Bolsa cai pelo 5º dia seguido e dólar sobe

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Por Danielle Fonseca e Flávya Pereira

São Paulo – O Ibovespa encerrou em queda pelo quinto pregão consecutivo, com perdas de 0,25%, aos 115.946,00 pontos, puxado por dados mais fracos da produção industrial e pelas ações do setor bancário. O índice não tinha uma sequência de cinco baixas seguidas desde março de 2019 e fechou na faixa de 115 mil pontos pela primeira vez no ano. O volume total negociado foi de R$ 23,2 bilhões.

“O dado da indústria está pesando, ele caiu mais do que o esperado e apagou um pouco do otimismo que o mercado tem com a recuperação da economia doméstica”, disse o analista da Toro Investimentos, Rafael Winalda. A produção industrial brasileira caiu 1,2% em novembro ante outubro, mais do que a queda de 0,6% esperada por analistas ouvidos pela Agência CMA.

Para o analista da Mirae Asset Corretora, Pedro Galdi, o Ibovespa também ainda passa por “um processo de ajuste/realização com a forte alta dos preços das ações no mês de dezembro”.

Já entre as ações, as de bancos pesam hoje e ficaram entre as maiores quedas do índice, caso do Banco do Brasil (BBAS3 -2,03%). Entre os motivos que podem ter pesado sobre o setor está o receio de maior concorrência, depois que a Caixa Econômica afirmou que deve lançar um departamento de atacado, para atender médias empresas. As ações da Cielo (CIEL3 -6,13%) também encerraram entre as maiores perdas depois que o Bradesco BBI reduziu a recomendação de manutenção para venda para os papéis da companhia.

Na contramão, as maiores altas do índice foram da B2W (BTOW3 5,05%), do IRB Brasil (IRBR3 3,81%) e do Magazine Luiza (MGLU3 3,56%).

No exterior, por sua vez, as bolsas norte-americanas fecharam em alta com menor preocupação com a situação geopolítica no Oriente Médio e após dados melhores de seguro desemprego nos Estados Unidos. Também há expectativa de que ocorra na semana que vem, dia 15 de janeiro, a assinatura da primeira fase de um acordo comercial com a China, conforme confirmado hoje pelo presidente norte-americano, Donald Trump.

Amanhã, investidores devem ficar atentos aos números de criação de emprego nos Estados Unidos, conhecidos como payroll, além da divulgação do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro no Brasil.

Para o economista da Órama Investimentos, Alexandre Espírito Santo, apesar das quedas recentes, a expectativa segue positiva para o Ibovespa, porém, serão necessários “fatos novos positivos para o índice voltar a andar mais forte”. Esses fatos podem ser a confirmação de uma próxima temporada de balanços positiva e o andamento de reformas após a volta do Congresso. “Por enquanto acredito que o Ibovespa pode oscilar entre 114 e 117 mil pontos”, disse

Já o dólar comercial fechou em alta de 0,76% no mercado à vista, cotado a R$ 4,0860 para venda, em meio ao ambiente de cautela e de dúvidas quanto ao cenário econômico doméstico após dados mais fracos da produção indústria, o que refletiu em volatilidade da divisa estrangeira ao longo da sessão.

O analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho, reitera que, apesar do clima mais tranquilo entre Estados Unidos e Irã, o dólar operou em alta por toda a sessão influenciado pelo resultado “pior que o esperado” da produção industrial com queda de 1,2% em novembro na comparação mensal.

“Acendeu o alerta sobre o real ritmo de recuperação da economia local e ao mesmo tempo, justifica o ajuste para baixo das previsões do PIB [Produto Interno Bruto] para este ano”, avalia.

Ele acrescenta que, lá fora, a moeda estrangeira ganhou força em relação às moedas pares e de países emergentes, o que respingou no desempenho do dólar no cenário doméstico. “Apesar do relativo bom humor dos investidores [exibido no mercado de ações], o dólar se fortaleceu lá fora”, ressalta.

Amanhã, sai o principal indicador da semana, o relatório de emprego dos Estados Unidos, o payroll. A expectativa é de criação de 160 mil vagas em dezembro após a abertura de 266 mil novos postos de trabalho. “A expectativa é de que o mercado de trabalho siga sustentando a economia norte-americana, masa atenção sempre fica na renda mensal do trabalhador”, comenta o operador de uma corretora local.