Bolsa fecha em alta com expectativa de fim de aperto monetário e deflação; dólar cai

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Foto: Wagner Magni / freeimages.com

São Paulo- Em dia de apetite ao risco, a Bolsa fecha em alta com os investidores apostando que o fim do aperto monetário está próximo e de que o Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho, que será divulgado amanhã (9) aponte deflação, o menor em 24 meses.

Os destaques de alta no Ibovespa ficaram para as empresas ligadas à saúde após dados de crescimento do setor, entre elas estão Sul América (SULA11), Rede D’Or (RDOR3) e Hapvida (HAPV3).

Os balanços corporativos seguem movimentando os negócios na B3. Hoje sai o resultado do Itaú Unibanco, após o fechamento do mercado. E, amanhã (9) serão divulgados do BTG Pactual, antes da abertura e CVC e Copel após o encerramento.

Com as taxas dos contratos de juros futuros (DIs) em queda favoreceram as empresas ligadas ao consumo, que estão descontadas. As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) tiveram forte valorização refletindo os dividendos que serão pagos pela estatal. Esta semana os papéis serão negociados como ex-dividendos.

O principal índice da B3 subiu 1,81%, aos 108.402,27 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 2,19%, aos 109.040 pontos. O giro financeiro foi de R$ 27,9 bilhões. Em Nova York, os índices operavam mistos.

Virgilio Lage, especialista da Valor Investimentos, comentou que o mercado está refletindo a expectativa de deflação [O IPCA sai amanhã] por conta da queda dos combustíveis. “Pode ser temporário, mas pode impactar a dinâmica inflacionária no futuro”.

Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos disse que a estimativa de uma deflação aqui, inflação menor nos Estados que o previsto e possibilidade de fim do ciclo de alta de juros por parte do Copom animam a Bolsa “e o pagamento de dividendos da Petrobras contribui para a alta das ações”. As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) e varejistas são destaque de alta hoje, disse.

Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que o fato do Copom deixar de sinalizar um tom mais hawkish, fez “os investidores começaram a precificar a curva de juros um pouco mais pra baixo tanto no curto como de médios prazos desde a semana passada e consumo direto também está dando sinal de melhora, como Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3); tudo isso acaba refletindo como um todo na Bolsa”.

Hashimoto também comentou que amanhã (9) sai a ata do Copom “que pode trazer mais sinalizações [sobre os futuros movimentos] e o mercado fica de olho no IPCA de julho, com projeção de deflação, além da forte temporada de balanços”.

Segundo Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, a alta na Bolsa é sustentada pelo cenário externo e interno. “Foi afastado um pouco os temores de recessão nos Estados Unidos em que os dados de emprego divulgados na sexta-feira somado aos resultados das empresas possibilitam mais uma alta de juros por lá sem impactar o crescimento”.

E acrescentou que por aqui a sinalização do fim do ciclo de elevação da taxa de juros “traz de volta os investidores ao mercado de renda variável, em busca de antecipar os resultados de melhora da economia e das empresas”.

O dólar comercial fechou em queda de 1,06%, cotado a R$ 5,1130. O real foi beneficiado com o saldo de US$ 101,3 bilhões da balança comercial chinesa de julho (as projeções eram de US$ 90 bilhões) que impulsionou o valor das commodities, e pelo movimento de estabilização dos treasuries norte-americanos.

Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “existe otimismo pela estabilização dos treasuries, além de uma agenda fraca de indicadores, o que está dando um respiro ao mercado”.

Rostagno destaca que os dados favoráveis chineses valorizam as commodities e as moedas ligadas a elas: “O real vai na esteira deste movimento”, observa.

Para o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, “o movimento é de risk on, com a recuperação no preço das commodities. O cenário internacional aponta para uma valorização das emergentes e o dólar está voltando para o patamar justo, que é cerca de R$ 5,10”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, em movimento iniciado na semana passada, à espera da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que será divulgada amanhã.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,745% de 13,765% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,920%, de 13,020%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,855%, de 12,100% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,660% de 12,005%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos reverteram os ganhos do início do pregão, quando a Nasdaq chegou a subir mais de 1%, e fecharam mistos após preocupações na indústria de semicondutores pesarem sobre as principais empresas de tecnologia.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,09%, 32.832,54 pontos
Nasdaq Composto: -0,10%, 12.644,5 pontos
S&P 500: -0,12%, 4.140,06 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA