Bolsa fecha em alta após decisão de juros nos EUA; dólar recua

586

São Paulo- A Bolsa fechou em alta, quase na máxima do interdiário [122.746,72 pts], em dia de decisão de juros nos Estados Unidos e com os investidores absorvendo as falas do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, que deixou a porta aberta se for necessário novos aumentos de juros, mas com o mercado apostando em um final de ciclo de aperto monetário.

Após, a pausa de junho, o Fed elevou os juros para 0,25 ponto porcentual (pp) para uma faixa entre 5,25% e 5,50%, dentro do consenso do mercado.

Por aqui, mais cedo, a agência de classificação de risco Fitch elevou a nota de crédito do Brasil de BB- para BB, com perspectiva estável. Segundo o relatório, a melhora na classificação deve-se à estabilização econômica. Em junho, a Standard & Poor’s, outra agência de classificação de risco, tinha revisado a nota do Brasil de estável para positiva, mantendo a nota em BB-.

Ainda por aqui, os investidores ficam atentos ao relatório de produção da Petrobras (PETR3 e PETR4), que será divulgado após o fechamento.

O principal índice da B3 subiu 0,45%, aos 122.560,38 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 0,57%, aos 123.570 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Beto Saadia, economista e sócio da Nomos, disse que o Fed deixa a porta aberta para mais uma alta de 0,25 ponto porcentual (pp)” entra num momento de fim de ciclo perigoso; alguns dados mostram que a atividade americana está desacelerando, mas para alguns membros do Fed é preciso mais, principalmente para desaquecer o mercado de trabalho”.

Alex, Lima, estrategista-chefe da Guide Investimentos, disse que o Powell “manteve o template de ser condicional e vai depender dos dados [para tomar a decisão nas próximas reuniões], mas já está na fase final do ciclo e não muda muito cenário para mercados; acho possível mais um aumento de 0,25pp, tem simetria baixista, mas existe mais probabilidade de não dar [o aumento] do que dar; o ponto favorável é que não estão projetando mais recessão”.

Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, disse que a Bolsa chegou a subir com as falas de Powell, mas está difícil de ele sinalizar quais serão os próximos passos da política monetária. ” Powell está querendo deixar a porta aberta para fazer o que tem que fazer na próxima decisão; disse que o dado de inflação mais comportado não seria suficiente para pausar o ciclo, mas é possível ver efeito das altas de juros no processo de desinflação; é possível a gente ver o ciclo de alta se encerrando de 0,25pp, é o que o mercado está acreditando como está difícil uma sinalização do Powell, na dúvida o mercado está acreditando que vai pausar o ciclo, mas ainda é preliminar; sexta-feira tem PCE, depois dados de emprego; hoje vamos sair sem sinalização mais clara, mas podemos dizer que é um comunicado mais dovish”.

Pedro Canto, analista CNPI da CM Capital, disse que a Bolsa opera de lado com tendência negativa em dia de definição de juros nos Estados Unidos. “O Ibovespa tem um comportamento parecido com as bolsas internacionais e fica em compasso de espera para a decisão do Fed e o comunicado, as commodities estão pesando no índice com Petrobras e Vale, a Vale sofre com o balanço da Rio Tinto que veio negativo [lucro líquido de US$ 5,12 bi 1S23, queda de 43% ante igual período de 22], as ações dos bancos oscilando entre perdas e ganhos ainda repercutindo o fim dos JCPs [juros sobre capital próprio]; o mercado fica na expectativa do balanço de amanhã da Vale”.

O dólar fechou em queda de 0,44%, cotado a R$ 4,7280. A moeda refletiu a decisão dos juros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), alinhada com as expectativas do mercado, e a elevação de crédito do Brasil.

O Fed anunciou um aumento de 0,25 ponto percentual (pp) na taxa de juros, a elevando à faixa entre 5,25% e 5,5%. A instituição não descartou novos aumentos.

A Fitch, agência de classificação de risco, elevou a nota do Brasil de BB- para BB, o que intensificou a já grande entrada de capital estrangeiro no país, beneficiando o real.

Para o head de tesouraria do Travelex Bank Marcos Weigt, o Fed não trouxe nenhuma novidade, e o comunicado deixou espaço para eventuais futuras altas.

Segundo o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, a melhora da nota do Brasil ajuda o câmbio já que aumenta a entrada de capital estrangeiro no país.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, após decisão do Federal Reserve (banco central norte-americano) pela elevação dos juros em 0,25 ponto porcentual para 5,50% – maior inflação nos Estados Unidos em 22 anos. O presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell, descartou cortes ainda esse ano, mas disse que é provável para o ano que vem e reforçou o compromisso com a meta de 2% de inflação.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,605 % de 12,635% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,570 % de 10,635%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,030 %, de 10,080 %, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,125 % de 10,150 % na mesma comparação. Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta quarta-feira em campo misto, com os investidores digerindo a mais recente decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e as declarações do presidente Jerome Powell sobre as perspectivas futuras das taxas de juros.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,23%, 35.520,12 pontos
Nasdaq 100: -0,12%, 14.127,3 pontos
S&P 500: -0,01%, 44.566,75 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Larissa Bernardes / Agência CMA