Bolsa e dólar sobem em dia de influência externa nos mercados

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São Paulo – O Ibovespa encerrou a sessão de hoje em alta de 0,42%, aos 111.878,53 pontos. O índice iniciou a sessão em queda, refletindo uma realização de lucros por parte dos investidores após a forte alta de ontem, porém, no início da tarde passou a subir acompanhando o mercado acionário norte-americano.

O analista da Mirae Asset Corretora, Pedro Galdi, destacou na manhã de hoje que o mercado seguia fraco, mesmo após os legisladores norte-americanos terem apresentado um pacote para aprovação de estímulo de US$ 908 bilhões.

“Em relação a vacina o Reino Unido autorizou o uso emergencial da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela americana Pfizer em parceria com a alemã BioNTech a partir da próxima semana. Na Alemanha também há sinalização de que a vacinação se inicie em breve”, explicou Galdi.

No período da tarde, a presença equilibrada do investidor estrangeiro nas duas pontas (compradora e vendedora) reduz o ímpeto da renda variável local.

“Hoje o ‘gringo’ não está comprando e o [investidor] local não quer vender”, resume um operador sênior de renda variável de uma corretora local. Ele lembra que foi o apetite voraz do investidor estrangeiro por ações brasileiras que içou o Ibovespa no mês passado. Dados divulgados pela B3 mostram que o fluxo de capital externo na Bolsa [mercado secundário] encerrou novembro com o saldo positivo recorde em R$ 33,3 bilhões.

Segundo a economista da Toro, Paloma Brum, enquanto as ações da Petrobras tentam firmar o Ibovespa no campo positivo, a queda dos papéis de mineradoras pesa no índice acionário. Enquanto a petroleira aguarda decisão dos países exportadores de petróleo (Opep) sobre cortes na produção da commodity, a Vale reage aos números sobre a produção de minério de ferro em 2020 e projeções (guidance) para 2021.

As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) encerraram a sessão em alta de 1,21%, enquanto a ação ordinária da Vale (VALE3), finalizou o pregão com desvalorização de 1,74%.

Entre as ações que fazem parte do Ibovespa, a maior alta ficou com a ação ordinária da Hering (HGTX3), com valorização de 6,13%, seguida pelo papel preferencial da Gol (GOLL4), com avanço de 5,36%. Por outro lado, a maior queda ficou com a ação ordinária da Suzano (SUZB3), com recuo de 5,01%, e do papel PNA da Braskem (BRKM5), com retração de 4,87%.

O dólar comercial fechou em alta de 0,24% no mercado à vista, cotado a R$ 5,2410 para venda, em sessão volátil de ajustes após a forte queda ontem, de mais de 2%, além de acompanhar o exterior onde a maioria das moedas de países emergentes perderam terreno para a divisa norte-americana também na esteira da correção dos ativos.

O especialista da Portofino Investimentos, Thomás Gilbertoni, destaca o viés de ajuste da sessão, em linha com o exterior, após os ganhos recentes. “Mesmo em uma sessão de notícias positivas sobre vacinas”, comenta. Hoje, o Reino Unido autorizou o uso de emergência da vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pela Pfizer e BioNTech. Em comunicado, o governo britânico disse que as doses estarão disponíveis a partir da próxima semana, após os testes do medicamento terem taxa de eficácia de 95%.

Enquanto aqui, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que as primeiras doses da vacina desenvolvida pela Astrazeneca e pela Universidade de Oxford devem chegar ao país no primeiro bimestre de 2021, com expectativa de que sejam importadas 100 milhões de doses no primeiro semestre.

Apesar da alta exibida na segunda parte dos negócios, a moeda operou com forte volatilidade indo ao menor valor intraday desde 31 de julho nas mínimas de R$ 5,20. O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, destaca a queda exibida pela manhã refletindo um novo fluxo de entrada de recursos de investidores estrangeiros.

Amanhã, na agenda de indicadores, o destaque fica para os dados de novembro dos índices dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços da China – que sairá hoje -, da zona do euro e dos Estados Unidos, além do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no terceiro trimestre, no qual analistas preevem avanço de 8,8% na comparação com o segundo trimestre deste ano.

“O mercado volta a avaliar as economias como um todo em meio aos ‘lockdowns’ na Europa e em parte dos Estados Unidos no mês passado. Os PMIs ajudam muito nesse termômetro, para ver se a segunda onda [de contaminação por covid-19] está prejudicando ou não o crescimento dessas economias”, avalia Gilbertoni.

Em relação ao PIB brasileiro, ele acrescenta que o resultado do trimestre passado pode ser também um termômetro de como o Brasil deverá fechar a economia neste ano e um sinal de como a nossa economia vai se comportar em 2021.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerraram a sessão em queda, mantendo a trajetória vista desde a abertura do pregão, a despeito do vaivém do dólar. O movimento foi conduzido pela percepção de maior compromisso do governo com o ajuste fiscal. A emissão externa do Tesouro Nacional e os dados fracos da produção industrial brasileira também favoreceram a retirada de prêmios na curva a termo.

Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 3,07%, de 3,13% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 terminou projetando taxa de 4,64%, de 4,81% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,39%, de 6,57%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,23%, de 7,36%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano fecharam o dia sem uma direção comum, depois de ensaiarem uma recuperação com a notícia de que as negociações para um novo pacote de estímulos estão ganhando impulso após meses de impasse.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,20%, 29.884,78 pontos

Nasdaq Composto: -0,05%, 12.349,40 pontos

S&P 500: +0,17%, 3.669,00 pontos