São Paulo, SP – A Americanas divulgou ontem (4) comunicado no qual refuta veementemente as argumentações apresentadas pelo senhor Miguel Gutierrez à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na véspera da apresentação do relatório final.
“A companhia reitera que o ex-dirigente da Americanas não contestou em nenhum momento os documentos e fatos apresentados à Comissão no dia 13 de junho, que demonstram a sua participação na fraude. Reiteramos que o relatório apresentado na CPI em 13 de junho, baseado em documentos levantados pelo Comitê de Investigação Independente, além de documentos complementares identificados pela Administração e seus assessores jurídicos, indica que as demonstrações financeiras da companhia vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da Americanas, capitaneada pelo senhor Miguel Gutierrez”, destacou o comunicado.
Por fim, a Americanas afirmou que confia na competência de todas as autoridades envolvidas nas apurações e investigações, reforça que é a maior interessada no esclarecimento dos fatos e que irá responsabilizar judicialmente todos os envolvidos.
Em carta enviada à CPI, Guitierrez acusa os acionistas referência Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira, e afirma que virou bode expiatório para
ser sacrificado em nome da proteção de figuras notórias. Ele ressaltou que Sergio Rial, que o sucedeu, mentiu à Comissão afirmando que o trio de acionistas referência não sabia o que acontecia na contabilidade da empresa.
Guitierrez disse que, pelas normas da empresa, pelos instrumentos de governança existentes e pela forma como de fato as coisas aconteciam no dia a dia, o conselho de administração possuía intensa participação e responsabilidade com relação às esferas financeira e contábil, e que qualquer alteração de política contábil dependia, nos termos do estatuto da Americanas, de decisão do conselho de administração.
Guitierrez, que comandou a empresa por 20 anos, reafirmou que a acusação contra ele formulada pela Americanas, além de falsa, é claramente enviesada, produzida com o
objetivo de induzir o mercado e as autoridades investigativas a erro.
Em depoimento à CPI, no dia 22 de agosto, Rial afirmou que não encontrou indícios de participação dos acionistas de referência da empresa na possível fraude que resultou no rombo de mais de R$ 20 bilhões no balanço da companhia. Durante o depoimento, ele relatou seu processo de contratação, a descoberta das inconsistências contábeis e sua posterior saída, garantindo que em nenhum momento percebeu que os acionistas estivessem cientes de fraudes ou irregularidades.
RELATÓRIO FINAL
O relatório final da CPI afirmou que, ao final dos quase 120 dias de investigação, foi possível aos membros da CPI não apenas identificar e compreender o contexto fático, como também propor melhorias no campo legislativo e que, oportunamente, podem ser refletidas e incorporadas no campo regulatório.
“Deve-se levar em conta, porém, que diante da magnitude e da complexidade dos fatos trazidos a lume, não seria possível esgotar, no curto prazo de funcionamento de uma CPI, todo o objeto da investigação. Por outro lado, o escopo da CPI foi além das providências meramente investigativas, de modo que foram buscadas, também, soluções para que a prática investigada não volte a ocorrer. Como sabemos, o aprimoramento legislativo, por sua natureza, quase sempre, percorre vias mais amplas de justiça e pacificação social”, destacou o relatório.
Por fim, o texto conclui que é pertinente o compartilhamento dos expedientes e conclusões obtidas pela Comissão com outros poderes e órgãos competentes encarregados da
apuração das irregularidades apontadas.