Bolsa fecha em queda com alta dos DIs, Petrobras e liquidez baixa; dólar encerra a R$ 5,62

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São Paulo -A Bolsa fechou em queda, com sinal oposto a Wall Street, em mais um dia de liquidez baixa, alta dos juros futuros e recuo das ações da Petrobras (PETR3 e PETR4). O destaque positivo ficou para a Vale (VALE3).

Os investidores ficam na expectativa para a Super Quarta, reunião de política monetária aqui e nos Estados Unidos, dias 17 e 18.

As ações da Petrobras (ON, -1,17% e PN, -1,12%) caíram refletindo o corte do preço-alvo das ações preferenciais, de R$ 48 para R$ 39,40 e ordinárias, de R$53 para R$ 43,40, pelo Goldman Sachs.

A Vale (ON, +1,33%) se manteve em alta ao longo de todo o pregão com a valorização do minério de ferro. Na sessão de hoje, foram negociadas 18 milhões de ações da mineradora em um montante de R$ 1,050 bilhão.

O principal índice da B3 caiu 0,48%, aos 134.029,43 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro recuou 0,44% aos 135.140 pontos. O giro financeiro foi de R$ 16,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Rafael Passos, analista da Ajax Asset, disse que a baixa liquidez e abertura da curva de juros futuros impactam a Bolsa negativamente.

“O fluxo está extremamente baixo [projetado para fechamento R$ 15 bi] e não vemos uma atuação forte dos gringos como em agosto [entrada de R$ 10,06 bilhões]. A alta dos DIs desfavorece a tomada de risco. O que destoa são as metálicas [commodities], que sobem; Petrobras cai com o rebaixamento do preço-alvo pelo Goldman Sachs e, além disso, existe pressão em relação aos preços, se baixa ou não, depois da queda do Brent [petróleo, recentemente]; os bancos realizam”.

Passos explicou que a curva de juros “acompanha as treasuries que vêm subindo depois dos indicadores [de inflação e pedidos de seguro-desemprego nos EUA], e aqui com o [dado] do varejo mais forte o mercado volta a colocar no prêmio em relação à Selic”.

Segundo o analista da Ajax Asset, para os gringos retornarem à Bolsa, “temos de esperar pelo Fomc; se vier [corte de] 50 bps pode corroborar com a volta de fluxo para [países] emergentes, por enquanto eles estão de stand by”.

Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos, disse que não vê motivo claro para essa queda, no entanto “os dados do PPI [inflação ao produtor] hoje e do CPI [inflação ao produtor] ontem chancelam corte de 0,25 ponto porcentual (pp) e nos Estados Unidos, e isso pode refletir aqui. Se fosse de 0,50 pp seria melhor para gente porque o diferencial de juros aqui ficaria mais elevado”.

Em relação à Selic, Alvarenga disse que “seria mais apropriado esperar umas três reuniões do Fed para começar subir juros aqui porque a gente não sabe como será o comportamento do mercado, mas aqui já foi sinalizado pelo BC essa alta [da Selic]. Se o BC tivesse dado essa indicação há dois meses faria sentido, mas agora se não subir os juros, a Bolsa sofreria”.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que “o motivo são os dados mais fortes de atividade, e consequente abertura da curva de juros. Estamos vendo várias casas revisando o call de Selic para o final do ano. Hoje foi a vez do Itaú [projeta três altas da Selic, terminando 2024 a R$ 11,75%]”.

Mais cedo foram divulgados dados econômicos aqui e nos Estados Unidos. Lá fora, o índice ao produtor nos Estados Unidos (PPI, sigla em inglês), subiu 0,2% em agosto, em linha com as expectativas. Já os pedidos de seguro-desemprego semanal cresceram em 2 mil para 230 mil, acima do esperado de 225 mil solicitações.

Aqui, as vendas no varejo em julho cresceram 0,6%, acima das estimativas dos analistas de 0,5%. Na comparação anual, aumentou 4,4% e a expectativa era de 4,5%.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,56%, cotado a R$ 5,6171. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a expectativa com as decisões do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) e Comitê de Política Monetária (Copom), na próxima semana, e só firmou direção no parte da tarde.

Segundo o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, os Estados Unidos não demonstram sinais de recessão e o governo brasileiro tem demonstrado esforços para controlar o fiscal: “O dólar justo seria entre R$ 5,35 e R$ 5,40”, opina.

De acordo com o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, “o mercado está em compasso de espera por Fomc e Copom. Existem poucas informações para mudar as expectativas para a próxima semana”.

No mercado de juros, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta puxadas pela grande possibilidade de aumento na taxa de juros básica (Selic), na reunião da próxima semana- dias 17 e 18-. A abertura na curva foi ratificada pelos dados de varejo referente a julho, acima do esperado.

Por volta das 16h31 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,955% de 10,920% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,855%, de 11,800%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,840%, de 11,765%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,900% de 11,805% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em alta na sessão, enquanto os investidores avaliaram novos dados de inflação e de emprego em meio a altas expectativas de um corte de um quarto de ponto na taxa de juros na próxima semana.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,58%, 41.096,77 pontos
Nasdaq 100: +1,00%, 17.589,7 pontos
S&P 500: +0,74%, 5.595,76 pontos

 

Com Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência Safras News