Bolsa fecha em alta, impulsionada por Petrobras e queda da Selic, à espera do payroll

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São Paulo – O principal índice da bolsa de valores fechou o primeiro pregão de fevereiro em alta, no patamar dos 128 mil pontos, após a primeira Super Quarta do ano sem surpresas. A Petrobras puxou ganhos, com a expectativa de que a companhia pague dividendos extraordinários de até US$ 7 bilhões, segundo estimativa do Goldman Sachs, após o encontro da diretoria da empresa com investidores em Nova Iorque. Os investidores também apostaram em ações domésticas e alavancadas, que devem se beneficiar da queda da Selic, que deve chegar a 10,25%, nas próximas duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), caso o Banco Central mantenha o mesmo ritmo de cortes em 50 pontos-base.

Lá fora, alguns investidores mantiveram as apostas em relação ao início de um “pouso suave” na próxima reunião, mesmo após as declarações ‘hawkish’ de Jerome Powell, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), de que o comitê não deverá cortar os juros em março. “O mercado ainda embute 43% de chances de que o início do ciclo de cortes aconteça em março. Em decisão unânime, ontem (31/1), o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed manteve inalterada a taxa básica de juros dos Estados Unidos na faixa entre 5,25% e 5,5%, e admitiu que deve flexibilizar ainda em 2024.

O principal índice da B3 fechou em alta de 0,57%, aos 128.481,02 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro subiu 0,63%, aos 128.805 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,5 bilhões. Em Ny, as bolsas encerraram em alta.

Entre os ativos mais negociados, a ação da Vale encerrou em queda de 0,45% e limitou os ganhos do índice, em mais um dia negativo para a mineradora. Os preços dos contratos futuros do minério de ferro fecharam em queda na bolsa de Dalian, na China.

Já os papéis da Petrobras (PETR3;PETR4) subiram 1,89% e 2,76%, com a aposta de uma possível distribuição de dividendos extraordinários no 4T23, em dia de alta nos combustíveis com o aumento do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), tributo cobrado pelos estados, vai subir para a gasolina, o diesel e o gás de cozinha. Por sua vez, a companhia informou que, a partir de hoje (1), a Petrobras reduz o preço do querosene de aviação (QAV) em 0,4%, ou menos R$ 0,014 por litro, e os preços de venda da molécula de gás natural para as distribuidoras terão redução média de 2% em R$/m, com relação ao mês de janeiro de 2024.

Os destaques positivos foram as ações de Pão de Açúcar (PCAR3:+6,90%), seguidas por CVC (CVCB3:+5,15%), Carrefour (CRFB3:+3,36%), Petrobras (PETR4) e BRF (BRFS3:+2,72%).

Os destaques negativos ficaram com as ações de Casas Bahia (BHIA3:-2,91%), 3R Petroleum (RRRP3:-2,44%), Marfrig (MRFG3:-2,23%), Alpargatas (ALPA4:2,09%) e Bradespar (BRAP4:-1,97%).

No acumulado do mês de janeiro até o dia 29, o saldo do investimento estrangeiro na B3 está negativo em R$ 5,32 bilhões.

Nesta quinta-feira, os investidores ficaram atentos aos dados econômicos norte-americanos. Hoje, por exemplo, o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) sobre a atividade industrial dos Estados Unidos subiu para 50,7 pontos em janeiro, de 47,9 em dezembro, de acordo com dados revisados do instituto de pesquisas S&P Global.

Na manhã de hoje, foi a vez do Banco da Inglaterra anunciar sua decisão sobre os juros. Também saíram indicadores de atividade na Alemanha, Eurozona, Reino Unido. O Banco da Inglaterra (BoE) anunciou nesta quinta-feira que optou por manter a taxa básica de juros do Reino Unido em 5,25%, inalterada em relação à última decisão do banco central. O Comitê de Política Monetária (MPC, na sigla em inglês) votou por maioria de 6-3 para manter a taxa em 5,25%, com dois membros preferindo aumentar para 5,5% e um membro preferiu reduzir os juros em 0,25%.

O índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) sobre a atividade industrial da Alemanha subiu para 45,5 pontos em janeiro, de 43,3 pontos em dezembro. Na zona do euro, o PMI sobre a atividade industrial subiu para 46,6 pontos em janeiro, de 44,4 em dezembro e no Reino Unido, o mesmo indicador subiu para 47 pontos em janeiro, de 46,2 em dezembro.

