Bolsa fecha em alta com influência de Vale e falas de Haddad em defesa do arcabouço fiscal; dólar encerra a R$ 5,66

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São Paulo -A Bolsa fechou em alta influenciada pela valorização da Vale (VALE3), ação de maior peso do índice, falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendendo “vida longa” para o arcabouço fiscal, em dia de vencimento de opções sobre índice.

As ações da Vale (VALE3) subiram 1,66%. Embraer (EMBR3) avançou 6,74% depois do anúncio sobre investimentos de U$70 bilhões com objetivo de expandir a rede de serviços e manutenção e reparos nos Estados Unidos.

O destaque negativo ficou para Locaweb (LWSA3), que caiu 2,24%. A Petrobras (PETR3 e PETR4) perdeu 0,29% e 0,50%. No final do pregão o petróleo subiu um pouco.

O principal índice da B3 subiu 0,53%, aos 131.749,72 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançava 0,84%, aos 131.860 pontos. O giro financeiro foi de R$ 24,7 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, acredita que “a fala dele [Haddad] acalmou o mercado, mas assim o sentimento piorou muito nas últimas semanas. Esse anúncio [do pacote] não passou muita segurança. O pente fino dos programas sociais diminuiu para 2025”.

Idean Alves, especialista em mercado de capitais e planejador financeiro, disse que a bolsa “tem um dia positivo com auxílio da Vale, após os dados de produção de ontem. Há um ânimo positivo no mercado com um possível pacote de cortes de gastos do governo, medida essa que pode ajudar a sustentar o arcabouço fiscal, segundo Haddad”.

Em duas declarações hoje, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad explicou que “não há hipótese de retirada das estatais do arcabouço fiscal, estudamos a possibilidade de reduzir o aporte federal a algumas delas”, se referindo à notícia do Estadão de que o governo quer tirá-las do orçamento federal.

Em outra fala, após a reunião com o presidente Lula e os bancões, o ministro disse que o governo trabalha para o arcabouço fiscal ter vida longa.

Rubens Cittadin, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que em dia de agenda fraca, a Bolsa tem certa volatilidade com alta da Vale, queda do petróleo e o cenário fiscal doméstico.

“A sinalização de Israel que não atacaria os postos de petróleo e nem a plantas nucleares no Irã fez o petróleo cair devolvendo a alta da semana passada. As juniors oils corrigem, após subir forte, e Petrobras de lado o mercado devolvendo alta da semana passada. Ibovespa mais de lado também refletindo o anseio [do mercado] pelo fiscal. O mercado precisa de uma sinalização para onde está indo [o fiscal] porque vemos a curva de juros subindo bastante nessa semana em razão de um fiscal mais expansionista. E a Vale puxa um pouco a Bolsa refletindo o relatório de produção e venda mostrando aumento de 5,5% do minério de ferro na comparação anual. Com esses dados a expectativa do mercado é um balanço [dia 24] do 3T24 melhor”.

Cittadin explicou que a Petrobras está mais de lado “por conta da capitalização dela, já juniors são muito dependentes do preço do petróleo, elas são menos capitalizadas por volume financeiro na bolsa e a Petro tem outras fontes de receita”.

Mais cedo, Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que a notícia sobre a retirada das estatais do orçamento “está batendo no índice hoje. O vencimento de opções sobre o índice traz volatilidade, mas não é isso que está mexendo com o Ibovespa”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,05%, cotado a R$ 5,6639. Na falta de um driver específico, a moeda foi impactada pelos ruídos fiscais domésticos, aproximação das eleições norte-americanas, dúvidas sobre a efetividade dos estímulos à economia chinesa e a tensão que ronda a geopolítica do Oriente Médio.

Mais cedo, foi veiculada uma notícia no Estadão mostrando que governo pretende retirar as estatais do orçamento deixando o mercado temeroso com o fiscal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que “não há hipótese de tirar as estatais do arcabouço fiscal”.

Segundo o sócio da Top Gain Leonardo Santana, as falas fiscalistas de Haddad ajudaram o real, mas que na falta de indicadores o mercado está sensível.

Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, disse que o dia é de aversão ao risco por conta do cenário interno e externo.

“O movimento de alta para taxa de câmbio tem relação com a proximidade das eleições nos Estados Unidos, possibilidade de queda menor dos juros-com a sinalização de um dos candidatos [que concorrem à Casa Branca] ontem. Além disso, tensão no Oriente Médio, preocupação com a economia chinesa, e aqui a questão de cautela do cenário fiscal continua no radar”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda, na expectativa de uma maior austeridade fiscal por parte do governo.

Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,166% de 11,164% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,640%, de 12,670%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,805%, de 12,840%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,825% de 12,835% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta quarta-feira em alta, revertendo as perdas registradas na véspera. O movimento de valorização foi impulsionado por empresas de pequena capitalização (small caps) e bancos, cujos balanços positivos superaram o desempenho negativo das grandes empresas de tecnologia.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,79%, 43.077,70 pontos
Nasdaq 100: +0,28%, 18.367,0 pontos
S&P 500: +0,46%, 5.842,47 pontos

Paulo Holland, Camila Brunelli e Larissa Bernardes / Agência Safras News