Banco Central melhora previsão de queda do PIB em 2020

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Edifício-sede do Banco Central em Brasília. (Foto: Divulgação/BC)

São Paulo, 24 de setembro de 2020 – O Banco Central melhorou a previsão para o desempenho da economia brasileira neste ano e agora prevê uma queda de 5,0% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Relatório de Inflação (RI) referente ao terceiro trimestre. No documento anterior, a previsão do BC era de retração de 6,4%.

Segundo a autoridade monetária, a estimativa de recuo menor do PIB em 2020 reflete perspectivas mais favoráveis da economia doméstica no terceiro trimestre, considerando-se os indicadores econômicos, as informações mais recentes sobre a pandemia e a evolução esperada da economia internacional. Para 2021, o BC projeta crescimento de 3,9% do PIB do Brasil, levando-se em conta um cenário de incerteza ainda acima do usual.

Para o BC, apesar do forte recuo da atividade no segundo trimestre deste ano, o conjunto de indicadores disponíveis mostra que a retomada da atividade econômica doméstica após a fase mais aguda da pandemia, ainda que parcial, está ocorrendo mais rapidamente do que antecipado, contribuindo para a elevação da estimativa de crescimento anual. “Todavia, a heterogeneidade da recuperação entre os segmentos da atividade econômica continua sendo uma característica marcante”, ressalta a autoridade monetária em um boxe sobre o PIB.

Segundo o BC, a nova projeção para o PIB em 2020 considera crescimento acentuado no terceiro trimestre, influenciado pelas medidas governamentais de combate aos impactos econômicos da pandemia e pelo retorno gradual a patamares de consumo vigentes antes do período de isolamento social. Para o último trimestre do ano, a partir de quando vigora incerteza acima da usual sobre o ritmo da recuperação, espera associado, em parte, à diminuição esperada de transferências de recursos extraordinários às famílias.

Já para 2021, o BC observa que a perspectiva está condicionada ao cenário de continuidade das reformas e de manutenção do atual regime fiscal, assegurando o equilíbrio de longo prazo das contas públicas, e pressupõe arrefecimento da pandemia, com gradativa elevação da mobilidade e volta progressiva aos padrões de consumo vigentes antes do período de distanciamento social.

INFLAÇÃO

Em relação à inflação oficial no Brasil, medida pelo IPCA, a perspectiva é de que encerre abaixo da meta neste e no próximo ano, considerando-se as projeções condicionais para o comportamento dos preços apresentadas pelo BC em quatro cenários, a depender da trajetórias da taxas de câmbio e da Selic no horizonte. Segundo o RTI, a inflação em 2020 deve fica em 2,1%, em todos os cenários, ante alvo de 4% perseguido pelo BC.

A autoridade monetária considera que o IPCA deve se elevar no curto prazo, influenciada  pelos movimentos recentes de alta temporária nos preços dos alimentos e pela normalização parcial do preço de alguns serviços, em um contexto de recuperação dos índices de mobilidade e do nível de atividade. Segundo o RTI, as projeções de curto prazo no cenário básico do BC consideram taxas de 0,40% para o IPCA em setembro; desacelerando-se para +0,30% em outubro e, depois, para +0,27% em novembro.

Já em 2021, a inflação deve ficar entre 2,7% e 3,0%, ante meta de 3,75%. Para 2022, quando a meta central é de 3,50%, a inflação oficial deve ficar entre 3,1% e 3,8%, a depender do cenário. Por fim, em 2023, nenhum central contempla inflação na meta, de 3,25%.