BCE permanece pronto para ajustar instrumentos, diz ata

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde / Foto: Martin Lamberts/BCE

São Paulo – O Banco Central Europeu (BCE) permanece pronto para ajustar seus instrumentos, inclusive com novas mudanças no tamanho e duração de seus programas de compra de ativos, para apoiar a economia da zona do euro em meio à pandemia de covid-19, diz a ata da reunião mais recente do Conselho da instituição, realizada nos dias 3 e 4 de junho.

Segundo o documento, alguns membros do Conselho tiveram dúvidas sobre o tempo e a escala da extensão do programa de compra de emergência pandêmica (PEPP, na sigla em inglês), que foi ampliado em 600 bilhões de euros, para US$ 1,350 trilhão de euros, e teve sua duração estendida para ao menos até junho de 2021, ante previsão anterior de encerrá-lo no final deste ano.

“Algumas reservas foram expressas sobre o momento exato e a escala proposta da expansão do envelope do PEPP”. As preferências variaram entre um envelope maior ou menor. O argumento para um pacote maior foi baseado no alto grau de incerteza em torno das perspectivas econômicas, nas perspectivas de inflação moderada e até mesmo riscos de deflação.

Ao mesmo tempo, alguns membros defenderam uma abordagem mais cautelosa.

“Foram apresentados vários argumentos a favor de uma menor expansão do PEPP, o que permitiria mais tempo para avaliar a evolução da situação econômica e as perspectivas de médio prazo para a estabilidade de preços”, diz o documento.

“No entanto, considerou-se em geral que não agir na presente reunião poderia desencadear um aperto ainda maior das condições financeiras, em detrimento da recuperação econômica”. Os membros consideraram ainda que o PEPP e o programa de compra de ativos (APP, na sigla em inglês) são “medidas proporcionais” para alcançar a meta de inflação de perto de 2%.

Os membros também concordaram que “Conselho do BCE faria tudo o que fosse necessário dentro de seu mandato e que continuasse pronto para ajustar todos os seus instrumentos, conforme apropriado, para garantir que a inflação se movesse em direção à meta”, incluindo a possibilidade de ajustar ainda mais o tamanho e a composição do PEPP, entre outras medidas.

Com relação aos preços, os membros concordaram que há probabilidade elevada de inflação permanecer abaixo de 1%, com demanda fraca pressionando os preços ao menos até o final deste ano.

Já a recuperação da economia “dependeria crucialmente da duração e da eficácia das medidas de contenção, do sucesso das políticas para mitigar o impacto adverso sobre a renda e o emprego e até que ponto a capacidade de oferta e a demanda doméstica foram afetadas mais permanentemente”.

Por fim, os membros Conselho do BCE disserem que as políticas monetária e fiscal se complementavam cada vez mais na situação atual, e acolheram a proposta do plano de recuperação da Comissão Europeia, de 750 bilhões em estímulos para os países mais afetados pela pandemia.