BC da Argentina reduz limite para compra de dólares

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Por Gustavo Nicoletta

São Paulo – O banco central da Argentina adotou novos limites para a compra de dólares no país. Segundo a nova diretiva, cada argentino poderá comprar até US$ 200 por mês – bem abaixo do limite anterior, de US$ 10 mil -, e para valores maiores será necessário pedir autorização.

O limite de US$ 200 é para as aquisições atreladas a uma conta em pesos. Para compras em espécie, o limite é de US$ 100 mensais. Os limites não são cumulativos e serão aplicados levando em consideração as aquisições de dólares feitas em outubro.

O banco central argentino também determinou que pessoas físicas e jurídicas não residentes na Argentina terão direito a comprar até US$ 100 por mês, e disse que aqueles que já compraram mais de US$ 200 e menos de US$ 10 mil em outubro não serão penalizados.

O objetivo da medida, segundo o comunicado divulgado ontem pelo banco central argentino, é “manter a estabilidade cambial e proteger as reservas diante do grau de incerteza”.

“Esta norma é transitória, mantém a plena liberdade para extrair dólares de contas bancárias, tanto para pessoas físicas como jurídicas, não afeta o normal funcionamento do comércio exterior nem do turismo”, acrescentou.

Hoje, em entrevista coletiva, o presidente do banco central argentino, Guido Sandleris, disse que a medida foi tomada ontem porque, na semana que antecedeu as eleições, a instituição notou aumento na demanda por dólares por parte de pessoas físicas para manter o dinheiro em caixa.

Segundo Sandleris, os limites mais estritos para a compra de dólares foram adotados para preservar as reservas internacionais da Argentina até que o novo governo tome posse.

Ele acrescentou que desde as eleições primárias na Argentina, em agosto, as reservas internacionais do país caíram em aproximadamente US$ 21 bilhões, e que cerca de metade deste declínio ocorreu antes de o banco central restringir a compra de dólares no início de setembro.

“No final da semana passada se acelerou a corrida às reservas, associada a um aumento importante da demanda por dólares entre as pessoas. Acreditávamos que existia o risco de isso continuar esta semana”, disse Sandleris.

Ele disse que o banco central não adotou controles mais rígidos sobre o câmbio antes porque “este tipo de medida não é gratuita para a economia” e que, por isso, é necessário ser “muito cuidadoso”.

O presidente do banco central argentino atribuiu o aumento na demanda por dólares antes das eleições à incapacidade da Argentina de construir um consenso básico em relação a que políticas devem ser mantidas para permitir o funcionamento da economia e que proteja o país da incerteza.