Bolsa fecha em queda e dólar sobe com temor por variante Delta

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Foto de Lorenzo / Pexels

São Paulo – A Bolsa fechou em queda de 1,24%, aos 124.394,57 pontos, em dia de mau humor generalizado nas bolsas internacionais com a propagação da variante delta, considerada a cepa mais transmissíveis do coronavírus, e o temor da recuperação econômica mundial. Além disso, a forte queda do petróleo favoreceu o pessimismo nos mercados.

Para Caio Kanaan Eboli, sócio e diretor operacional da mesa proprietária Axia Investing, a Bolsa segue o movimento no exterior devido “à variante delta, que pode adiar a reabertura econômica e a famosa preocupação com a inflação americana”. Eboli comenta que o Ibovespa perdeu o patamar dos 125 mil pontos e “se não mostrar recuperação dos compradores na faixa acima de 123 mil poderá buscar os 120 mil no suporte de queda”

Os analistas da Terra Investimentos comentam os investidores reagem com aversão ao risco “diante das ameaças à retomada da economia com a disseminação da variante Delta, preocupação com a inflação e fim de estímulos”.

O analista Enrico Cozzolino, da Levante Ideias de Investimentos, comenta que o mercado está em movimento de forte realização com a propagação da variante delta. “O mercado acaba se preocupando com a grande contaminação em países com uma população que ainda não foi vacinada, com foco no sudeste asiático. Esse é um motivo para realizar em máximas”.

Atrelado a isso, Cozzolino afirma que ” o petróleo derretendo talvez segure um pouco as preocupações”.  A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) chegou a um acordo, no fim de semana, para elevar a produção da commodity em 400 mil barris por dia a partir de agosto.

O analista Braulio Langer, da Toro Investimentos, comenta que mesmo com o aumento da produção, “o petróleo acaba sendo pressionado para baixo porque não tem muita certeza se a demanda será mantida, embora tenha aumentado  e podem ocorrer possíveis paralisações nos mercados devido à disseminação da variante Delta”. O petróleo cai mais de 8%.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) fecharam em queda de mais de 1% e da Petrorio (PRIO3) encerram com perda mais de 3% .

No campo corporativo, as ações das Americanas S.A (AMER3), anteriormente negociadas com o nome B2W e  código (BTOW3), tiveram estreia na B3. Em junho, foi aprovada a mudança, que faz parte da cisão parcial do capital das Lojas Americanas (LAME4). Os papéis das Americanas e Lojas Americanas caíram mais de 8%.

O dólar comercial encerrou a sessão ema alta de 2,61%, a R$ 5,2500 para venda, em um claro movimento de tensão e forte preocupação dos investidores com a variante Delta da covid-19 e os efeitos que ela trará para a economia global. Analistas ponderam que pode estar ocorrendo um exagero para esse avanço do dólar hoje.

Pedro Galdi, analista da Mirae Asset explica em relatório que os mercados já iniciaram o dia negativos, “impactadas pelos temores da antecipação de mudanças na política monetária do Fed, com a inflação se posicionando muito acima da meta de 2%. Por outro lado, a evolução da cepa Delta da Covid-19 no mundo renova as preocupações sobre o atraso na retomada da economia global, justamente no momento em que alguns países que com a vacinação em estágio mais avançado já sugere não usar máscara”, afirmou o especialista.

“Nesta primeira sessão de semana o dólar comercial exibiu um forte viés de alta, em um dia de intensa aversão ao risco nos mercados financeiros internacionais, com investidores temerosos que a rápida  disseminação da variante delta da covid-19, prejudique a retomada da economia global, movimento que levou os investidores a saírem dos ativos de risco, penalizando as bolsas e fortalecendo a moeda norte americana, considerada uma divisa porto seguro”, afirmou Jefferson Rugik, da Correparti Corretora.

“Temos o mercado apostando em um aperto monetário mais cedo e rápido do que o Fed indica, além, é claro, da delicada situação com a variante delta da Covid-19, que segue causando alarde com sua rápida transmissibilidade e avanço nos números de infectados em locais, inclusive onde a situação estaria controlada (OMS aponta transmissibilidade 97% maior que a cepa original). Ainda assim, é importante ter ciência de que já vimos diversos movimentos de enxugamento de risco seguidos por demonstrações de resiliência desses ativos nos últimos meses, percepção que pode estar em xeque agora com a variante delta”, ponderou a Commcor.

As taxas dos contratos de juros futuros (Dis) fecharam em leve queda, alheias ao movimento de aversão ao risco nos mercados financeiros internacionais que sustenta o acentuado avanço do dólar em relação ao real, diante da preocupação dos investidores com a atividade econômica no Brasil.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 fechou com taxa de 5,775%, de 5,785% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 7,195%, de 7,255%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,17%, de 8,20% antes; e o DI para janeiro de 2027 encerrou estável a 8,60%.

Os temores de que o aumento de infecções pela variante Delta do coronavírus possa pesar sobre o crescimento econômico global arrastaram os principais índices do mercado de ações norte-americano para as piores perdas em meses, com os investidores buscando abrigo em ativos considerados mais seguros como dólar e títulos do Tesouro dos Estados Unidos.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -2,09%, 33.962,04 pontos

Nasdaq Composto: -1,05%, 14.275,00 pontos

S&P 500: -1,58%, 4.258,49 pontos