Bolsa fecha em alta e dólar em queda em dia de calmaria com melhora na percepção de risco

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São Paulo -A Bolsa fechou estável, com leve viés de alta, em um pregão volátil e de correção. A sessão de sexta-feira foi de calmaria no mercado com a percepção dos investidores de uma melhora no risco fiscal, após o compromisso do governo em cortar gastos. A semana foi positiva, acumulou ganhos de 1,90%.

As ações da Vale (VALE3) e das siderúrgicas seguiram a queda do minério de ferro. Usiminas (USMI5) e CSN (CSNA3) caíram 1,96% e 2,03%. Gerdau (GGBR4) perdeu1,31% e Vale (VALE3) fechou em queda de 0,40%.

O principal índice da B3 subiu 0,08%, aos 126.267,05 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto estável, aos 127.505 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,6 bilhões. Em NY, os índices fecharam em alta.

Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que disse a semana é de recuperação.

“Fazia tempo que não víamos uma semana boa. É a com a melhora da percepção fiscal, pelo menos por enquanto. As últimas falas do Lula acabaram dando um alívio, principalmente no câmbio e ajudou a bolsa. Mas o mercado ainda vai quer pagar pra ver até isso [sobre o corte de gastos] se materializar, se consolidar na prática”.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que “com os ganhos acumulados nas outras sessões da semana, o movimento desta sexta-feira foi mais uma correção, após o alívio com o distensionamento das preocupações fiscais, contando também com o retorno dos negócios nos EUA, onde o payroll trouxe algum alívio”.

Um analista de renda variável de uma gestora de investimentos disse que o “mercado se acalmou depois de o governo ter se comprometido em cortar gastos, agora vamos esperar os próximos passos. O payroll não teve impacto. O mercado fica na expectativa por dados de inflação semana que vem no Brasil e nos Estados Unidos”.

Lucca Ramos, sócio da One Investimentos, disse que a Bolsa passa por correção, após seguidas altas, e o relatório de emprego nos Estados não teve impacto.

“O payroll veio marginalmente acima do consenso [foram criadas 206 mil vagas de trabalho e o mercado previa 189 mil; salário médio por hora trabalhada em base mensal e anual vieram dentro das estimativas], mas a repercussão foi neutra. A gente vem de dois pregões seguidos de altas na bolsa, principalmente as small caps, então é natural uma correção. Sem destaque para os ativos, mescla de sobe e desce. Em relação à taxa de juros nos EUA, a maioria do mercado começa a olhar para um eventual corte em setembro- probabilidade 70% [hoje], se tiver essa redução, na reunião de novembro vai alterar significamente”.

Em relação ao cenário doméstico, o sócio da One Investimentos, enxerga uma calmaria. “Quando a gente olha para um governo comprando um pouco mais a ideia de segurança em termos de gastos, de controle fiscal, a gente vê a estabilidade do dólar, curvas fechando e dá um pouco mais de tranquilidade”.

Ramos vê boas perspectivas para o Ibovespa nos próximos dias e semanas. “Tem muito espaço pra bolsa andar”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,43%, cotado a R$ 5,4617. Embora o payroll tenha sido o principal indicador do dia, a moeda novamente refletiu a melhora da percepção fiscal doméstica. Na semana, a divisa estadunidense caiu 2,31%.

Para o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, “o governo refrescou o fiscal. O dólar tão alto começa a não fazer sentido. Ele tem espaço para terminar facilmente a próxima semana em R$ 5,30”.

O payroll de junho nos Estados Unidos apontou a criação de 206 mil vagas ante projeção de 189 mil. Já o resultado de maio foi revisado para baixo, de 272 mil para 218 mil. O desemprego, também em junho, foi a 4,1% frente a projeções de 4,0%, enquanto o salário médio teve alta de 0,3% no mesmo período, alinhado às projeções.

A economista do Ouribank Cristiane Quartaroli acredita que o movimento de hoje apresenta certa correção, com o payroll “um pouco pior do que o esperado e mostrando que o mercado de trabalho segue aquecido”.

Quartaroli acredita que o ambiente doméstico ainda é de aversão ao risco, com o mercado esperando que as medidas de austeridade fiscal, anunciadas pelo governo nesta semana, sejam executadas.

De acordo com o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, os resultados sinalizaram fraqueza: A revisão é bastante ruim e os salários não estão desacelerando em um ritmo compatível com a meta de inflação.

Borsoi entende que este cenário não é compatível com o início do corte dos juros, nos Estados Unidos, em setembro: “Acho que não dá tempo”, opina.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda, depois da divulgação do Payroll, que trouxe a criação líquida de 206 mil novos postos de trabalho em junho, desacelerando em relação aos 218 mil exibidos em maio, mas mostrando força frente à mediana do mercado, que estava em 191 mil.

Por volta das 16h35 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,595%, de 10,610% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,240% de 11,275%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,555,%, de 11,595%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,795% de 12,850% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, com as bolsas renovando máximas históricas, enquanto os investidores abraçaram a ideia de que o payroll de junho aproximará o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de um corte na taxa de juros.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,17%, 39.375,87 pontos
Nasdaq 100: +0,90%, 18.352,76 pontos
S&P 500: +0,54%, 5.567,19 pontos

Com Paulo Holland, e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News