Bolsa fecha em alta com commodities e acumula ganho de 1,46% na semana; dólar encerrou em queda

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta de 1,38% impulsionada pelas commodities devido ao corte de juros de longos prazos para estimular a economia chinesa. O Ibovespa operou todo o pregão no positivo e, no final dos negócios, a melhora das bolsas norte-americanas ajudou a alavancar mais o índice. Na semana, a Bolsa acumula ganho de 1,46%.

Apesar do pregão mais otimista, os investidores ficam temerosos com a inflação global acelerada e a uma possível recessão nos Estados Unidos.

O principal índice da B3 subiu 1,38%, aos 108. 487,88 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho avançou 1,31%, aos 109.265 pontos. O giro financeiro foi de R$ 26,6 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Um analista do mercado financeiro que não quis se identificar disse que as commodities “puxam o índice para cima, mas no radar está a preocupação com a inflação e uma possível recessão nos Estados Unidos”.

Daniel Miraglia, economista-chefe da Integral Group, afirma que apesar da alta do Ibovespa, o mercado fica preocupado com a alta de preços global, principalmente nos EUA e “tentar entender a postura do banco central norte-americano frente a uma inflação mais parecida com a da década de 80 que as recentes e qual será a taxa de juros para fazer com que ela [inflação] volte para um patamar mais palatável. Quanto mais rápido subir a taxa de juros, mais rápido o mercado se estabiliza”.

Mais cedo, Matheus Spiess, analista da Empiricus, disse que a alta de hoje na Bolsa é atribuída à China. “O país veio com estímulos, ainda que marginais, redução de 15 pontos-base [na taxa de juros de empréstimos de longo prazo], é um fator importante e gera um bom humor no mercado”. O minério de ferro subiu e impactou as commodities. “O Brasil como é sensível à realidade de commodities acaba sendo impulsionado”.

Spiess comentou que não descartaria mais volatilidade adiante porque “a pressão inflacionária com respectivo aperto monetário nos países desenvolvidos, em especial nos Estados Unidos, e acaba impactando o mercado”. O Brasil chegou a descolado no início do ano, mas acabou embarcando nesse mau humor de certa forma.

O dólar comercial fechou em R$ 4,8710, com queda de 0,93%. A moeda perdeu durante toda a sessão, e refletiu o intenso fluxo estrangeiro na bolsa, na contramão do que foi observado globalmente nesta sexta.

Segundo o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Leal, “o movimento de hoje não é global, já que o dólar ganha de outras moedas, emergentes e desenvolvidas. A única explicação para isso é o fluxo estrangeiro, que torna o real e a bolsa descolados do que acontece lá fora nesta sexta”.

De acordo com a economista e estrategista de câmbio do Banco Ourinvst, Cristiane Quartaroli, “hoje estamos com maior apetite ao risco, depois de alguns dias ruins. As commodities continuam favorecendo os países exportadores de matéria-prima, e no caso brasileiro a privatização da Eletrobras é vista como algo positivo”.

Quartaroli, no entanto, vê a bonança com os dias contados: “A aproximação das eleições e a parte fiscal com o governo oferecendo reajustes a várias categorias preocupa”, ressalta.

Para o economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti, “quando as notícias boas da China chegam, as emergentes ligadas às commodities, como o real, são favorecidas. Com os estímulos, as importações devem aumentar por lá”.

Beyruti entende, contundo, que o momento não é de euforia, mas de cautela: “A tendência ainda é mais negativa, com problemas no crescimento global e a pressão inflacionária que não mostra nenhum arrefecimento”, analisa.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda com corte de juros inesperado e sinais de retomada da economia na China. o DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,270% de 13,280% % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,790%, de 12,870%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,090%, de 12,220% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,860% de 11,985%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam mistos, após uma recuperação da Dow Jones e do S&P próximo ao fim da sessão, com o crescimento dos temores de recessão colocando os índices em território de correção. Foi a oitava semana consecutiva que a Dow terminou em queda.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,03%, 31.261,90 pontos
Nasdaq Composto: -0,30%, 11.354,6 pontos
S&P 500: +0,01%, 3.901,36 pontos