Bolsa fecha em alta com PEC dos precatórios fatiada e na semana recua mais de 3%; dólar sobe

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São Paulo- Em dia de vencimento de opções sobre ações, a Bolsa fechou em alta de 0,59% e recuperou os 103 mil pontos-103.035,02 pontos- em um pregão mais positivo com a perspectiva de um acordo sobre o fatiamento da PEC dos precatórios. A fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o exterior mais fraco contribuíram para impedir que o mercado de ações alavancasse mais. Na semana, o Ibovespa registrou queda de 3,10%.

As empresas varejistas e da mineração recuperaram as perdas recentes e fecharam em alta. Os papéis da Magazine Luiza (MGLU3) subiram 3,11% e Grupo Soma (SOMA3) avançaram 4,94%. As ações da Vale (VALE3) ganharam 2,72%; Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3) registraram alta de 1,40% e 7,97%, respectivamente.

Do lado negativo, as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) sofreram com a baixa do petróleo e fecharam com recuo de 1,37% e 1,65%, nessa ordem.

Segundo Flávio Aragão, sócio da 051 Capital, a fala de Campos Neto de que os juros nesse nível com o País crescendo pouco era trajetória fiscal de quebradeira e acabou mexendo com o mercado. “A fala de Campos Neto e movimento mais fraco no exterior fez a Bolsa devolver um pouco”. Ele destacou que o governo comunica “muito mal” e isso reflete diretamente no mercado.

Aragão comentou que está otimista com a PEC porque acredita que o fatiamento agiliza muito o processo porque tira os principais pontos de dúvida e fica apenas com as menores questões para discutir depois. “O importante é votar logo a PEC como estiver para encerrar o assunto. Se não fatiar o mercado devolve tudo”.

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, comentou que as duas PEC, tanto da Câmara como do Senado, têm problemas e a proposta será difícil de aprovar pelas duas Casas. O fatiamento “é um jeito encontrado para a PEC andar. O mais importante para o mercado é a resolução do problema, então coloca na conta, precifica os ativos levando isso em consideração e segue para depois discutir os problemas que virão à frente”.

Komura comentou que as varejistas também se beneficiam em um curto prazo melhor. O setor de mineração e siderurgia também se destaca na sessão de hoje “pega o bonde da China que teve valorização expressiva no overnight”.

Segundo Luiz Henrique Wickert, analista sênior da plataforma sim; paul, o mercado viu de forma positiva a PEC dos precatórios fatiada. “Ela veio como uma solução para ser aprovada mais facilmente no Senado e esse sentimento que está preponderando na Bolsa”.

Wickert comentou que no primeiro momento a queda na Bolsa refletiu o lockdown na Áustria e notícias menos positivas vindo da Europa. “Esse crescimento eventualmente menor da Europa por causa de uma nova onda de coronavírus tem impactado o preço do petróleo e esse cenário influencia na taxa longa de juros no mercado interno”.

O analista sênior da plataforma sim; paul ressaltou que “chama a atenção para nomes específicos de empresas que tinham ficado bem para trás como as varejistas e hoje estão com movimento de repique”.

O dólar comercial fechou em R$ 5,6100, com alta de 0,73%. A moeda norte-americana foi diretamente impactada pelo temor de recessão global com o avanço de casos da Covid e restrições na Europa e, em segundo plano, pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “o dólar está forte no mundo inteiro, motivado pelas medidas restritivas na Europa, como o lockdown na Áustria e possíveis restrições na Alemanha. A questão hoje é mais global do que doméstica”.

Os precatórios, porém, continuam no radar: “A notícia do fatiamento da PEC não foi ruim, é uma alternativa que ao menos mostra mais celeridade nas negociações e isso é bem visto pelo mercado”, pontua Abdelmalack.

De acordo com o head de análise macroeconômica da Greenbay Investimentos, “existe um movimento de risk-off (aversão ao risco) devido ao fechamento de alguns países na Europa, como a Áustria, devido à Covid”.

Serrano, porém, não acredita que o movimento do câmbio de hoje tenha efeito dos precatórios: “O real, nos últimos dias, tem se descolado dos pares. O movimento desta sexta parece mais uma correção técnica do que a parte fiscal”, pontua.

Segundo a economista e estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, “existe um quadro de cautela global com a nova de Covid, e o crescimento para 2022 já está sendo revisado para baixo. Para os emergentes isso é ainda pior, já que a China é muito importante para estas economias”.

Já no âmbito doméstico, Quartaroli é enfática: “(a PEC) é uma novela que não tem fim, e isso pode dar margens para uma piora do mercado. Isso contribui para o enfraquecimento do real”.

Enquanto não houver uma definição dos precatórios, pontua a economista, o mercado vai ficar nesse “vai e vem, ainda mais agora que estamos prestes a entrar em um ano eleitoral”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda após clareza em relação a PEC dos Precatórios.

O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 8,588% de 8,570% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 12,050%, de 12,165%; o DI para janeiro de 2025 ia a 11,930%, de 12,090% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,840% de 11,960%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, já que as preocupações com o ressurgimento da covid-19 pesaram nos mercados globais.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -0,75%, 35.601,98 pontos

Nasdaq Composto: +0,40%, 16.057,4 pontos

S&P 500: -0,13%, 4.697,96 pontos