Bolsa fecha em alta com commodities e oposta ao exterior; dólar sobe

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Foto: Dominik Gwarek / freeimages.com

São Paulo – O pregão de hoje foi muito volátil entre altas e baixas e a Bolsa fechou no positivo, descolada das bolsas internacionais com forte aversão ao risco, devido à boa performance das ações ligadas às commodities e bancos. O cenário negativo no exterior com a alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 anos puxou o Ibovespa para baixo mais cedo. 
Os investidores estão preocupados com a alta de juros nos Estados Unidos e já se especula que o Federal Reserve (Fed, banco central norte americano) pode elevar a taxa básica do país em mais de 0,25 ponto porcentual (pp). 
Por aqui, o mercado acompanhou os protestos dos servidores públicos que pediam por reajuste salarial. A preocupação do mercado é em relação à questão risco. 
O principal índice da B3 subiu 0,27%, aos 106.667,66 pontos. O Ibovespa futuro om vencimento em fevereiro aumentou 0,39%, aos 107.435 pontos. O giro financeiro foi de R$ 25,6bilhões. As bolsas nos Estados Unidos fecharam em forte queda. 
As ações da Vale (VALE3) registaram alta durante todo o pregão e fechou om ganho de 2,44% com os investidores estrangeiros se posicionando nesses papéis. Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 0,34% e 0,44% e da Petrorio (PRIO3) aumentaram 4,82%. Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC3 e BBDC4) avançaram 0,59%, 0,57% e 1,81%. 
A BRF (BRFS3) caiu 5,77%, a primeira queda em cinco dias, após informar sobre a oferta pública primária em que pode levantar cerca de R$ 8 bilhões. 
Os rendimentos dos títulos do tesouro norte-americano de 10 anos avançaram para 1,874%, de 1,772%. Em janeiro de 2021, os títulos estavam a 1,11%. 
Para os analistas da Commor DTV Corretora, o movimento acentuado de alta dos rendimentos dos títulos norte-americanos de 10 anos “reflete preocupação do mercado com a tracionada inflação nos Estados Unidos e as iminentes reações do Federal Reserve para combater essa realidade”. 
Os analistas da Ativa Investimentos comentaram que a sessão de hoje “é marcada pelo avanço das commodities e das taxas dos juros de títulos de 10 anos”. 
Everton Medeiros, especialista da Valor Investidores, disse que a alta do Ibovespa se deve às empresas exportadoras e, “por aqui, existe uma preocupação com o fiscal devido à manifestação dos servidores pressionando o governo por reajuste salarial”. 
Leonardo de Santana, analista da Top Gain, afirmou que a Bolsa tem um dia de volatilidade entre altas e baixas, “o que sustenta a nossa Bolsa são as commodities ligadas ao petróleo e minério de ferro”. 
Do lado negativo, o exterior acaba impactado “com o aperto da política monetária dos Estados Unidos, que prevê aumento mais agressivo da taxa de juros para 2022, alta expressiva das treasuries e o petróleo trabalha estressado após ataque de drone nos Emirados Árabes”. 
O dólar comercial fechou em R$ 5,5610, com alta de 0,63%. Após início volátil, a moeda norte-americana trilhou caminho altista, impactada pelo iminente aumento dos juros nos Estados Unidos, que deve ter início ainda neste trimestre, em março. 
Segundo head de renda variável da Valor Investimentos, Pedro Lang, “a tônica não apenas de hoje, mas dos próximos meses, será o aumento dos juros nos Estados Unidos. O dólar está se valorizando frente às principais moedas, e não apenas as emergentes”. 
Lang acredita que já existe consenso que o aumento terá início em março: “A questão agora não é quando irá começar, mas sim como. A discussão é a extensão e a velocidade deste aumento”, opina. Para o executivo, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) está “atrás da curva”. 
Historicamente, pontua Lang, “é assim que você sai de crises econômicas”, referindo-se à leniência da instituição com a inflação, mas mostrando-se cético a uma guinada na política monetária dos Estados Unidos: “Dificilmente irá acontecer, a não ser que ocorra uma tragédia”. 
De acordo com o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “o Empire State foi motivador de curto prazo, mas a China dando indicações que irá estimular a economia para conter a desaceleração é mais relevante”. 
Por mais que o aumento de commodities, como o minério de ferro, seja positivo para o Brasil, a situação dos servidores inspira cuidados: “Nesta briga do político e fiscal, o político tem levado a melhor. É difícil acreditar que em um ano eleitoral as atitudes não sejam políticas”, avalia Weigt. 
Para o economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi, “o aumento das apostas altistas nas taxas de juros, com os investidores ecoando o discurso dos banqueiros centrais, ganhou um aditivo geopolítico, com a disparada no petróleo devido aos atritos entre Rússia e Ucrânia e, agora, tensões no Oriente Médio”. 
Borsoi também acredita que os problemas domésticos voltaram com força ao radar: “O dia deve ser negativo, repercutindo o sentimento de aversão ao risco internacional e o local, com os investidores atentos às manifestações dos servidores públicos”, projeta. 
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta com a crescente insatisfação de servidores públicos por reajuste salarial e buraco de R$ 9 bilhões no Orçamento deste ano. 
O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 12,085% de 12,000% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 11,805%, de 11,775%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,470%, de 11,405% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,450% de 11,380%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar com vencimento para janeiro operava em alta, cotado a R$ 5,58 para venda. 
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, com o Nasdaq caindo 2,60%, após o mercado demonstrar pessimismo com o aumento crescente dos juros projetados do Tesouro americano, o maior registrado desde o início da pandemia, e a divulgação aquém do esperado do balanço do Goldman Sachs.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos 
Estados Unidos após o fechamento:
           Dow Jones: -1,51%, 35.369,39 pontos
           Nasdaq 100: -2,60%, 14.506,9 pontos
           S&P 500: -1,83%, 4.577,34 pontos