Bolsa e dólar fecham em alta com reforma e inflação nos EUA

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Foto: Pexels

São Paulo – O Ibovespa fechou em alta acima dos 128 mil pontos. O movimento altista se deu na segunda metade do pregão com a repercussão do parecer da reforma tributária, após operar toda a manhã em baixa brigando com os 127 mil pontos. O principal índice da B3 encerrou os negócios com ganho de 0,44%, aos 128.167,74 pontos.

O relator da proposta da reforma tributária, o deputado Celso Sabino (PSDB-PA) entregou hoje o texto aos líderes partidários em uma reunião na casa oficial do presidência da Câmara. Ele propõe reduzir a tributação do Imposto de Renda sobre as empresas, a isenção de taxação dos Fundos Imobiliários de taxação e manter taxação sobre os dividendos como na proposta original do governo, entre outras mudanças.

Os analistas Ativa Investimentos comentaram que “os investidores repercutem a divulgação do parecer da reforma tributária, que entre outras mudanças, exclui a tributação de FIIs, uma das partes da proposta que mais mexeram com o mercado”. Com a notícia, os bancos melhoraram a performance e passaram a subir.

Pela manhã, a Bolsa registrou retração com os investidores repercutindo os dados da inflação nos Estados Unidos. Para a economista-chefe da Reag Investimentos, a queda na Bolsa refletiu a inflação nos Estados Unidos e o cenário político local bastante conturbado.

“Os dados de inflação não deve mudar muito a visão do Fed [Federal Reserve, banco central norte-americano] de que as pressões transitórias sobre preços vão permanecer no núcleo da inflação e podem estar chegando ao fim, com o risco de retorno negativo no próximo ano”.

Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor subiu 0,9% em junho em comparação com maio. Os analistas previam alta de 0,5%. O núcleo do índice de preços ao consumidor subiu 0,9% em junho, após registrar alta de 0,7% em maio.

O dólar comercial encerrou a sessão em alta de 0,15%, a R$ 5,1810 para venda, com investidores digerindo dados de inflação nos Estados Unidos, preocupação com a variante delta da covid-19 e também com a expectativa da temporada de balanços corporativos nos Estados Unidos, considerado um redar para a retomada da economia.

“A semana começou com muitas informações e isso trouxe muita incerteza aos investidores. Amanhã tem IBC-Br no Brasil e pode trazer ainda mais incerteza caso não venham dados mais firmes no mercado externo. O investidor está precisando de um indicador esclarecedor, mas ainda não se sabe qual seria esse indicador”, explicou um operador de câmbio de uma grande corretora.

“O dólar reverte avanço, depois de chegar a ser negociado no patamar de R$ 5,22, diante do CPI [Indice de Preços ao Consumidor] americano mais alto do que o esperado. Yields dos Treasuries 10 anos também reverteram alta. Indice Dólar desacelera levemente seu avanço. Juros futuros seguem pressionados após inflação ao consumidor nos EUA subir 0,9%, maior patamar desde 2008”, explicou Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos.

O índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos subiu 0,9% em junho na comparação com o mês anterior, já descontados os fatores sazonais, segundo dados do Departamento de Trabalho do país. Analistas previam alta de 0,5%. Em maio, o índice subiu 0,6% em comparação com o mês anterior. Nos 12 meses até junho, o índice de preços ao consumidor subiu 5,4%. O mercado previa alta de 5,0% em base anual.

Pela manhã, o dólar comercial apresentava alta diante de um movimento global de valorização da moeda norte-americana frente a moedas de países emergentes e de países produtores de commodities.

“Lá fora o dólar ganha de seus pares e das moedas emergentes e ligadas as commodities. Aqui deveremos ter uma abertura em alta, acompanhando o desempenho visto no exterior, Internamente, além de olhar o cenário externo, agentes locais ficarão atentos ao novo texto da reforma do Imposto de Renda, que traz ajustes importantes negociados com Paulo Guedes e fluxos, que tem potencial para deixar o real descolado de outras moedas”, explicou Guilherme Esquelbek, da Correparti Corretora de Câmbio.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em alta com os investidores repercutindo os dados da inflação ao consumidor norte-americano, que vieram mais salgados do que o esperado por analistas.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 fechou com taxa de 5,840%, de 5,815% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 7,400%, de 7,335%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,43%, de 8,38% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,85%, de 8,78%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano fecharam o dia em queda, pressionados por mais um dado de inflação acima das previsões e também por resultados mistos de alguns dos grandes bancos dos Estados Unidos. O Dow Jones perdeu 100 pontos, enquanto o S&P 500 recuou do recorde intradiário de hoje.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -0,31%, 34.888,79 pontos

Nasdaq Composto: -0,38%, 14.677,70 pontos

S&P 500: -0,35%, 4.369,21 pontos