Bolsa fecha em alta e dólar em queda com exterior positivo

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Foto: Myles Davidson / freeimages.com

São Paulo – Os dados econômicos positivos no exterior corroboraram para a Bolsa e os índices norte-americanos operarem todo o dia no positivo. O acordo que o presidente fez com um grupo bipartidário de senadores sobre o pacote de infraestrutura também contribuiu para o bom humor do mercado. Com isso, o Ibovespa fechou a sessão em alta de 0,84%, aos 129.513,23 pontos.

Para Flavio de Oliveira, head de renda variável da Zahl, o Ibovespa acompanha a alta no exterior, mas ressalta que “tem uma força estrangeira compradora na B3”. Ele comenta que até dia 22 de junho entraram R$ 14 bilhões na B3, só de estrangeiros. É o terceiro mês de aporte seguido.

Oliveira afirmou que “os mercados se aceleraram após o presidente Joe Biden declarar que chegou em um acordo sobre o pacote de infraestrutura, que pode injetar bastante liquidez na economia americana”.

Segundo os analistas da Terra Investimentos, a Bolsa “acompanha a movimentação das bolsas internacionais e os investidores da B3 estão comprando ações do setor de varejo, com a expectativa da prorrogação do auxílio emergencial [deve ser estendido para 3 parcelas].

As ações das Lojas Americanas (LAME4) e Lojas Renner (LREN3) avançaram 4,48% e 1,64%, respectivamente, e os papéis da Magazine Luiza (MGLU3) e B2W (BTW3) subiram 5,19% e 3,04%.

Os analistas da Terra Investimentos comentam que “o momento no mercado de capitais é de reequilíbrio entre estímulos monetários e fiscais”. O Banco Central fica atento à pressão inflacionária e à recuperação da economia global.

As declarações de membros do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) sobre a política monetária do país seguem no foco dos investidores. Ainda persistem algumas dúvidas entre integrantes do Fed sobre a hora certa de cortar os subsídios.

O comentário de hoje do presidente do Fed da unidade de Nova York, John Williams, foi em linha com Jerome Powell, afirmando que ainda não é o momento para aumentar juros, uma vez que o mercado de trabalho está longe de ser o ideal. Na véspera o discurso do presidente da unidade do banco central de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou que autoridade monetária precisará e precisará elevar a taxa de juros até o fim de 2022.

Mais cedo, o Banco Central elevou a previsão de inflação para 2021 para 5,8%, de acordo com a Relatório Trimestral de Inflação (RTI). Nos Estados Unidos, o Produto Interno Produto (PIB) no 1T21, em taxa anualizada, cresceu 6,4%, e em linha com a estimativa dos analistas. Os dados de seguro-desemprego caíram em 7 mil, para 411 mil na semana encerrada em 19 de junho, após ter registrado 418 mil na semana anterior. A queda mostra que menos pessoas estão sem trabalho. O mercado previa 380 mil solicitações.

O dólar comercial fechou em queda de 1,18% no mercado à vista, cotado a R$ 4,9050 para venda, renovando a mínima de encerramento desde 10 de junho do ano passado e engatando a quarta queda seguida – sendo a terceira abaixo de R$ 5,00 – reagindo ao dia de notícias positivas aqui e lá fora. Além da continuidade da perspectiva de alta mais forte do que a esperada da taxa Selic, o anúncio de que o pacote de estímulos para a infraestrutura nos Estados Unidos foi aprovado corroborou para sustentar o recuo da moeda norte-americana.

O diretor da Correparti, Ricardo Gomes, reforça que o movimento de apreciação do real está em linha com a previsão de taxa básica de juros elevada. “O RTI [Relatório Trimestral de Inflação, divulgado hoje pelo Banco Central) mostrou que a aceleração dos preços neste trimestre acompanha o movimento exibido no primeiro trimestre do ano. O otimismo doméstico se materializa também pela possibilidade de avanço na agenda de reformas”, comenta.

A equipe econômica do governo federal anunciou que entregará amanhã ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, a segunda fase da reforma tributária. Lira declarou ainda que a reforma administrativa poderá ser votada até setembro.

“Nesse cenário, é previsível um robusto fluxo de ingresso de recursos estrangeiros no país, reforçando as expectativas em torno da contínua apreciação da moeda local, pelo menos no curto prazo”, acrescenta Gomes. Para o economista da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, o dólar tende a seguir desvalorizado frente ao real, porém, deverá encontrar “resistência” no nível de R$ 4,80. “Ele pode cair a esse nível e ficar lá. A questão é se conseguirá romper a resistência abaixo disso”, avalia.

Borsoi destaca que o “tom mais duro” (hawkish”) do Banco Central exposto também no RTI corroborou para a queda mais intensa da moeda na sessão. “No [boletim] Focus da semana que vem, a gente deve ver uma revisão para cima para a taxa Selic [ao fim deste ano]. Essa dinâmica do BC, de emitir sinais de alta de juros mais forte do que a esperada, tem ‘pilotado o carro'”, diz.

Lá fora, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que, junto com o grupo bipartidário de senadores, conseguiu chegar a um acordo sobre o pacote de infraestrutura, ao redor de US$ 1,2 trilhão. Porém, ele reiterou que a aprovação do pacote trilionário pelo Congresso não está garantida mesmo depois do acordo. Segundo o economista da Nova Futura, de qualquer forma, a notícia foi “a cereja do bolo” do pregão.

“É uma pauta que sustenta o estímulo fiscal nos Estados Unidos, com reflexos globais. E o crescimento global bom beneficia o Brasil. Esse pacote também beneficia as commodities, como minério de ferro, e o país como é um exportador de commodities, também é beneficiado com isso”, ressalta.

Amanhã, os destaques da agenda de indicadores ficam para a prévia de junho da inflação doméstica, o IPCA-15 que, segundo o levantamento do Termômetro IPCA, deve acelerar a alta e subir 0,86% na comparação com maio, podendo ser o maior resultado para o mês desde 2018. Enquanto nos Estados Unidos, saem os dados de renda e de gastos pessoais de maio.

“O dado principal, de inflação norte-americana, já saiu e desenhou o cenário de pressão inflacionária por lá. Porém, investidores seguirão atentos a esses números. Principalmente, em um momento em que os juros sobem aqui, em outras economias e nos Estados Unidos seguem em patamares baixos. Com isso, o principal indicador será a nossa inflação, que também está com um cenário mais dado. Vejo espaço para o real cair mais amanhã”, finaliza Borsoi.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em queda depois de o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central (BC) ter vindo a público antes da abertura do mercado sem trazer grandes novidades em relação à ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada anteontem.

Ao término do pregão, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 5,725%, de 5,755% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 7,225%, de 7,290%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,15%, de 8,21% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,53%, de 8,61%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano encerraram o dia em alta, com o S&P 500 e o Nasdaq renovando recordes no fechamento, apoiados em dados que mostraram uma queda nas solicitações de seguro-desemprego e um aumento dos pedidos de bens duráveis, um sinal de recuperação da economia e do mercado de trabalho dos Estados Unidos.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,95%, 34.196,82 pontos

Nasdaq Composto: +0,69%, 14.369,70 pontos

S&P 500: +0,58%, 4.266,49 pontos