Bolsa fecha em alta, após decisão de juros nos EUA; dólar encerra a R$ 5,65

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São Paulo -A Bolsa fechou em alta, no último pregão do mês, com o mercado animado após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, cogitar a possibilidade de um corte de juros nos Estados Unidos em setembro, no entanto vai depender dos dados econômicos.

Conforme esperado pelo mercado, foi mantida a taxa de juros no intervalo entre 5,25% e 5,50% ao ano. No mês de julho, o Ibovespa acumulou alta de 3,02%.

Após o Fed, é a vez do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgar a decisão de juros. A expectativa é de manutenção da Selic em 10,5% ao ano (aa).

Desde a abertura, o Ibovespa operou com otimismo puxado pelas ações de peso no índice, como Petrobras (ON, 2,70%; PN, 2,07%+) e Vale (ON, +2,34%).

O destaque positivo no índice ficou para os papéis da Weg (ON, +10,49%) impactado pelo resultado no 2T24.

O principal índice da B3 subiu 1,19%, aos 127.651,81 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 1,02%, aos 128.115 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23 bilhões. Nos Estados Unidos, as bolsas fecharam no positivo.

Rafael Weber, analista da RJI Gestão e Investimentos, disse que a fala do Powell valida a possibilidade de corte de juros em setembro.

“O presidente do Fed deu uma guinada no discurso corroborando para um corte de juros em setembro. Ele foi pontuando inflação e mercado de trabalho e viu de forma positiva a melhora dos dados. Em nenhum momento mostrou que os dados não levariam ao corte de juros. Só mudará o cenário se os indicadores vierem muito ruins, se forem dentro da margem não vão fazer preço. Teremos clareza maior de outros cortes, quando tiver a redução em setembro”.

Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, disse que o bom humor vem das ações ligadas às commodities e um cenário mais positivo no exterior com expectativa de sinalizações de corte de juros pelo Fed.

“Na contramão dos dias anteriores, as commodities sobem e puxam o Ibovespa. Na China, o relatório de produção de aço veio acima de meses anteriores e favoreceu o minério. Já o petróleo avança com aumento das tensões no Oriente Médio, após a morte do líder do Hamas no Irã. As varejistas também avançam. Mas a grande expectativa para hoje gira em torno do comunicado do Fed em que o mercado espera que a autoridade monetária sinalize corte de juros em setembro e pistas para os próximos meses devido a melhora de dados econômicos, principalmente inflação. A sinalização do Fed também ajuda os nossos ativos”.

Moreira também destacou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), após o fechamento.

“O comunicado deve ser mais duro e o mercado espera que os membros do Comitê mencionem o fiscal, principalmente o dólar, com as recentes altas. Além disso, espera pelo guidance [projeções futuras]”.

O sócio da One Investimentos também mencionou que “talvez podemos ver uma redução dos ganhos no pré-Fed ou pode continuar nesse avanço”.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que a Bolsa sobe com Vale e Petrobras.

“Com o PMI fraco na China, o mercado está trabalhando em um possível estímulo na economia, por isso que a Vale e as mineradoras estão perfomando bem; a Petrobras se beneficia da alta do petróleo por causa da tensão no Oriente Médio devido à morte do líder do Hamas por Israel. Já se fala em um revide”.

O dólar comercial fechou a R$ 5,6537 para venda, com valorização de 0,64%. Às 17h10min, o dólar futuro para agosto tinha alta de 0,93% a R$ 5.662,500. O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de unidades, tinha baixa de 0,46% a 104,07 pontos.

A moeda americana reduziu a elevação após a decisão do Fed e a fala de seu presidente, Jerome Powell, mas permaneceu em alta e voltou a acentuar o movimento por pressão da disputa pela Ptax.

O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) manteve a taxa de juros no intervalo entre 5,25% e 5,50% ao ano e abrandou a mensagem em relação à inflação e ao mercado de trabalho, conforme precificação do mercado.

O presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizou que existe uma possibilidade de avaliar o corte em setembro, dependendo dos dados econômicos.

“O Powell disse que vai avaliar se será possível cortar juros em setembro. Os três cortes estão descartados, vejo só dois. Não foi um comunicado dovish. A moeda ainda está em alta por conta da pressão da Ptax e o Real é o pior entre seus pares. Amanhã teremos mais noção do cenário e na sexta-feira o payroll vai sacramentar a ata”, disse Vanei Nagem, sócio da Pronto! Invest.

Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, disse que o comunicado do Fed não foi exatamente dovish e sem sinalização de redução de juros em setembro. “Vários pontos de alívio na comunicação do Fed, ao caracterizar a criação de empregos como moderadas (fortes, anteriormente), com o trecho sobre ‘algum’ progresso em direção à meta de inflação (modesto, anteriormente), que a inflação se moveu para uma posição mais equilibrada e mudando o trecho sobre o fato de o comitê seguir atento aos riscos de inflação para a frase de que o Fed está atento aos riscos para ambos os lados. Diria que não tem sinais de queda de juros em setembro nesse comunicado, ou seja, vai precisar de dados de inflação muito benignos à frente”.

Segundo ele, fazia muito tempo que não se via o Powell tão incisivo sobre o próximo movimento das Fed Funds e, apesar do comunicado neutro, o tom da coletiva foi muito dovish, pavimentando o início dos cortes de juros na próxima reunião (18/set). “Mesmo a pergunta sobre um corte de 0,50% não foi negada de forma veemente, Powell só afirmou que não é algo que estamos considerando agora. Além disso, na pergunta sobre uma possível discussão de corte de juros hoje, Powell não negou, apenas respondeu que a manutenção de juros foi unânime'”, complementou.

Borsoi manteve o cenário de dois cortes de juros em 2024, um em 18/set e outro em 18/dez, “mas acredito que o mercado vai flertar com a precificação de três cortes este ano, ou um ciclo mais agressivo, principalmente se o payroll de sexta e os dados de inflação continuarem na dinâmica recente”.

Japão

Mais cedo, Rafael Passos, analista da Asset Management, disse que o dólar subia puxado por Japão e em dia de disputa pela formação de Ptax. “Foi uma surpresa [o BoJ] elevar juros, com o fim da política de acomodação, e com anúncio da redução da compra de ativos, o que mostra uma depreciação das moedas de países emergentes-como Brasil e México. O segundo fator é dia de vencimento e traz pressão para o Real com a alta do dólar até ter a formação da Ptax””

O Banco do Japão (BoJ) subiu em 0,25% sua taxa de juros, em decisão publicada na madrugada desta quarta-feira. A decisão foi de 7 votos a favor o aumento e 2 contrários. Segundo o comunicado divulgado logo após a decisão, um dos motivos para a subida nos juros foi o aumento do consumo privado.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham mistas, depois de terem aberto em alta, mas passarem a operar majoritariamente em queda durante a maioria do pregão – inclusive depois da decisão do FED de manter as taxas de juros inalteradas, na faixa entre 5,25% e 5,50%.

Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,721% de 10,710% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,645%, de 11,670%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,855%, de 11,935%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,955% de 12,050% na mesma comparação. O dólar comercial operava em alta, cotado a R$ 5,6557.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo positivo, enquanto os investidores digeriram a última decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de manter as taxas de juros inalteradas, o que impulsionou o Nasdaq com o avanço das ações de tecnologia.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,24%, 40.843,08 pontos Nasdaq 100: +2,64%, 17.599,40 pontos S&P 500: +1,58%, 5.524,74 pontos

 

Com Dylan Della Pasqua, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News