BCE está monitorando efeitos negativos de juros baixos, diz Lagarde

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde. Foto: Divulgação/ BCE

São Paulo – As medidas de afrouxamento monetário do Banco Central Europeu (BCE) apoiam a economia da zona do euro, mas seu uso prolongado traz riscos e eles estão sendo monitorados, disse a presidente da instituição, Christine Lagarde, em sessão no Parlamento Europeu.

“Nossa política de estímulos apoiou o crescimento econômico, resultando em mais empregos e salários mais altos para os cidadãos da zona do euro”, disse. Segundo ela, o BCE tem usado desde 2014 taxa de depósito negativa, compras de ativos, orientações futuras e operações de empréstimo direcionadas.

“Mas a política monetária não pode e não deve ser o único jogo na cidade. Quanto mais tempo nossas medidas de acomodação permanecerem, maior será o risco de que efeitos negativos se tornem mais pronunciados”, reconheceu Lagarde.

“Temos plena consciência de que o ambiente de baixa taxa de juros afeta a renda da poupança, a avaliação de ativos, a tomada de riscos e os preços de imóveis. E estamos monitorando de perto os possíveis efeitos negativos para garantir que eles não superem o impacto positivo de nossas medidas nas condições de crédito, criação de empregos e renda salarial”.

Lagarde destacou que as medidas do BCE estão sendo adotadas num cenário de desaceleração econômica na zona do euro desde 2018, citando incertezas globais e o enfraquecimento do comércio internacional. “O crescimento moderado também enfraqueceu a pressão sobre os preços, e a inflação permanece alguma distância abaixo da nossa meta de médio prazo”.

Ainda segundo a presidente do BCE, as políticas fiscais e estruturais também devem fazer sua parte para impulsionar a economia da eurozona, “sustentando assim a eficácia de nossas medidas”.

REVISÃO

Por fim, ela disse que o contexto em que o BCE opera é afetado pela digitalização e pelas mudanças climáticas, e esses efeitos precisam ser levados em consideração nas decisões, assim como a arquitetura institucional da União Econômica e Monetária (UEM).

“O BCE tem defendido e continuará defendendo uma UEM mais completa”, disse ela, acrescentando que isso protegerá a Europa contra acontecimentos domésticos e globais adversos. “Também apoiará a influência da Europa no mundo, inclusive tornando o euro mais atraente”.

Desta forma, a revisão da estratégia lançada pelo Conselho do BCE no mês passado “fará um balanço de como a digitalização rápida e a ameaça à sustentabilidade ambiental – juntamente com a globalização e a evolução das estruturas financeiras – transformaram ainda mais o ambiente em que a política monetária opera”, disse.

Lagarde reiterou que a revisão irá considerar todos os aspectos do quadro político do BCE. “Precisamos refletir sobre a melhorar forma de cumprir o mandato de estabilidade de preços do BCE para benefício de todos os cidadãos europeus”, concluiu.