Bolsa fecha em alta de 1,45%, acima dos 110 mil pontos, e dólar cai com inflação mais fraca nos EUA

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta de 1,45% e acima dos 110 mil pontos com os investidores animados aqui e no exterior reagindo ao resultado da inflação nos Estados Unidos que veio mais fraco e abre porta para o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) adotar um tom menos agressivo para subir os juros.

Por aqui também o destaque ficou para os papéis da economia doméstica, como as ações de varejo: Americanas S.A (AMER3) e Magazine Luiza (MGLU3) subiram respectivamente 7,63% e 6,81%.

O principal índice da B3 subiu 1,45%, aos 110.235,76 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 1,32%, aos 110.575 pontos. O giro financeiro foi de R$ 27,6 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em forte alta.

Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, disse que o CPI muito positivo impulsionou as bolsas norte-americanas e puxou pra cima o Ibovespa, que “de certa forma utiliza o número como uma ‘proxy’- parâmetro para o que vemos também por aqui”.

Oliveira afirmou que, por aqui, os destaques do dia ficam para os setores imobiliário e de consumo por dependerem de juros mais baixos e inflação menor. João Gabriel Abdouni, analista da Inv, comentou que o bom humor é atribuído ao CPI abaixo do esperado e o core [núcleo], menos alimentação e energia, também veio bem favorável-subiu 0,3%.

“Existia uma desconfiança de que os Estados Unidos iriam controlar a inflação e, aparentemente, estão conseguindo. O resultado faz com que o Fed possivelmente suba os juros a 0,50 ponto porcentual (pp) na próxima reunião [dias 20 e 21 de setembro]”.

Adbouni também comentou que o Brasil chegou ou deve chegar no topo da Selic [taxa básica de juros], e o mercado está apostando na queda dos juros futuros, o que anima a Bolsa “e beneficia as ações da economia local, como construção civil, varejo, shoppings e bancos de investimentos”.

Esse movimento de rotação persiste com os investidores saindo de commodities e indo para os papéis do ciclo doméstico.

Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, afirmou que o indicador mais fraco anima o mercado e “tira a pressão sobre o Fed de realizar um aperto monetário tão forte para as próximas reuniões e, consequentemente, uma taxa final mais baixa”.

Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital, disse que com esse número o Fed pode subir menos juros para segurar a inflação e pode ser que os Estados Unidos não entrem em recessão sendo muito bom para o crescimento mundial. “O número mais fraco faz o mercado performar melhor”.

O dólar fechou em queda de 0,79%, cotado a R$ 5,0880. A moeda foi impactada diretamente pela inflação norte-americana, que se manteve estável em julho ante expectativas de alta de +0,2%. Esta desaceleração inflacionária fez com que aumentassem as apostas para um Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mais brando na reunião de setembro.

Segundo o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “anda temos muitos riscos pela frente, mas os últimos dados foram positivos, gerando um risk on (apetite ao risco)”. Weigt entende que a inflação de serviços será mais difícil de ser controlada, prejudicando uma queda mais rápida dos preços nos Estados Unidos.

Weigt acredita que o suporte do dólar é de R$ 5,00: “Nosso juro real continua gigantesco, além das commodities que também ajudam a aumentar o fluxo estrangeiro”, opina.

De acordo com o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Leal, “o câmbio hoje reflete o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) e o aumento do apetite ao risco. O movimento é global, com o dólar perdendo para todas as moedas”.

Para a economista-chefe da Veedha Invbestimentos, Camila Abdelmalack, “a leitura de hoje acaba reduzindo momentaneamente as apostas de 0,75 ponto percentual (pp) em setembro. A atividade econômica, porém, pode surpreender e trazer esta discussão de volta, é um debate que continua na mesa”.

Abdelmalack, contudo, ressalta que neste primeiro momento os ativos de risco – como as moedas emergentes – e as commodities ganham força.

As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda após dados de inflação nos EUA, que ficou em 8,5% no acumulado em 12 meses até julho abaixo dos 9,1% do mês anterior. ”

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,720% de 13,720% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,930%, de 12,960%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,905%, de 11,910% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,730% de 11,755%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta, com a Nasdaq subindo 2,8%, depois que um relatório-chave de inflação para julho vir melhor do que o esperando, dando sinais de que a alta de preços no país pode ter chegado a um pico.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,63%, 33.309,51 pontos
Nasdaq Composto: +2,89%, 12.854,8 pontos
S&P 500: +2,12%, 4.210,24 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA