Bolsa fecha em alta de 1,30% com ações da economia doméstica e Vale, dólar cai quase 2%

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São Paulo- No último pregão da semana, a Bolsa fecha em alta de 1,30% e acima dos 121 mil pontos, marca atingida a última vez no início de agosto, favorecida pelas ações da economia doméstica como Meliuz e Cielo e a valorização da Vale. Na semana, o índice acumulou ganho de 2,09%.
O principal índice da B3 subiu 1,30%, aos 121.570,15 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril avançou 1,22%, aos 121.940 pontos. O giro financeiro foi de R$ 32,2 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.
As ações da Meliuz (CASH3), Cielo (CIEL3), Magazine Luiza (MGLU3) subiram respectivamente 9,37%, 8,03% e 7,77%. Os papéis da Vale (VALE3) avançaram 1,42%. No campo negativo, estão os papéis da Suzano (SUZB3), Usiminas (USIM5) e Klabin (KLBN11) perderam 1,70%, 1,43% e 1,61%. A Petrobras (PETR3 e PETR4) recuou 0,02% e 1,31%.
Rob Correa, analista de investimentos CNPI, comentou que o bom humor na sessão de hoje, superando a marca dos 121 mil pontos, “reflete o bom desempenho das empresas ligadas ao cenário doméstico com a queda das taxas dos principais contratos de juros futuros e alta do minério de ferro”. O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,625% de 12,725% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 11,845%, de 12,055%.
Larissa Quaresma, analista da Empiricus, comentou que hoje é mais um dia positivo para a Bolsa, que está a cada sessão mais perto da sua máxima história-de 131 mil pontos. “Hoje com a queda da curva de juros em todos os prazos dos DIs futuros favorece as ações de varejo e fintechs”.
Larissa comentou que em relação à Cielo, os reajustes das taxas cobradas dos comerciantes e um relatório de um banco afirmando que o aumento é bom para os próximos resultados ajudaram a alavancar as ações. No caso da Meliuz, o Banco Central aprovou ontem a transferência do controle do Grupo Acesso-banco digital- para a Meliuz, formalizando a aquisição.
A analista da Empiricus afirmou que o mercado monitora a ameaça de greve dos servidores. “É uma preocupação para o investidor de Bolsa porque um reajuste generalizado tira do controle as contas públicas”.
Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, afirmou que o Brasil está vivendo um momento diferente dos outros mercados com o fluxo forte de estrangeiros. “Agora estamos surfando uma onda sozinhos, já que apanhamos em novembro e estamos perto do final de ciclo de alta [juros]”. Na última quarta-feira (30) o capital externo somou R$ 1,489 bilhão na B3.
O dólar comercial fechou em R$ 4,666 para venda, com perda de 1,99%. Na semana, a moeda norte-americana acumulou desvalorização de 1,7%. A forte entrada de recursos externos e indicadores positivos de desempenho da economia aqui e nos Estados Unidos ajudaram a colocar a moeda americana nos menores níveis em cerca de dois anos.
O economista da Nova Futura, Nicola Borsoi, lembrou que “os dois últimos dias foram bem voláteis por causa da Ptax mensal e trimestral”.
“Os preços das commodities estão altos. Além disso, o Banco Central continua a rolar swaps cambiais com dólar nessa cotação”, diz. “É como se o investidor estivesse dizendo: ‘Vou continuar vendendo dólar porque BC está do meu lado'”, completa.
Para Vanei Nagem, sócio-diretor da Pronto Investimentos, a sexta-feira foi de alto volume estrangeiro, o que também contribuiu para a queda do dólar. “O capital estrangeiro segue entrando pesado no país. Além disso, temos uma perspectiva de acordo entre Rússia e Ucrânia”, diz. Nagem lembra também os números do payroll nos EUA, acima de 400 mil, que também contribui para “clarear o mercado”.
A economia dos Estados Unidos criou 431 mil postos de trabalho em março e a taxa de desemprego caiu para 3,6%, de 3,8% em fevereiro. O número de vagas criadas ficou abaixo da projeção dos analistas, que esperavam abertura de 450 mil vagas. A taxa de desemprego veio abaixo da previsão, de 3,7%.
No Brasil, a produção industrial subiu 0,7% em fevereiro em relação a janeiro, depois de ter recuado 2,2% no mês anterior na mesma base de comparação. O resultado veio acima da previsão de alta de 0,3%, conforme mediana das estimativas coletadas pelo Termômetro CMA.
Já em relação a fevereiro de 2021, houve queda de 4,3%, sendo a sétima seguida deste indicador. O Termômetro CMA apontava baixa de 5,05%. No acumulado de 12 meses, a alta foi de 2,8%. No ano, a produção acumula queda de 5,8%.
Para a próxima semana, o cenário segue positivo. Mas alguns pontos merecem atenção. As alterações no quadro eleitoral com os movimentos desta semana e as paralisações de funcionários públicos, que podem colocar em xeque os compromissos fiscais do Governo Federal.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda refletindo o preço do petróleo e o dólar, que operam em queda.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,620% de 12,725% % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 11,840%, de 12,055%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,160%, de 11,420% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,980% de 11,220%, na mesma comparação. Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo positivo, após um rali de compras nos últimos minutos, com os investidores tentando superar as perdas do último trimestre – a maior em dois anos – e as sinalizações de recessão no mercado de juros. Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,40%, 34.818,27 pontos
Nasdaq 100: +0,29%, 14.261,5 pontos
S&P 500: +0,34%, 4.545,86 pontos