BCE eleva projeção de alta do PIB da eurozona para 5,0% em 2021

398
Foto: M van den Dobbelsteen/ freeimages.com

São Paulo – O Banco Central Europeu (BCE) revisou para cima sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro para este ano, para 5,0%, ante previsão anterior, de junho, de alta de 4,6%, de acordo com a presidente da instituição, Christine Lagarde, em coletiva de imprensa.
O BCE espera expansão de 4,6% no PIB em 2022 e de 2,1% em 2023, praticamente inalteradas ante as projeções de junho. Segundo Lagarde, a recuperação da zona do euro está cada vez mais avançada.
“A economia recuperou 2,2% segundo trimestre do ano, o que foi mais do que o esperado. Está a caminho de um forte crescimento no terceiro trimestre. A recuperação assenta no sucesso das campanhas de vacinação na Europa, que permitiram uma reabertura significativa da economia”. Ela disse que doses de reforço da vacina contra covid-19 podem impulsionar maior crescimento.
Lagarde afirmou que o setor de serviços se beneficia da retirada de restrições, enquanto o setor industrial está apresentando um forte desempenho, “embora a produção continue a ser retida pela escassez de materiais e equipamentos”. Ela disse que problemas de abastecimento devem melhorar no início de 2022.
A presidente do BCE alertou para os riscos da propagação da variante Delta do novo coronavírus. “A propagação da variante Delta até agora não exigiu que as medidas de bloqueio fossem reimpostas. Mas pode desacelerar a recuperação do comércio global e a reabertura total da economia”.
Lagarde disse ainda que os gastos do consumidor estão aumentando, mas eles permanecem “um tanto cautelosos à luz dos acontecimentos da pandemia”. O mercado de trabalho também está melhorando rapidamente, o que traz a perspectiva de maiores rendimentos e maiores gastos, acrescentou.
“Ao mesmo tempo, ainda há um caminho a percorrer antes que os danos à economia causados causados pela pandemia sejam superados”, afirmou ela, citando que uma política fiscal ambiciosa, direcionada e coordenada deve continuar a complementar a política monetária.
Ela disse ser prematuro para falar de consolidação fiscal na zona do euro, e que o apoio de estímulos dos governos nacionais deve continuar, mas de forma mais cirúrgica.
INFLAÇÃO
O BCE revisou para cima suas projeções para a inflação este ano, para 2,2%, ante a
previsão anterior de junho de alta de 1,9%. Para 2022, o BCE também revisou sua projeção de inflação para cima, de 1,5% para 1,7%, e para 2023 a estimativa foi elevada de 1,4% para 1,5%.
O BCE espera que o núcleo da inflação, excluindo os preços de alimentos e energia, seja de 1,3% em 2021, 1,4% em 2022 e 1,5%.
Lagarde destacou que a inflação acelerou para 3,0% em agosto, acima da meta de 2%, em grande parte devido a fatores transitórios. “Esperamos que a inflação suba ainda mais neste outono, mas diminua no próximo ano”, disse ela.
“Este aumento temporário da inflação reflete principalmente o forte aumento dos preços do petróleo desde meados do ano passado, a reversão da redução temporária do imposto sobre valor agregado (IVA) na Alemanha, atrasos nas vendas de verão em 2020 e pressões de custo decorrentes da escassez temporária de materiais e equipamentos”, disse ela.
Lagarde disse que na medida em que a economia se recupera ainda mais, a inflação deve acelerar no médio prazo, de forma gradual, uma vez que levará tempo para que a economia volte a operar a plena capacidade e, portanto, os salários deverão crescer apenas moderadamente.
“As medidas de expectativas de inflação de longo prazo continuaram a aumentar, mas permanecem um pouco distantes de nossa meta de 2%”, afirmou ela.
Por fim, ela disse que os riscos para as perspectivas econômicas estão amplamente equilibrados. A atividade econômica pode superar as expectativas se os consumidores se tornarem mais confiantes, e “se os gargalos de oferta durarem mais tempo e se refletirem em aumentos salariais maiores do que o previsto, as pressões sobre os preços podem ser mais persistentes”, disse.
“Ao mesmo tempo, as perspectivas econômicas podem se deteriorar se a pandemia piorar, o que poderia atrasar a reabertura da economia, ou se a escassez de oferta se tornar mais persistente do que o esperado atualmente e travar a produção”.