Bolsa fecha em queda com pressão de Petrobras e Vale em dia de liquidez baixa; dólar cai

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Mercado Gráfico Percentual
Foto: Svilen Milev / freeimages.com

A Bolsa fechou em queda em um dia de liquidez reduzida e com as ações da Vale e Petrobras pressionando o índice. Os papéis da Vale (VALE3) caíram 1,65% com o impacto dos dados mistos da economia chinesa. A inflação global segue preocupando os investidores
No final dos negócios, a fala do presidente do Federal Reserve de St Louis, James Bullard, impactou nas bolsas aqui e lá fora. Bullard tem a tradição de mexer com os mercados e disse que o Fed deve ser rápido no aperto monetário e que a elevação de 0,75 ponto porcentual (pp) nos juros deve se dar em algum momento.
Se por um lado, o Produto Interno Bruto (PIB) da China ficou acima do esperado-subiu 4,8% no 1T22 na comparação anual- as vendas no varejo caíram 3,5% em março em base anual e ainda existe uma expectativa de lockdowns reflete nas mineradoras.
O principal índice da B3 caiu 0,42%, aos 115.687,25 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho subiu 0,01%, aos 117.830 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,7 bilhões. Nos Estados Unidos, as bolsas fecharam em queda.
As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 1,81% e 1,75%, enquanto o petróleo no mercado externo subiu 0,85%.
José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, destacou que “as ações da Petrobras e Vale estão pesando no índice em dia de liquidez reduzida e a falta do mercado europeu deu esse descompasso no volume”.
O analista da Codepe Corretora também disse que o mercado fica atento ao início da temporada de balanços. Na quarta-feira (20), sai o resultado da Usiminas (USIM5).
Os papéis das companhias áreas como Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) perderam 1,08% e 3,10% por causa da alta do petróleo que acaba onerando os custos das empresas.
Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que a inflação aqui e lá fora é um fator de preocupação dos investidores. “Hoje saiu mais um dado acima das expectativas, o IGP-10 que subiu 2,48% e o mercado previa 2,23% pressionando ainda mais a alta dos preços”.
Os bancos tiveram uma sessão mais positiva e “tendem a ser mais resilientes com a alta de juros”.
Hashimoto também afirmou que os investidores ficam preocupados com a China devido aos lockdowns, o que acaba impactando o petróleo e a cadeia de suprimentos como um todo. “A inflação pode subir mais ainda com esse cenário e Brasil sente o reflexo disso”.
O dólar comercial fechou em R$ 4,6480, com queda de 1,02%. A moeda foi fortemente impactada pelo provável aumento do ciclo de aperto monetário doméstico, impulsionando a entrada de capital estrangeiro na bolsa.
De acordo com o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, “as projeções de inflação para 2022 e 2023 aumentaram, o que devem fazer com o que o Banco Central (BC) suba os juros além do previsto”.
Serrano observa que esta dinâmica de aumentos nos juros favorece o real, e vai além: “Dependendo do que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) fizer, na próxima reunião em maio, o dólar pode chegar em R$ 4,50”, prevê.
Segundo o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “estamos indo na direção contrária do mundo, o real está descolado. Com a possibilidade do aumento da Selic (taxa básica de juros) durar mais tempo, já precificamos a taxa terminal em 14%, 15%. Infelizmente a inflação está descontrolada”.
Nagem acredita que por mais que pontualmente a China apresente alguns dados animadores, é necessário cautela: “Ainda é cedo, as informações que chegam sobre a Covid por lá são desencontradas”, pondera.
Para a economista e estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, “existe preocupação com os dados econômicos recentes na China.
O Produto Interno Bruto (PIB) chinês subiu 4,8% no primeiro trimestre de 2022 na comparação com o mesmo período do ano passado, e 4,3% ante o último trimestre de 2021. Já o varejo diminuiu 3,5% em março na comparação com o mesmo mês de 2021. O mercado previa uma queda de 1,6%.
Os reajustes aos servidores públicos aprovados na última semana voltam a gerar preocupação na parte fiscal, salienta Quartaroli. Já o conflito na Ucrânia “deve continuar trazendo volatilidade aos mercados e o quadro continua sendo de cautela e aversão ao risco”, observa a economista.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda. Elas foram impactadas tanto pela queda abrupta do câmbio quanto por um movimento de correção.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,055% de 13,100% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,675%, de 12,880%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,050%, de 12,200% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,770% de 11,910%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em queda à medida que os investidores mantêm os olhos nas taxas de juros em sua maior alta desde 2018. As perdas foram minimizadas pela expectativa de ganhos nos balanços trimestrais de empresas norte-americanas nesta semana.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,11%, 34.411,69 pontos
Nasdaq 100: -0,14%, 13.332,4 pontos
S&P 500: -0,02%, 4.391,69 pontos