Por aqui, saíram dados de inflação e atividade. A FGV informou que o IPC-S da quarta quadrissemana de janeiro de 2024 subiu 0,61% e acumula alta de 3,36% nos últimos 12 meses, enquanto o Indice de Confiança Empresarial (ICE) do FGV IBRE subiu 0,4 ponto em janeiro, para 95,1 pontos, o maior nível desde outubro de 2022. O IBGE também informou que, em dezembro de 2023, os preços da indústria variaram -0,18% frente a novembro, acumulando queda de 4,98% no ano, menor valor acumulado no ano até um mês de dezembro desde o início da série histórica, em 2014. O acumulado de 2023 foi, aproximadamente, 8 pontos percentuais menor que o de 2022, dinâmica seguida por 8 das 24 atividades industriais pesquisadas. Em dezembro, os preços de 12 das 24 atividades industriais investigadas apresentaram variações negativas ante o mês anterior.

Também saiu o PMI Industrial do Brasil de janeiro, que foi a 52,8 pontos ante 48,4 pontos registrados em dezembro. Foi a primeira vez, em cinco meses, que as condições do setor industrial apresentaram melhora. Isso também reflete o aumento sólido nas vendas que fomentou a produção, e a confiança nos negócios mais robusta em mais de três anos.

Anderson Silva, da GT Capital, avalia que o mercado ainda está digerindo as decisões do Fed e do Copom. “Em meio às incertezas, os investidores buscam oportunidades em empresas que podem ter uma grande valorização com as quedas de juros, o que fez aparecer entre as maiores altas do Ibovespa ações como Pão de Açúcar (PCAR3) e CVC (CVCB3), que se beneficiam de um cenário de queda de juros. Petrobras também sobe acompanhando a alta do petróleo lá fora e retomando máximas históricas após rumores de um cessar fogo entre Israel e Hamas, que fizeram o papel ficar volátil mais cedo”, avalia.

Na ponta contrária, Casas Bahia (BHIA3), 3R Petroleum (RRRP3) e Alpargatas (ALPA4) continuaram em movimento de queda. “Na minha visão, é importante enfatizar que 2024 não será um ano fácil. Depois de um grande movimento de alta no final de 2023, o mercado tem espaço para correção. Esse movimento dificulta a vida de quem quer especular com uma possível alta do mercado, porém ajuda quem quer aumentar cada vez mais as suas posições a preços mais baratos. É importante lembrar que o Ibovespa está negociando com um P/L de 7,66x bem longe da média e de suas máximas”.

Para Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, a alta da Petrobras é explicada pela possibilidade de pagamento de dividendos extraordinários. “Janeiro foi um mês ruim para os ativos de risco no Brasil e emergentes de forma geral”, acrescenta, citando a queda de 5% do Ibovespa e de mais de 6% nas Small Caps. “Amanhã os investidores estarão de olho na taxa de desemprego”, acrescenta, sobre a divulgação do relatório americano de emprego, o payroll, nesta sexta-feira (2).

O dólar comercial fechou em queda de 0,41%, cotado a R$ 4,9151. A moeda refletiu, ao longo dia, o entendimento de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) dará início ao corte dos juros na reunião de maio, e não mais em março como era cogitado há algumas semanas.

Para o analista da Pronto! Invest Vanei Nagem, o diferencial dos juros brasileiros ainda é alto: “Os números são bons, e eu vejo este dólar abaixo dos R$ 4,90, com viés baixista. Está tudo dentro de um ciclo de normalidade. A moeda deve operar, ao longo de 2024, na faixa entre R$ 4,80 e R$ 5,00”.

Nagem também acredita que exista certa realização no movimento de hoje, após dia de apreensão com a decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), além de também refletir, em menor escala, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de corte de 0,5 ponto percentual (p.p.) na Selic (taxa básica de juros).

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda. Isso reflete os sinais de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) dará início no processo de corte nos juros ainda neste semestre.

Por volta das 16h44 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 9,940% de 9,985% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,625% de 9,660%, o DI para janeiro de 2027 ia a 9,760%, de 9,790%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,015% de 10,055% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar comercial operava em queda, cotado a R$ 4.9146 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta quinta-feira em alta, se recuperando da queda da sessão anterior desencadeada pela decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de manter as taxas estáveis, ao mesmo tempo em que indicou uma probabilidade menor de corte em março.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,97%, 38.519,84 pontos
Nasdaq 100: +1,30%, 15.362 pontos
S&P 500: +1,24%, 4.906,19 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Larissa Bernardes / Agência CMA

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