Bolsa fecha em alta com exterior, Ômicron e local mais definido; dólar avança

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São Paulo – A Bolsa fechou em alta pela terceira vez no mês, seguindo o exterior, com os investidores menos receosos em relação aos impactos da variante Ômicron, após a divulgação de estudos preliminares nos Estados Unidos e na África sugerem que a nova mutação do patógeno causa casos menos graves da doença, e otimismo com a aprovação da PEC dos precatórios ainda este ano. O dia também foi de alta para papéis de peso no Ibovespa, como a Vale, Petrobras e bancos. O principal índice da B3 subiu 1,70%, aos 106.858,87 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro teve alta de 1,50%, aos 107.240 pontos. O volume financeiro foi de R$ 21,0 bilhões. Em Nova York, as bolsas avançaram. 

O principal índice da B3 segue chegou a avançar mais de 2,06%, chegando aos 107 mil pontos às 13h20 (horário de Brasília). 

No fechamento, ficaram entre as maiores altas os papéis da Gol (+11,34%), Azul (+10,57%), Braskem (+9,75%), Americanas (+7,26%) e Lojas Americanas (+6,24%). Na ponta negativa, ficaram os papéis de Méliuz (-11,70%), Rede D’Or (-3,22%), Rumo (-2,76%), Havpida (-1,75%) e Cosan (-2,15%). 

Entre as mais negociadas, ficaram Vale, ação que tem o maior peso no índice e que subiu 5,43% no pregão de hoje, seguindo a alta dos preços dos contratos futuros do minério de ferro na bolsa de Dalian, na China, fecharam em alta. Em seguida, os grandes bancos, com Banco do Brasil (+2,70%), Bradesco (+2,12%) e Itaú Unibanco (+1,17%). 

Por fim, a Petrobras subiu 0,45%, o segundo maior papel de peso no Ibovespa, mesmo com ruído sobre interferência em sua política de preços. No início do dia, a estatal rebateu declarações do presidente Jair Bolsonaro a respeito de expectativa de novos reajustes nos preços de combustíveis, disse que não antecipa decisões de reajuste e reforça que não há nenhuma decisão tomada por seu Grupo Executivo de Mercado e Preços (GEMP) que ainda não tenha sido anunciada ao mercado. 

Em entrevista ao portal Poder 360, neste domingo (5) ele disse que a Petrobras começará a anunciar diminuição no preço dos combustíveis a partir desta semana e seguindo por algumas semanas, sem dar detalhes sobre quanto será o percentual de redução. 

“Dia de rotação importante no mercado americano, com reverberações para as bolsas ao redor do mundo. O Ibovespa, vista como uma bolsa “cíclica” acabou se beneficiando deste movimento global”, comentou o analista Dan Kawa, da TAG Investimentos, pelo Twitter. 

Analistas apontam que nesta semana, os mercados domésticos ficarão focados na reunião do Copom, que deve elevar a Selic (taxa básica de juros) para 9,25%, e com a volta da PEC dos precatórios para a Câmara, após o texto ter sido alterado na aprovação do Senado. 

“A curva dos DIs futuros deve manter a tendência de ajuste baixista, enquanto real deve permanecer desvalorizado com o dólar forte no exterior e queda nos juros futuros. O Ibovespa deve manter tendência de recuperação, mas em meio à volatilidade e sem espaço para ganhos significativos”, disse a SulAmérica Investimentos, em relatório. 

No exterior, os ativos de risco abrem a semana em tom positivo, após a aversão a risco verificada na semana passada, com agenda econômica mais fraca nesta semana. Destaque para divulgação da inflação ao consumidor nos Estado Unidos, que deve corroborar com o ambiente de pressões inflacionárias persistentes, além de repercussão dos dados do mercado de trabalho americano de novembro e as apostas na aceleração do ajuste monetário pelo Fed. 

Já em relação à PEC dos precatórios, o texto retornou para a Câmara dos Deputados, com a possibilidade da proposta ter sua promulgação “fatiada” para viabilizar o aumento do Auxílio Brasil. 

O dólar fechou em R$ 5,6930, com alta de 0,28%. A moeda norte-americana foi pressionada majoritariamente pelo ambiente global operando em cautela com as dúvidas sobre a Ômicron e, em especial, com a expectativa da inflação nos Estados Unidos, referente a novembro, que será divulgada nesta semana. 

Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “os drivers desta semana serão os desdobramentos da Ômicron e, principalmente, os dados da inflação nos Estados Unidos, o que pode ser um indicativo da próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), na próxima semana”. 

Rostagno acredita que, embora menos relevante nesta segunda, os problemas internos continuam no radar: “Existem dúvidas sobre os precatórios, se as alterações no Senado irão demandar uma nova votação na Câmara”, observa Rostagno. 

Para o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, “lá fora o ambiente é favorável ao dólar, que se valoriza frente às principais moedas”. 

Concomitante a isso, o ambiente interno é desfavorável à moeda brasileira: “As incertezas sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, assim como a Petrobras, sempre geram ruídos”, pontua Rosa, referindo-se ao embate público entre o presidente Jair Bolsonaro e a estatal, tendo o preço dos combustíveis como tema central. 

De acordo boletim da Commcor, “o mercado segue confiante nas apostas pela repetição dos + 150 pontos base na atual Selic de 7,75%, que deve ir para 9,25%”. A Commcor ainda diz que 85% do mercado acredita neste aumento. 

A inflação, por sua vez, esboça sinais de perda de apetite: “A leitura com a inflação local pode mostrar algum alívio com a sinalização de que a Petrobras deve reduzir valor dos combustíveis a bomba na esteira das recentes quedas do Petróleo”, projeta a Commcor. 

As taxas longas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) abriram fecharam em alta às vésperas da reunião do Copom. A expectativa do mercado é de alta de 150 bps na taxa Selic. 

O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 8,962% de 8,900% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 11,390%, de 11,310%, o DI para janeiro de 2025 ia a 10,910%, de 10,890% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,940% de 10,960%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar com vencimento para janeiro operava em alta, cotado a R$ 5,72 para venda. 

Os principais índices do mercados de ações norte-americano fecharam o pregão em alta, com a Dow Jones subindo 1,87%, em mais um dia de recuperação após as perdas da última semana, com o mercado mais otimista acerca dos riscos da nova variante Ômicron, que pode ser menos agressiva do que o imaginado. 

Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento: 

Dow Jones: +1,87%, 35.227,03 pontos 

Nasdaq Composto: +0,93%, 15.225,2 pontos 

S&P 500: +1,17%, 4.591,67 pontos