Bolsa fecha em queda pelo 7º dia consecutivo contaminada por exterior; dólar volta a subir

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São Paulo- A Bolsa fechou em forte queda pelo sétimo pregão consecutivo contaminada pela piora do humor nas bolsas em Nova York. Por aqui, o setor financeiro pesou no índice, após o balanço do Santander (SANB11) ter mostrado aumento da inadimplência e provisões. O receio do mercado é de que os resultados do Itaú e Bradesco venham na mesma linha.
As ações de consumo caíram por conta da elevação da curva de juros e os papéis das commodities ligadas ao minério de ferro também tiveram baixa com a preocupação com o lockdown na China.
O principal índice da B3 caiu 2,23%, aos 108.212,86 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho perdeu 2,34%, aos 109.645 pontos. O giro financeiro foi de R$ 27,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas tiveram forte queda.
As ações do Santander (SANB11), Itaú (ITUB4) perderam 4,54% e 3,40%; Bradesco (BBDC3 e BBDC4) recuou 3,80% e 4,29%. A Vale (VALE3) com forte peso no índice desvalorizou 1,36% e a Petrobras (PETR3 PETR4) acabou perdendo fôlego e caiu no final dos negócios 0,15% e 0,16%.
Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, afirmou que “a piora do Ibovespa vem do exterior. O setor financeiro estava puxando o Ibovespa para baixo com o balanço do Santander abaixo do esperado pelo mercado, impactado pelo aumento do índice da inadimplência e provisões duvidosas, mas em Nova York a queda foi acentuada refletindo direto aqui”.
O CEO da Box Asset Management disse que o Ibovespa chegou em um importante suporte de 108 mil pontos e deve ficar preso por alguns dias. “Não acho que o índice perderá os 108 mil pontos, deve ficar nesse patamar até 112 mil pontos”.
Caio Henrique Soares Rodrigues, head de renda variável da Rio Negro Investimentos, comentou que o mercado de ações tem sido muito pressionado pelo contexto global “com guerra, aumento de inflação, lockdown na China e o receio que as medidas adotadas em Xangai sejam expandidas para outras cidades chinesas. As restrições já têm causado um impactado enorme no consumo de commodities e correção forte no setor de minério”.
O head de renda variável da Rio Negro Investimentos disse que o setor bancário tem contribuído na sessão de hoje para o mau humor do mercado de ações favorecido pelo resultado do Santander. “Isso pode ser um norte de um cenário que a gente vai voltar a viver com maior índice de inadimplência e uma desaceleração do crédito. O balanço do Santander talvez tenha corroborado nessa economia com os juros estruturalmente mais altos e o mercado esteja antecipando uma possível desaceleração do setor que vinha desempenhando muito bem nos últimos tempos”.
Mas, em contrapartida Soares ressaltou que “o momento conturbado no mercado de ações abre oportunidade para o investidor de longo prazo comprar empresas com valor mais descontadas, com destaque para blue chips e small caps”.
Segundo José Costa Gonçalves, analista da Codepe corretora, “o balanço do Santander pode estar sinalizando que a inadimplência pode seguir no Bradesco e Itaú”.
O dólar comercial fechou em alta de 2,29%, cotado a R$ 4,9900. A moeda chegou a atingir os R$ 5,00, impulsionada pelas dúvidas sobre a economia chinesa e a apreensão com a próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que ocorre na primeira semana de maio.
Segundo fonte ouvida pela CMA, “este movimento mostrou que o real atingir R$ 4,60, R$ 4,70, não tinha fundamento. O dólar, porém, não deve passar dos R$ 5,10. Além do ambiente externo piorando, as questões domésticas seguem complicadas, em um ano de eleições selvagens”.
Para o economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti, “a possibilidade de Pequim entrar em lockdown contribuiu diretamente para afetar mais as moedas emergentes”. Beyruti acredita que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mais agressivo afete o desenvolvimento futuro: “O cenário é desafiador para o crescimento global.
Por mais que os juros brasileiros continuem convidativos, a situação mudou nas últimas semanas: “Estávamos muito baratos, com o Banco Central (BC) subindo a Selic (taxa básica de juros) de modo antecipado. Também houve uma piora no cenário fiscal, além das incertezas fiscais e ruídos entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e Governo”, contextualiza Beyruti.
De acordo com a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “à medida que o Fomc se aproxima, o espaço para a valorização do real fica reduzido. Em conjunto, temos a China, que preocupa os mercados com o avanço dos lockdowns. Isso afeta a cadeia de suprimentos e a inflação”.
Abdelmalack explica que este movimento acaba afetando as moedas emergentes, fortemente atreladas às commodities, e consequentemente valoriza o dólar globalmente.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta nesta terça-feira (26), com temores inflacionários e sessão que promete ser de aversão a risco.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,020% de 12,945% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,710%, de 12,570%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,140%, de 11,990% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,980% de 11,815%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em forte queda, com a Nasdaq recuando 3,95%, em meio a um círculo vicioso de vendas em abril, puxado pela fuga dos investidores das ações de tecnologia, temendo os sinais de desaceleração econômica.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -2,38%, 33.240,18 pontos
Nasdaq 100: -3,95%, 12.490,7 pontos
S&P 500: -2,81%, 4.175,20 pontos