Bolsa e dólar caem em dia de coronavírus e leilão do BC

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São Paulo – Após dois dias de ganhos, o Ibovespa caiu 0,86%, aos 115.662,40 pontos, refletindo a volta de preocupações em torno do coronavírus, depois que a China reportou um salto no número de casos em função de novos métodos de diagnóstico. As ações de bancos também pesaram negativamente hoje, devolvendo ganhos recentes. O volume negociado foi de R$ 21,5 bilhões.

“O motivo para a queda é o mesmo, o coronavírus. O humor voltou a ficar um pouco mais negativo em função do aumento de casos e há receio de impacto nos preços de commodities”, disse o sócio-presidente da DNAInvest, Alfredo Sequeira.

O número de casos confirmados de infecção causada por coronavírus na China subiu em 15.152, para 59.804, já número de mortes subiu para 1.367, acima de 1.113 relatadas ontem. O salto trouxe ruídos ao mercado e ocorreu devido a métodos novos e mais rápidos de diagnósticos na província de Hubei, de acordo com a Comissão Nacional de Saúde do país.

Entre as ações, as de bancos estão entre as que mais pesaram para a queda do Ibovespa, caso do Santander (SANB11 -1,94%) e do Bradesco (BBDC3 -2,35%; BBDC4 -1,91%). Os papéis haviam subido recentemente com balanços positivos. Além disso, o Banco Central (BC) tem tomado medidas para estimular a concorrência no setor bancário, como estímulos para fintechs, o que foi reafirmado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, em entrevista ontem, e traz receio de que grandes bancos percam fatia de mercado.

Entre as maiores perdas do Ibovespa ficaram as ações da Braskem (BRKM5 -3,23%), do IRB Brasil (IRBR3 -2,67%) e do Fleury (FLRY3 -3,49%). Já as maiores altas foram das ações da Suzano (SUZB3 3,25%), depois que um resultado financeiro positivo, da Marfrig (MRFG3 4,82%), da Usiminas (USIM5 4,96%) e da B2W (BTOW3 3,38%).

Amanhã, investidores devem ficar atentos a uma agenda de indicadores mais cheia, que começa com dados de produção industrial, vendas no varejo e investimentos da China. Nos Estados Unidos, também serão divulgados números de produção e varejo, além de preços de importação entre outros. Já no Brasil, o BC divulgará o índice de atividade econômica (IBC-Br) referente a dezembro.

Para o estrategista-chefe da Levante Investimentos, Rafael Bevilacqua, investidores também continuarão monitorando o coronavírus, que ainda pode trazer volatilidade e preocupações, embora elas tenham arrefecido desde o início do surto. “Se tem algo que é necessário observar todos os dias para saber a direção dos investidores (pelo menos por enquanto) são os números de novos casos do coronavírus divulgados pela província de Hubei”, disse.

O dólar comercial fechou em queda de 0,45% no mercado à vista, cotado a R$ 4,3320 para venda, interrompendo cinco pregões seguidos de alta e quatro fechamentos consecutivos de máximas históricas. O recuo da moeda no mercado doméstico refletiu a atuação do Banco Central (BC) no qual fez uma operação “surpresa” de swap cambial tradicional – equivalente a venda de dólares no mercado futuro após a moeda abrir o pregão na máxima histórica a R$ 4,3830, quando a moeda renovou recorde no intraday.

O diretor de mesa de câmbio de uma corretora nacional destaca que após o aviso do BC, às 10 horas, a moeda entrou em leilão voltando a operar abaixo da casa dos R$ 4,35 e passou a registrar mínimas sucessivas (a R$ 4,31).

“Foi um movimento de desmonte de posições defensivas, que claramente respeitou a forte intervenção da autoridade monetária”, ressalta.

Amanhã, na agenda de indicadores, o destaque fica para os dados de atividade da China, de produção industrial e vendas no varejo, no mês passado. Nos Estados Unidos, saem os dados de venda no varejo e a produção industrial, em janeiro. “Se os números vierem fortes, o dólar seguirá fortalecido e poderemos sentir por aqui”, diz o diretor de câmbio do Ourominas, Mauriciano Cavalcante.

Aqui, sai a prévia do Produto Interno Bruto (PIB), o IBC-Br – divulgado pelo BC – no qual investidores aguardam os números para a leitura da atividade econômica no quarto trimestre do ano passado. A projeção é de queda de 0,20%, segundo o Termômetro CMA, e pode interromper quatro altas seguidas. Os números anteriores da produção industrial, vendas no varejo e de serviços vieram abaixo do esperado.