discretas ao longo da curva a termo, com os investidores realizando os últimos ajustes antes do resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que depois do fechamento do mercado.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 fechou com taxa de 6,345%, de 6,350% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 7,875%, de 7,885; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,78%, de 8,79% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 9,10%, de 9,08%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano fecharam em queda, pressionados por dados que mostram que o setor privado dos Estados Unidos criou menos vagas do que o projetado, acendendo a luz de alerta sobre o ritmo de recuperação da economia. A exceção foi o Nasdaq, que depois de oscilar entre perdas e ganhos, conseguiu consolidar uma alta modesta.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -0,92%, 34.792,67 pontos

Nasdaq Composto: +0,13%, 14.780,50 pontos

S&P 500: -0,46%, 4.402,66 pontos