Bolsa fecha em alta, renova máxima, com troca no comando da Petrobras e avanço no acordo de paz; dólar cai

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta de mais de 1% e renovou a máxima de fechamento do ano-120.014,17 pontos, atingindo um patamar de meados de agosto de 2021 em um dia de otimismo aqui e lá fora. Os avanços nas negociações entre Rússia e Ucrânia e a mudança no comando da Petrobras animaram o mercado. As ações da estatal tiveram bom desempenho e os papéis das varejistas foram destaque no pregão de hoje.
O principal índice da B3 subiu 1,07%, aos 120.014,17 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril avançou 0,89%, aos 120.515 pontos. A máxima no interdiário foi de 120.900,02 pontos. O volume financeiro foi de R$ 32,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.
Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, disse que o mercado recebeu bem a mudança no comando da Petrobras “vista como uma escolha técnica e o mercado quer ver a manutenção da paridade do preço dos combustíveis à cotação internacional”.
Oliveira acrescentou que o progresso nas negociações entre Rússia e Ucrânia para um cessar-fogo animou o mercado e os ativos mais descontados como varejo e tecnologia performaram bem. “É um bom momento para tomar um pouco de risco nesses setores”.
As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) e 3R Petrolium avançaram 1,23% e 2,21%, 2,25%; a Petrorio (PRIO3) subiu 0,83%. Os papéis das varejistas como Americanas SA (AMER3) e Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) aumentaram 8,41% 8,19% e 8,62%.
Lucas Mastromonico operador de renda variável da B.Side Investimentos, comentou que o mercado gostou bastante da troca de comando na Petrobras porque “ele [Adriano Pires, que assumirá o cargo no lugar do general Joaquim Silva e Luna] é um bom gestor, tem experiência e sempre defendeu manter os preços da Petro alinhado com a política de [paridade] de importação, não tem risco de interferência”. Mas destacou que apesar disso, “não tira o risco de Petrobras porque como o Bolsonaro fez a troca agora, pode mudar novamente o presidente e mexer na política de preços”.
Outro ponto favorável que motiva a alta no índice é o avanço nas negociações entre Rússia e Ucrânia. “O mercado está de olho nisso [nos acordos]”.
Mastromonico também disse que o capital estrangeiro segue forte na B3 e ajudou a puxar a Bolsa para o patamar dos 120 mil pontos. “Como a Rússia é um mercado emergente e a China um parceiro forte de Moscou, apesar de não apoiá-los [na guerra], muitos investidores acabam vindo para Brasil, Chile e México”. Na última sexta-feira (25), o ingresso de fluxo estrangeiro foi de R$ 1,514 bilhão. Muitos investidores estão saindo de commodities e aportando em varejistas.
O dólar comercial fechou em queda de 0,35%, cotado a R$ 4,7570. A moeda foi diretamente impactada pelo aparente avanço das negociações para o cessar fogo na Ucrânia, além do intenso fluxo estrangeiro que continua a dar as cartas na bolsa.
Segundo o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “o peso de acordo na guerra é ótimo para o Brasil, aliviando o preço do petróleo e consequentemente da inflação”.
“Se o acordo vier, as commodities vão cair, e o cenário tende a ser positivo, com o dólar podendo bater em R$ 4,50, R$ 4,40 com as nossas taxas de juros ajudando também”, contextualiza Nagem.
Para o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, o “acordo na Ucrânia traz alívio, e tira o prêmio e o caráter defensivo do dólar”.
Vieira acredita que ressalta que os juros e commodities continuam gerando intenso fluxo estrangeiro na bolsa.
A troca no comando da Petrobras, que será assumida por Adriano Pires foi bem recebida pelo mercado, destaca Vieira: “O nome é bom. Se fosse qualquer outro nome, deixaria o mercado preocupado. Ele (Pires) pode ter a sorte ‘cósmica’ de pegar a queda do petróleo. Não será uma mudança brusca, nem existe tempo hábil para isso”.
De acordo com a equipe da Ouro Preto Investimentos, “essa deve ser a tendência por mais algum tempo, com o nosso diferencial de juros. Os Estados Unidos e outros países ainda estão apenas no começo deste processo”.
As commodities – em especial o minério de ferro e as commodities agrícolas -, pontua a Ouro Preto, ainda favorecem uma forte entrada de capital estrangeiro: “Existe a chance de, em curtíssimo prazo, de quebrar a barreira dos R$ 4,70”, analisa.
As taxas longas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda nesta manhã após Caged “fantástico”.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,690% de 12,730% % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,005%, de 12,025%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,310%, de 11,410% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,210% de 1,265%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecham em alta, após as negociações para um cessar-fogo no conflito entre Rússia e Ucrânia avançarem e os investidores rechaçarem os riscos de recessão sinalizados pelo mercado de títulos.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,97%, 35.294,19 pontos
Nasdaq 100: +1,84%, 14.619,6 pontos
S&P 500: +1,22%, 4.631,60 pontos