Bolsa fecha em forte alta com Petro e bancos, descolada do exterior; dólar recua

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Foto: Wagner Magni / freeimages.com

São Paulo – A Bolsa fechou em forte alta de 2,09%, resistindo ao mau humor no exterior, favorecida pelas ações das blue chips, principalmente Petrobras e setor financeiro com o fluxo estrangeiro forte em mais uma sessão. No melhor momento, antes do fechamento, o Ibovespa chegou a subir mais de 2,50%. 
Analistas comentaram que a notícia de que a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aprovou o convite para o Brasil negociar sua entrada na entidade foi positiva e pode ter contribuído também para o otimismo no final dos negócios. 
Para amanhã, os investidores ficam à espera da decisão de política monetária do banco central dos Estados Unidos e o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sobe quando se iniciará o aumento da taxa de juros para conter a inflação. 
O principal índice da B3 subiu 2,09%, aos 1110.203,77 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro aumentou 1,75%, aos 110.935 pontos. O giro financeiro foi de R$ 31 bilhões. As bolsas em Nova York fecharam em queda.. 
As ações do setor financeiro como Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC3 e BBDC4) subiam respectivamente 3,60% e 3,46% e 3,99%. Santander (SANB11) e Banco do Brasil (BBAS3) avançavam nessa ordem 6,25% e 2,58%. Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) e da Vale (VALE3) aumentavam nessa ordem 3,31% e 3,47% e 0,22%. 
José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, comentou que desde o início do ano o fluxo de estrangeiros está firme e movimento deve continuar porque “a Bolsa está barata e o estrangeiro compra ações sólidas. Este será um ano de papéis sérios, que pagam bons dividendos, com bom retorno e liquidez e com preço/lucro (PL) dentro de patrões conservadores (entre 10 e 15 anos)”. 
Quatro papéis se destacam pelo volume e valorização desde o início do ano: Bradesco (BBDC4) avançam 15%; Itaú (ITUB4) 14,60%; Petrobras (PETR4) 16% e Vale (VALE3) 8%. Nesse período, o Ibovespa sobe 5% enquanto as bolsas norte-americanas apontam queda acima de 6%. O analista da Codepe Corretora destacou que o ingresso de capital estrangeiro tem um destino certo. 
O setor de consumo tenta se recuperar novamente. Um analista que não quis se identificar comentou que “os papéis estão baratos e o momento é de refazer posições. As ações de Magazine Luiza (MGLU3), por exemplo, subiram 5,16%. 
Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, comentou que a Bolsa está volátil e quando sobe se deve “a alguns stops (interrupção)de fundos estruturalmente vendidos em Brasil, esse movimento pode ter uma relação com o fluxo de compras dos estrangeiros que está muito forte por aqui- mais de R$ 20 bilhões só este ano”. Na última sexta-feira (21) entraram na B3 R$ 2,051 bilhões. 
Por outro lado, segundo Zuffo, “com a abertura em Nova York, o Ibovespa ameaçou a acompanhar o pessimismo lá fora, mas logo melhorou”. 
O dólar comercial fechou em R$ 5,4340, com queda de 1,30%. O revés da moeda norte-americana deve-se ao fluxo positivo de capital estrangeiro no Ibovespa, fortalecendo momentaneamente o real. Ainda assim, o driver da semana continua sendo a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que teve início hoje. 
Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “houve uma pequena melhora lá fora, mas o real continua performando bem ante os pares emergentes”. O estrategista explica, contudo, que este fluxo positivo na bolsa tem perfil de curto prazo, influenciado pelos altos juros brasileiros, com busca por retorno rápido: “Isso gera volatilidade na moeda”. 
“Existe a percepção no mercado de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) irá sinalizar a alta de juros já para março, na próxima reunião do Fomc”, ressalta Rostagno. 
Para o economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti, “o dólar está linha com o exterior, ganhando principalmente dos emergentes. Dentre os pares, porém, o real não está indo mal”. O economista acredita que até o Fed se manifestar, o dólar tende a se fortalecer. 
Beyruti também, destaca o imbróglio europeu: “A questão na Ucrânia faz com que o mercado fique na ponta dos pés com este cenário de forte aversão ao risco”, observa. 
De acordo com a equipe da Ouro Preto, “o mercado doméstico deve seguir o movimento mundial, com o dólar se valorizando em um ambiente de aversão ao risco. A tendência é que o dólar se valorize de modo mais discreto em relação a ontem”. 
O driver de hoje é o Fed, porém os temores na Europa continuam no radar: “A intensificação da tensão Rússia x Ucrânia gera uma fuga para o dólar”, pontua a Ouro Preto. 
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda nesta terça-feira (25), após divulgação de arrecadação recorde por parte da Receita Federal. 
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 11,835% de 11,830% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 11,350%, de 11,410%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,030%, de 11,095% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,170% de 11,205%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar com vencimento para janeiro operava em queda, cotado a R$ 5,44 para venda. 
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, com o Nasdaq caindo acima de 2%, à medida que os investidores seguem apreensivos com a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e o possível aumento da taxa de juros já em março. 
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices futuros de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,19%, 34.297,73 pontos
Nasdaq 100: -2,28%, 13.539,3 pontos
S&P 500: -1,21%, 4.356,45 pontos