Bolsa fecha em queda com exterior misto e à espera de definição do risco fiscal; dólar sobe

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São Paulo – A Bolsa encerrou os negócios leve em queda, com investidores mostrando cautela, acompanhando sinais mistos do exterior, que indicam aperto monetário na Europa e nos Estados Unidos, enquanto a reabertura da China impulsiona as commodities brasileiras.

O mercado também segue monitorando o tamanho do rombo fiscal que pode resultar das negociações entre governo federal, estados e Senado para zerar o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre diesel e gás de cozinha; reduzir o ICMS e zerar tributos federais sobre gasolina e etanol, por conta das medidas que devem ser tomadas para compensar a perda de arrecada

O principal índice da B3, encerrou a sessão em queda de 0,10%, aos 110.069,76 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho teve baixa de 0,42%, aos 110.225 pontos. O volume financeiro do mercado foi de aproximadamente R$ 16,7 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta, enquanto na Europa as bolsas terminaram os negócios em queda.

De um total de 93 ações que compõem o índice, 69 fecharam em queda, duas no zero a zero e 22 em alta, com destaque para as ações da Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4; PETR3), que representam cerca de 27% do Ibovespa e avançaram 2,38%, 0,92% e 0,23%, respectivamente. Outros destaques de alta foram Locaweb, BR Malls e Suzano.

Os maiores recuos foram de Positivo, Cielo, Grupo Soma, Banco Inter e CSN, com baixas de 4% a 5,5%.

Para Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, o movimento de hoje mostra uma tendência que deve se manter durante as eleições, com o risco fiscal também pesando bastante. “No local, o fiscal tem pesado bastante. Nos últimos dias, o movimento do mercado acompanhava as notícias da China e a Bolsa brasileira conseguia descolar do exterior. Hoje, o que deve acontecer mais pra frente, lá fora não tem mudanças tão significativas, e a eleição local vai começar a pesar, indicando uma tendência para os próximos meses. A partir do momento que os candidatos começam a mostrar seus planos de governo, isso deve começar a pesar na Bolsa”, avalia.

O analista acrescenta que a Bolsa está acompanhando os sinais mistos do exterior, com o dólar subindo e as curvas de juros abrindo por aversão ao risco. “Há pressões mistas vindo de fora, com China dando sinais positivos, com a reabertura de Xangai, e Pequim também dando sinais na mesma linha. Já na Europa, os dados vieram ruins. Os Estado Unidos estão apresentando sinais fortes da economia, o que deve levar o Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) a subir mais os juros para controlar a inflação. Então, há muitos investidores estão esperando esses sinais.”

A queda no volume também reflete o receio dos investidores. “Era para a nossa Bolsa estar melhor, pois é muito atrativa por conta do valor dos ativos, mas, conforme a eleição vai fazendo preço, pode ir afastando o investimento na Bolsa. Mas, pode descer como subir com força. Ainda não dá pra dizer que estamos num “bear market” (movimento de baixa), mas a volatilidade deve se manter neste cenário”, concluiu.

O dólar comercial fechou em alta de 1,62%, cotado a R$ 4,8740. O clima, durante toda a sessão, foi de preocupação com as incertezas fiscais que voltaram a ganhar força. A moeda norte-americana chegou a subir mais de 2,5%.

De acordo com o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “o imbróglio fiscal faz com que todos se preocupem. O real perde com muita força dos seus pares, em um movimento de forte aversão ao risco Brasil”.

Segundo o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, a proposta que visa controlar o preço dos combustíveis irá custar entre R$ 25 bilhões e R$ 50 bilhões, sem deixar claro a procedência deste montante, que não seguirá as regras do Orçamento, ficando fora do teto e da meta fiscal. De acordo com o jornal “O Globo”, Guedes teria dito que poderiam ser utilizados recursos da privatização da Eletrobras para tal finalidade.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “o fiscal está estressando bastante, com soluções populistas na mesa. Os investidores estão ficando preocupados, já que o teto ajuda a controlar os gastos”.

Komura acredita que tal cenário, além de fortalecer o dólar, aumenta o risco e dificilmente será revertido: “A conta não irá chegar agora, mas em médio e longo prazo”, analisa.

De acordo com boletim da Correparti, “lá fora o dólar ganha de seus pares e trabalha misto frente às divisas emergentes ligadas às commodities”.

A Correparti destaca que as encomendas à indústria alemã, que caíram 2,7% em abril ante março, “acendem o alerta sobre a atividade da maior economia da região”.

As taxas longas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta nesta terça-feira (7) após o Governo propor zerar o ICMS sobre diesel, gasolina etanol e gás de cozinha.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,490% de 13,445% % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,205%, de 13,110%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,660%, de 12,475% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,580% de 12,395%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 4,8740 para venda.

Os principais índices de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta, após passarem boa parte do dia no vermelho depois que a varejista Target emitiu um aviso sobre seus lucros no balanço do trimestre atual. Os índices se recuperaram à medida que os juros projetados do Tesouro norte-americano voltaram a cair, com a nota para 10 anos ficando abaixo de 3%.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o
fechamento:

Dow Jones: +0,80%, 33.180,14 pontos
Nasdaq 100: +0,94%, 12.175,2 pontos
S&P 500: +0,95%, 4.160,68 pontos