Bolsa acelera no fim do pregão e sobe 1% após dados de emprego nos EUA

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Por Danielle Fonseca e Flávya Pereira

São Paulo – O Ibovespa fechou em alta de 1,01%, aos 102.551,32 pontos, acelerando ganhos no fim do pregão em linha com as fortes altas das bolsas norte-americanas, que ensaiaram uma recuperação apostando em novo corte da taxa de juros depois de dados mistos do mercado de trabalho nos Estados Unidos, conhecidos como “payroll”. O volume total negociado foi de R$ 15,6 bilhões.

Para o analista da Necton Corretora, Glauco Legat, a impressão é que o
payroll, que veio com dados mistos, e o discurso do presidente do Jerome
Powell, apontaram para a “possibilidade de uma política monetária mais
expansionista”, o que trouxe alívio para os mercados acionários hoje, depois de uma semana negativa com receio de uma desaceleração mais forte da economia do país.

A economia dos Estados Unidos criou 136 mil vagas de trabalho em setembro e a taxa de desemprego caiu para 3,5%, de 3,7% em agosto. O número de criação de vagas veio abaixo da projeção dos analistas, que esperavam 140 mil novos postos de trabalho, mas a taxa de desemprego também veio abaixo da previsão, de 3,7%. O salário médio, por sua vez, caiu na base mensal, o que também é observado pelo mercado.

“Com esta nova situação da economia dos Estados Unidos ocorreu um
aumento nas expectativas de que um novo corte seja anunciado pelo Fed já no final deste mês. Vale lembrar que a China ficou fora do radar na semana passada, por conta de seu feriado estendido de sete dias”, reiterou o analista da Mirae Asset Corretora, Pedro Galdi, em relatório.

Entre as ações, as da Vale (VALE3 2,42%) e de siderúrgicas, como Gerdau
(GGBR4 2,03%) ficaram entre os destaques positivos, mostrando recuperação depois de fortes quedas na quarta-feira. Já as maiores altas do índice foram dos papéis da Raia Drogasil (RADL3 6,22%), que informou que pretende abrir 240 novas lojas em 2020, da Notre Dame Intermédica (GNDI3 3,67%) e do Magazine Luiza (MGLU3 3,97%).

Os papéis de bancos, que pesavam negativamente mais cedo, pressionando o Ibovespa, viraram no fim do pregão e fecharam em alta, caso do Itaú Unibanco (ITUB4 033%). Na contramão, as maiores perdas do índice foram do BTG Pactual (BPAC11 -4,43%), da Ultrapar (UGPA3 -1,84%) e da Cielo (CIEL3 -1,41%).

Na semana que vem, as atenções do mercado devem se voltar para a guerra comercial novamente, com previsão de China e Estados Unidos voltem a negociar no dia 10 de outubro. Além disso, Powell voltará a fazer discursos durante a semana, o que deve ser monitorado em busca de sinais de corte de juros, assim como a ata do Fed, que será divulgada na terça-feira (8).

“Sigo relativamente otimista com a Bolsa, mas mais em função de fatores
internos do que com o exterior, que como um todo não está indo bem. Ainda não temos definição para questões como a guerra comercial e Brexit”, disse o analista da Necton.

Já o dólar comercial fechou em queda de 0,75% no mercado à vista, cotado a R$ 4,0580 para venda, no terceiro recuo seguido, acompanhando o exterior onde o mercado reagiu aos números mistos do relatório de empregos dos Estados Unidos, o payroll, encerrando a semana de indicadores mais fracos no país, o que elevou a tensão do mercado quanto a uma desaceleração da economia global, além de reforçar a percepção de que o banco central norte-americano deverá seguir com o corte da taxa de juros.

Além do exterior positivo para moedas de países emergentes, no mercado
doméstico, as expectativas frente ao fluxo de dólares para o país, proveniente de investidores atentos mega leilão do pré-sal previsto para 6 de novembro, geram condições para que a moeda continue cedendo frente ao real, destaca o analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho.

“Reflexo desse cenário foi a baixa demanda pela oferta de US$ 525,0
milhões do Banco Central hoje no mercado spot”, destaca. A operação de
leilão conjugado de venda de dólar à vista e a operação de swap cambial
reverso não teve nenhuma proposta aceita.

Na próxima semana, as agendas de indicadores doméstico, dos Estados
Unidos, da China e da zona do euro poderão ter peso no preço da moeda com a divulgação de dados de inflação e da indústria. Porém, o foco deverá ser o encontro entre norte-americanos e chineses na quinta-feira para mais uma rodada de negociações a respeito da guerra comercial.

“Da reunião pode surgir uma trégua nas penalidades comerciais e ajudar
no humor dos investidores. Pode ser que a piora dos indicadores econômicos leve as negociações em níveis menos explosivos que os observados no passado recente entre ambas as partes, o que pode ser bom para o mercado financeiro se ajustar”, avalia o analista da Mirae, Pedro Galdi.