Bolsa fecha em leve alta, mas consegue renovar máxima histórica; dólar encerra a R$ 5,48

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São Paulo – A Bolsa subiu timidamente, renovou máxima história atingindo patamar de 136.087,41 mil pontos, mas desta vez faltou um motivo para fundamentar o ganho, após recente rali de alta. O setor financeiro e Vale contribuíram para o momento mais positivo, na contramão de Nova York.

O fluxo de capital estrangeiro segue forte na B3, até sexta-feira (16) entraram R$ 6,42 bilhões.

As ações do Itaú (ITUB4) subiram 0,73% e Bradesco (BBDC4) avançou 0,38%. Vale (VALE3) registrou alta de 0,38%.

O principal índice da B3 subiu 0,22%, aos 136.087,41 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro registrou ganho de 0,06%, aos 138. 330 pontos. No interdiário atingiu a máxima de 136.329,79 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,1 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que o Ibovespa “renovou máximas históricas, intraday e de fechamento, mas sentiu falta de fatores que justifiquem novo avanço diante do recente rali que tirou o índice dos 125 mil pontos e trouxe para os 136 mil pontos”.

Nishimura explicou que “o índice começou o dia com ligeira realização, pressionado pelas ações da Petrobras, mas conforme a petroleira diminuiu as perdas, o Ibovespa voltou a ganhar força, contando também com o avanço dos bancos, frigoríficos e Vale. As ações dos frigoríficos se apoiaram no avanço do dólar ante o real”.

Felipe Castro, planejador financeiro e sócio da Matriz Capital, disse que “o Ibovespa opera em alta. Ao superar os 136 mil pontos, o índice rompe a máxima histórica, na contramão dos principais índices americanos, na expectativa da ata do Federal Reserve (o banco central americano), que será divulgada amanhã (21)”.

Entre as maiores altas estão Braskem (BRKM5, +3,14%) e Weg (WEGE3, +2,54%).

“A Braskem é impulsionada por recomendação de compra emitida pelo Citi. Já WEG sobe recuperando-se de forte baixa observada na sessão de ontem e dando continuidade à tendência de alta, que já supera os 50%, observada desde o início do ano”, disse Castro.

Já os destaques negativos ficam para CVC (CVCB3, -4,67%), Locaweb (LWSA3, -3,83%) e Lojas Renner (LREN3).

“A CVC vê seu valor de mercado se reduzir dando sequência à tendência de baixa observada no ano, que já resulta em desvalorização próxima a 40% para o papel. Já Locaweb se desvaloriza devolvendo parte da forte alta registrada na sessão anterior, em um movimento tipicamente técnico, de realização de lucros”, comentou o planejador financeiro e sócio da Matriz Capital

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que a Bolsa tem um ajuste técnico após as recentes altas.

“O Ibovespa deu uma reduzida no fôlego hoje, depois de renovar as máximas, seguindo um pouco lá fora, que opera em queda. O mercado vai realizando parte dos ganhos que as últimas semanas geraram e aguarda mais triggers (gatilhos) que possam impulsionar o movimento de alta. Na sexta (23), temos o discurso do Powell [Jerome Powell, presidente do Fed]. Acredito que será uma semana um pouco mais calma”.

Em relação às commodities, o petróleo está em queda e minério de ferro subiu.

“O petróleo cai por possível acordo no Oriente Médio, ajuda a dar uma acalmada, pois gera indicação de uma esfriada na inflação. A China deu uma indicação que quer impulsionar novamente o setor imobiliário das províncias menores, isso ajudou a Vale no começo do dia, mas reverteu”.

O dólar comercial fechou em alta de 1,33%, cotado a R$ 5,4854. Em dia marcado pela ausência de drivers, o mercado realizou lucros e interrompeu quedas consecutivas da divisa estadunidense.

O mercado acompanhou, mais cedo, as falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em evento do BTG Pactual.

Haddad disse que “o fiscal é importante, mas não é o todo” e destacou a relevância de fazer ajustes nos programas sociais não só para ajudar as contas públicas, mas para gerenciar melhor os benefícios.

Campos Neto afirmou que o Brasil tem desaceleração fiscal, o que reflete no crescimento do País e nas expectativas.

Para o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, as falas de Haddad e Campos Neto foram importantes para dar direcionamento ao mercado.

Brigato entende que apesar da alta de hoje, o dólar apresenta um movimento de realização e que o viés no curto prazo ainda é de queda.

Vanei Nagem, sócio da Pronto! Invest, disse que a alta do dólar está relacionada ao exterior.

“Lá fora não está bem, mas não é possível detectar o motivo. Nossos pares de moeda estão corrigindo e estamos alinhados a eles, como México, Turquia. Também tem um pouco de realização de ontem porque o dólar vem caindo há uma semana. Hoje o volume não está grande, e qualquer impacto de compra segura um pouco. Não tem nada a ver com o cenário interno, os discursos políticos e econômicos aqui estão bem”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham mistas, após fala menos dura do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que participaram de evento no BTG Pactual na manhã de hoje.

Por volta das 16h35 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,795% de 10,785% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,525%, de 11,535%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,440%, de 11,355%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,455% de 11,505% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, interrompendo sua mais longa sequência de altas consecutivas, enquanto o foco se volta para o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, em Jackson Hole, no final desta semana.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,15%, 40.834,97 pontos
Nasdaq 100: -0,34%, 17.816,9 pontos
S&P 500: -0,19%, 5.597,12 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News