Bolsa fecha em alta puxada por Petrobras, mas no 1º trimestre recua 4,5%; dólar sobe

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São Paulo -A Bolsa encerra a última sessão de março em alta impulsionada pela Petrobras (PETR3 e PETR4), ação com peso relevante no índice, e petroleiras em razão do avanço do petróleo. A Marfrig também ajuda no movimento positivo do Ibovespa.

Na semana, o índice fechou em alta de 0,85%. Em março, a queda foi de 0,71%, segundo mês do ano no negativo, só perdeu para janeiro (-4,79%). E, o trimestre registrou recuo de 4,53%.

A B3 não funcionará amanhã (29) por conta do feriado da Semana Santa.

A Marfrig (MRFG3) liderou as altas do índice em 12,80%. A empresa soltou balanço ontem no qual registrou lucro líquido de R$ 12 milhões no 4T23, revertendo o prejuízo de R$ 628 milhões no 4T22.

A BRF (BRFS3) também se beneficiou da alta da Marfrig e subiu 3,42%. Petrobras (PETR 3 e PETR4) registrou ganho 2,46% e 2,21%. Petrorio (PRIO3) avançou 3,52%. No final do pregão, a Vale (VALE3) passou a subir e fechou em alta de 0,37%.

Já na ponta negativo, o destaque ficou para a Azul (AZUL4) com queda de 7,64%, apesar de um resultado positivo no 4T23- lucro líquido foi de R$ 403,3 milhões, alta de 74,5% ante mesmo período do ano anterior. Em 2023, o prejuízo chegou a R$ 700 milhões, 49,2% menor do que o registrado em 2022.

O principal índice da B3 subiu 0,32%, aos 128.106,10 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril registrou alta de 0,55%, aos 128.735 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,8 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Virgilio Lage, especialista da Valor Investimentos, disse que a Bolsa sobe na sessão de hoje “com evolução de Petrobras [alta do petróleo] e Marfrig-saltou por conta dos resultados no 4T23-. Os investidores estão voltando a ter apetite ao risco em relação às ações tendo em vista uma curva de juros refletindo uma maior exposição em renda variável”.

Mais cedo, Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a alta forte do petróleo, indicadores mostrando arrefecimento nos Estados ajudam a Bolsa a subir, depois de uma semana lateraliza.

“A alta da commodity ajuda as empresas ligadas ao petróleo como Petrobras e Petrorio; Banco do Brasil avança e destaque para as companhias de proteína animal- a Marfrig soltou um resultado interessante e a alta respinga na BRF. Há uma perspectiva positiva para o setor. O movimento de aversão ao risco está diminuindo. Os indicadores norte-americanos confirmam que a queda nos juros por lá deve vir no segundo semestre”.

O dólar fechou em alta de 0,68%, cotado R$ 5,0140. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o temor de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) retarde o início do corte dos juros. Na semana, mês e trimestre, a divisa estadunidense teve valorização de 0,32%, 0,81% e 3,34%, respectivamente.

O movimento de risk-off ganhou força após as falas do diretor do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Christopher Waller, ontem, colocando em dúvida o início do cortes dos juros.

Apesar de amanhã o nosso mercado não funcionar em razão do feriado da Semana Santa, os agentes financeiros ficam na expectativa para a divulgação da inflação índice de preços para os gastos pessoais (PCE) nos Estados Unidos.

Vanei Nagem, sócio da Pronto! Invest, disse que o dólar opera de lado com o mercado ressabiado sobre quando se dará início ciclo de corte de juros nos Estados Unidos.

Nagem disse, ainda, que as opiniões divergem entre os investidores: há quem acredita na redução em junho, outros na reunião seguinte (julho) e os mais pessimistas só no ano que vem.

“Já existe um pequeno grupo de pessoas que acha que o Fed não vai baixar os juros em 2024, enquanto outros dizem os cortes começam apenas em julho”, contextualiza Nagem.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham de lado, com viés altista, à espera dos dados de inflação norte-americana, que sai amanhã. Mais cedo, aqui, saiu o Relatório Trimestral de Inflação que manteve a previsão de dezembro para a inflação em 2024 em 3,5%. A estimativa está 0,5 pp acima do centro da meta prevista para este ano, de 3,00%.

O DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 9,920%, de 9,915% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,05% de 9,900%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,165%, de 10,155%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,465% de 10,450% na mesma comparação.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam a sessão perto da estabilidade, encerrando um primeiro trimestre frutífero em 2024 com um novo recorde para o S&P 500. Dow Jones, Nasdaq e S&P subiram por cinco meses consecutivos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,12%, 39.807,37 pontos
Nasdaq 100: -0,12%, 16.379,5 pontos
S&P 500: +0,11%, 5.254,35 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA