Bolsa fecha em queda com estatais em baixa e commodities em alta; dólar sobe

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São Paulo – A Bolsa fechou em queda no pregão desta segunda-feira na contramão da tendência positiva da maioria dos mercados globais, que fecharam em alta impulsionados por notícias de relaxamento das restrições impostas pela China em combate à pandemia de Covid-19.

A Bolsa brasileira também sentiu a baixa liquidez devido ao feriado nacional do Memorial Day nos Estados Unidos, que não teve negociações no mercado à vista, nem no mercado de títulos de renda fixa. Os futuros norte-americanos negociaram com horário restrito. A perda foi parcialmente compensada pelos papéis de commodities, com destaque para Vale.

O Ibovespa, principal índice da B3, encerrou a sessão em queda de 0,81%, aos 111.032,11 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho tinha baixa de 0,93%, aos 111.420 pontos. O volume financeiro do mercado foi de aproximadamente R$ 14,8 bilhões. No mês, a Bolsa registra alta de 3,77%.

As ações da Vale (VALE3), que tem mais de 15% das ações negociadas no Ibovespa, subiram mais de 1%, impulsionada pela alta de 2,40% nos preços dos contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian, na China. Também avançaram os papéis da petroquímica Braskem, dos frigoríficos Minerva, Marfrig e JBS, além de Bradespar, CSN Mineração e da gigante de papel e celulose Suzano.

Já os papéis de Iguatemi, BB Seguridade, 3R Petroleum, Ecorodovias e Rumo foram outros destaques positivos do dia fora do setor das commodities.

O destaque negativo ficou novamente para as ações Petrobras (PETR3 e PETR4), que fecharam em queda de aproximadamente 2% mesmo após reduzir as perdas perto do fechamento após ficarem entre as maiores quedas do Ibovespa durante o pregão desta segunda-feira. As incertezas sobre o comando da empresa e sua política de preços e o risco de desabastecimento de diesel no mercado local continuam a preocupar os investidores.

As ações do setor financeiro também recuaram, com Banco do Brasil caindo perto de 3%, assim como Bradesco, Itaú e Santander, que fecharam em quedas de quase 1%.

As maiores quedas do dia (por volta de -4%) foram de Locaweb, MRV, Yduqs, Magazine Luiza, Gol e Americanas, sensíveis à perda de poder de consumo e à curva de juros.

As ações da Eletrobras (-3%) recuaram devido a rumores de adiamento da assembleia de debenturistas de Furnas que tratará da capitalização da Santo Antônio Energia para o próximo dia 6 de junho, data limite estabelecida pela estatal para a realização de sua oferta de capitalização.

Quem explica é a Ativa Investimentos: “Os donos de debentures emitidas por Furnas precisam aprovar uma permissão para que a empresa, que dispõe de uma participação de 40% em Santo Antônio, cubra os R$ 1,5 bilhão deferido por processo de arbitragem em favor de construtores e fornecedores que atuaram na construção da usina. Estes debenturistas estão divididos em duas séries, tendo a primeira deliberado afirmativamente sobre a questão em assembleia na data de hoje, enquanto os proprietários da outra série, mais pulverizada, não formaram o quórum necessário para deliberar e voltarão a votar esta agenda no próximo dia 6 de junho, a três dias da precificação da oferta de Eletrobras.”

Nesta oportunidade, uma aprovação simples de 30% dos debenturistas é suficiente para que a empresa tenha o respaldo de seus debenturistas para prosseguir com o aporte de capital, necessário em função da recusa dos demais sócios em acompanharem o aporte de Furnas.

“A redução do quórum torna uma aprovação da matéria mais simplificada, mas a indefinição deverá seguir pressionando as ações de Eletrobras até a data da próxima assembleia. Ademais, se confirmada a oferta de ações, é possível que as ações continuem voláteis até lá em função do overhang causado pela oferta”, opina a Ativa Investimentos.

O dólar comercial fechou em alta de 0,31%, cotado a R$ 4,7540. A moeda norte-americana oscilou bastante entre altas e baixas durante a maior parte da sessão, em dia de pouca liquidez devido ao feriado nos Estados Unidos. A reabertura chinesa, contudo, segue mantendo o fluxo estrangeiro e preço das commodities em alta, movimento positivo para o real e outras emergentes.

Apesar desta modesta alta, as perspectivas de curto prazo são favoráveis ao real. Segundo fonte ouvida pela Agência CMA, “o dólar voltou para o suporte de R$ 4,70, aliviado pelo discurso de um Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) menos duro e a China reabrindo. Com os nossos juros altos, eu não descartaria mais uma rodada de fluxo para o Brasil, já que a premiação ainda é boa”.

De acordo com o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, “na ausência de informações, o fluxo estrangeiro ajuda a moeda. O câmbio continua num patamar que consideramos justo, e talvez chegue abaixo dos R$ 4,70 até o final da semana”.

Serrano acredita que no curtíssimo prazo, a tendência do real e outras moedas emergentes ligadas às commodities é de valorização, mas alerta: “é importante ficar de olho nos dados americanos referentes a emprego que saem mais para o final da semana”, observa.

O número de empregos criados ou perdidos pela economia dos Estados Unidos (payroll) e a taxa de desemprego referentes a maio serão divulgados na sexta, às 9h30.

Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “o novo relaxamento das medidas de contenção da Covid-19 na China, em meio a um rali de alívio na expectativa de um Fed menos hawkish (duro, propenso ao aumento dos juros), embala os ativos de risco, com o dólar capotando ante o yuan, levando a ganhos nas moedas de países emergentes”.

Borsoi também entende que as commodities, em especial minério de ferro e petróleo, devem beneficiar a bolsa nesta segunda, proporcionando intenso fluxo estrangeiro.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta, após uma abertura positiva nesta segunda-feira (30), com feriado nos EUA e expectativa de alguma calmaria.

Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,410% de 13,330% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,000%, de 12,795%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,385%, de 12,130% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,230% de 11,930%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 4,7510 para venda.