Bolsa fecha em alta com commodities e fluxo forte de estrangeiros; dólar recua

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Foto: Krzysztof Baranski/ freeimages.com

São Paulo – Em um pregão descolado do exterior, a Bolsa operou todo o dia no positivo e fechou com alta expressiva na faixa dos 108 mil pontos impulsionada pelas ações de empresas ligadas às commodities, com destaque para a Vale (VALE3), e o ingresso forte de estrangeiros na aquisição de papéis das chamadas blue chips. 
O principal índice da B3 avançou 1,26%, aos 108.013,47 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro subiu 1,19%, aos 108.805 pontos. O giro financeiro foi de R$ 29,3 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda. 
Segundo José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, a forte alta na Bolsa deve-se ao ingresso expressivo de capital estrangeiro na B3 e “o dinheiro está direcionado para papéis como Vale, Petrobras, Bradesco e Itaú. O movimento positivo também reflete no dólar”. A moeda norte-americana caiu 1,70%, cotada a R$ 5,4660. 
Gonçalves ressalta que os papéis de consumo, após sofreram bastante nas últimas sessões, “estão dando um respiro no pregão de hoje porque o mercado vislumbra uma melhora nos juros”. As ações das Americanas (AMER3) subiram 9,89% e Magazine Luiza (MGLU3) avançaram 7,13%. 
O ingresso de capital estrangeiros, por dia, na B3 tem girado em torno de R$ 1 bilhão desde o início do ano. Na última divulgação, segunda-feira (17), entraram R$ 970,8 milhões. O grande player é o banco canadense Scotiabank e as aquisições são claras em ações tradicionais como Vale, Bradesco, Petrobras e Itaú, as chamadas blue chips. Até hoje a instituição financeira comprou R$ 790 milhões de papéis do Bradesco (BBDC4); R$ 913 milhões do Itaú (ITUB4); R$ 430 milhões de Vale (VALE3) e R$ 150 milhões de Petrobras (PETR4). 
Enquanto o Ibovespa subiu 3,50% no ano, as ações da Vale avançaram 13%; Petrobras 11%, Itaú 12% e Bradesco 10%. 
As ações da Vale (VALE3) e siderúrgicas avançam com a valorização do minério de ferro na bolsa de Dailan-3,83%- em meio aos incentivos dados pelo governo chinês para alavancar a economia do país. Os papéis da Vale (VALE3) subiram 2,20%, Usiminas (USIM5) Gerdau (GGBR4) e CSN (CSNA3) valorizavam respectivamente 1,26%, 1,53% e 2,63%. 
 
O dólar comercial fechou em R$ 5,4660, com queda de 1,70%. A moeda norte-americana foi fortemente impactada pela alta das commodities no mercado internacional e o fluxo positivo da bolsa de valores. 
De acordo com o analista da Toro Investimentos, Helder Wakabayashi, “o movimento de hoje é um alívio do rali que ocorreu ontem. O fluxo na bolsa, incrementado pelas commodities, ajuda o câmbio”. 
Wakabayashi acredita, porém, que este é um movimento com pouco fôlego: “É apenas um alívio momentâneo. Com o aumento dos juros nos Estados Unidos, este cenário deve mudar, mas nos próximos dias o real ainda tem espaço para cair”. 
Segundo fonte ouvida pela CMA, “o dólar está perdendo para várias, inclusive para as emergentes. Isso reflete a alta das commodities no mercado internacional, o que ajuda muito nas exportações. O fluxo de quase R$ 1 bilhão na bolsa também foi muito positivo para o câmbio”. 
A fonte, contudo, não acredita que o dólar fique abaixo dos R$ 5,40: “Está ocorrendo uma correção, mas é um ano muito difícil, com muitos ruídos fiscais. A desvalorização do dólar é pontual e não uma tendência”, analisa. 
Para o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flavio Serrano, “o real tende a se ajustar um pouco, num movimento de correção, mas precisamos monitorar os Treasuries”. 
Serrano acredita que, neste momento, R$ 5,70 é o teto para o dólar: “Poderia chegar a R$ 5,30, mas o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) hawkish (duro, propenso ao aumento dos juros), além do cenário político-fiscal doméstico, não deixam que isso aconteça”, avalia. 
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda com o mercado precificando menor risco país. O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,015% de 12,085% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 11,630%, de 11,550%, o DI para janeiro de 2025 com taxa de 11,260% de 11,470%, na mesma comparação, e o DI para janeiro de 2027 ia a 11,240%, de 11,450% antes, e. No mercado de câmbio, o dólar com vencimento para janeiro operava em queda, cotado a R$ 5,4660 para venda. 
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, com o Nasdaq caindo 1,15%, 10% a menos do que seu recorde de novembro de 2021, após os investidores repercutirem os balanços das empresas e ainda avaliarem a alta dos juros dos Treasuries norte-americanos. 
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos 
Estados Unidos após o fechamento:  
            Dow Jones: -0,96%, 35.029,17 pontos
            Nasdaq 100: -1,15%, 14.340,3 pontos
            S&P 500: -0,96%, 4.532,89 pontos