Bolsa e dólar sobem na esperança por vacina contra covid

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Foto: Svilen Milev / freeimages.com

São Paulo – O Ibovespa voltou a acelerar ganhos no fim do pregão e fechou em alta pelo segundo dia seguido, com ganhos de 1,34%, aos 101.790,54 pontos, em meio ao otimismo trazido pelos testes da vacina da norte-americana Moderna contra o coronavírus. A esperança do mercado sobre uma solução definitiva para a pandemia ofusca preocupações com a tensão entre Estados Unidos e China e com o avanço da pandemia em algumas regiões.

Na máxima do dia, o índice chegou a ultrapassar os 102 mil pontos (102,113,51 pontos) rapidamente, mas não conseguiu sustentar o patamar. O Ibovespa não fecha acima deste nível desde o dia 5 de março (102.233,24 pontos). O volume total negociado hoje foi de R$ 39,5 bilhões.

Para o sócio da Criteria Investimentos, Vitor Miziara, a notícia de avanços na vacina da Moderna foi suficiente para manter Bolsas em alta. “A Moderna anunciou que 100% dos 45 testados tiveram anticorpos e vai testar, agora, em um grupo de 30 mil pessoas. Caso essa nova fase de testes dê certo, ela terá a liberação para a produção em massa da vacina. Foi uma notícia positiva, um passo importante”, disse.

As esperanças com a vacina ajudam a compensar preocupações com o aumento de casos de covid-19, que bateram novo recorde nos Estados Unidos nas últimas 24 horas. A situação entre Estados Unidos e China também segue no radar, mas não chegou a ter grande impactos nos mercados hoje, embora tenha potencial para trazer mais tensão.

Mais cedo, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse hoje que o país está pronto para reagir a qualquer ameaça ou ação desestabilizadora da China. Em live da rede “The Hill”, Pompeo criticou a postura da China em relação à militarização do Mar do Sul chinês.

Entre as ações, as da Vale (VALE3 0,01%), que recuavam e chegaram a fazer o Ibovespa a reduzir ganhos mais cedo, viraram no fim do dia e fecharam praticamente estáveis. Por outro, a siderúrgica CSN (CSAN3 -2,13%) seguiu em queda e fechou entre as maiores perdas do índice, ao lado da MRV (MRVE3 -1,86%) e do IBR Brasil (IRBR3 -1,82%). Já as maiores altas do índice foram da Sabesp (SBSP3 8,04%), da CVC (CVCB3 8,31%) e da Embraer (EMBR3 9,36%).

Na agenda de amanhã, há vários indicadores que podem influenciar os mercados e definir se o Ibovespa irá buscar novos patamares, começando pelos dados da China de produção industrial, vendas no varejo, investimentos e Produto Interno Bruto (PIB). Já na Europa, o foco será de decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), seguido de entrevista coletiva da presidente do BCE, Christine Lagarde. Nos Estados Unidos, por sua vez, serão divulgados dados como as vendas no varejo de junho e os pedidos de seguro-desemprego.

No Brasil, não há indicadores relevantes, mas o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participa de live às 14h, enquanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, fala em evento às 19h10.

O dólar comercial fechou em alta de 0,67% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3840 para venda, em mais uma sessão de instabilidade da moeda no qual operou nos campos positivo e negativo, acompanhando o exterior em meio às notícias sobre resultados mais positivos de testes de vacina contra o novo coronavírus. Por outro lado, a preocupação quando a relação entre norte-americanos e chineses e os números crescentes da covid-19 nos Estados Unidos deram tom negativo à divisa.

O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, destaca que a moeda operou nas mínimas da sessão, abaixo de R$ 5,30, influenciado pelo otimismo com a notícia de novos avanços em vacinas contra a covid-19. “Porém, o pessimismo com o agravamento das tensões entre os Estados Unidos e a China, no qual renovou as preocupações dos investidores, deram o tom negativo para a moeda no mercado doméstico”, comenta.

Rugik acrescenta que as previsões para a economia norte-americana divulgadas no Livro Bege, relatório do Federal Reserve (Fed,o banco central norte-americano), no qual reportou preocupações com o futuro do mercado de trabalho nos Estados Unidos, corroboraram para o avanço da moeda, que renovou máximas sucessivas na reta final dos negócios.

Amanhã, o mercado deverá abrir reagindo aos números que sairão hoje à noite de vendas no varejo e da produção industrial chinesa, em junho, além do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do país asiático no segundo trimestre. Nos Estados Unidos, também saem os dados de vendas no varejo no mêspassado, enquanto na Europa, tem decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE).

“A expectativa é de números melhores na China, o que pode dar ânimo aos mercados na abertura [dos negócios]. Os dados chineses vindo bons, poderemos ter uma realização, principalmente, após a sessão mais negativa hoje. Mas investidores devem seguir atentos ao noticiário quanto uma possível onda de novo coronavírus”, pondera a estrategista de câmbio do banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli.