Apesar de recorde em IPOs em 2021, desempenho foi fraco, avalia XP

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São Paulo – Em 2021, 46 empresas fizeram suas ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) e estrearam na B3, Bolsa brasileira, movimentando mais de R$ 65,6 bilhões, um recorde para ofertas iniciais de ações no Brasil em valor. Mesmo assim, segundo a XP, o desempenho foi fraco: grande parte das ofertas ocorreram até julho, e maiores preocupações fiscais levaram a uma deterioração no sentimento para novas ofertas na segunda metade do ano. 
“Foram apenas 6 IPOs realizados a partir de agosto. Além disso, segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), até o mês de novembro de 2021, foram contabilizadas 61 desistências de ofertas primárias no ano”, contextualiza a XP, em relatório. 
Fatores como a vacinação contra a Covid-19, a retomada da economia e melhora no cenário global atraíram investidores domésticos e estrangeiros para a Bolsa brasileira e para os IPOs. No ano passado, os investidores Pessoas Físicas na Bolsa superaram 4 milhões, uma alta de 26% em relação a 2020, e houve um forte fluxo de investidores estrangeiros que somou mais de R$ 100 bilhões no ano. Tudo isso tornou o mercado acionário mais atraente para empresários, fazendo com que 2021 se consolidasse como o segundo ano com maior número de IPOs no país – atrás de 2007 quando 64 companhias se tornaram públicas e movimentaram R$ 55,6 bilhões. 
Para 2022, diz o relatório, é difícil de enxergar mais um ano tão forte como esse último, dado o cenário macroeconômico mais desafiador esperado para o ano. “Esperamos que o crescimento econômico desacelere consideravelmente, resultado de um aperto material nas condições monetárias que teve início já no ano passado, junto com maiores incertezas trazidas pelo próximo ciclo eleitoral”, diz a análise. 
“Já vimos um número significativo de empresas desistindo de suas ofertas em 2021, e apesar da CVM ainda listar 30 companhias sob análise que potencialmente fariam o IPO nesse ano, temos um cenário desfavorável com crescimento menor, inflação em alta, taxa de juros subindo e maior volatilidade nos mercados que devem levar a um ano mais fraco de IPOs em 2022”, estimam os analistas da XP.