Ações de Hapvida e Intermédica caem após avaliação do Cade sobre fusão

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Foto: Marcos Santos/USP Imagens

São Paulo – As ações de Hapvida e Grupo Notre Dame Intermédica caem após a superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) emitir nota técnica avaliando a proposta de fusão entre as empresas complexa. Às 16h10 (horário de Brasília) os papéis perdiam mais de 2% (HAPV3, -3,05% e GNDI3, -3,87%), acompanhando a queda de 0,23% do Ibovespa.
Em nota técnica publicada na última sexta-feira (24), o Cade indicou preocupações relacionadas à concentração de mercado e disse que irá aprofundar a análise e conceder às partes a oportunidade de apresentar informações complementares sobre as eficiências decorrentes da operação sem pedir dilatação do prazo de avaliação.
O BTG Pactual reiterou seu otimismo em relação à aprovação da operação em até onze meses, e que caso o órgão exija “remédios” potenciais, isso não representará, de forma alguma, um problema, e que a avaliação do Cade foi justificada por algumas sobreposições entre as empresas em “clusters” regionais em Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina, que correspondem a cerca de 20% de suas operações de afinidades e 10% na divisão corporativa.
“A Hapvida não está presente na cidade de São Paulo, principal pólo de crescimento da Intermédica, que tem 25% do mercado compartilhado. Da mesma forma, a Intermédica tem exposição quase zero para o Norte e Nordeste, que abrigam mais de 60% do portfólio da Hapvida”, comentam os analistas.
Com isso, mantiveram visão positiva para as ações, considerando que a a fusão pode gerar ganhos não precificados devido às sinergias em despesas operacionais e fiscais, receita e novas aquisições.
Na sexta-feira, a Hapvida também venceu a disputa com a SulAmerica pela aquisição do Grupo HB Saúde. A empresa teve a proposta de R$ 650 milhões aprovada por 59% dos acionistas da HB Saúde em assembleia realizada ontem (23). A SulAmerica ofereceu R$ 563 milhões.
FUSÃO É COMPLEXA
A superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) considerou a proposta de fusão entre Hapvida e o Grupo Notre Dame Intermédica complexa, indicando preocupações relacionadas à concentração de mercado e disse que irá aprofundar a análise e conceder às partes a oportunidade de apresentar informações complementares sobre as eficiências decorrentes da operação na última sexta-feira (24).
A dilatação do prazo de avaliação poderá ser exigida, mas, por ora não se faz necessário, diz a nota. O ato de concentração foi protocolado pela Hapvida em 16 de junho. A estimativa é que a decisão final do Cade em relação à aprovação da fusão ocorra em até oito meses a partir desta data, ou seja, em fevereiro de 2022.
Entre os pontos que suscitam preocupação concorrencial, o órgão cita concentrações elevadas relacionadas às sobreposições horizontais da fusão, “com evidências de rivalidade reduzida e elevadas barreiras à entrada em alguns mercados de planos de saúde médico-hospitalares coletivos por adesão e empresariais.”
Segundo as empresa, a operação resultará em sobreposições horizontais nos mercados de planos de saúde médico-hospitalares (individuais ou familiares; coletivos por adesão e empresariais) e exclusivamente odontológicos (individuais ou familiares; coletivos por adesão e coletivos empresariais), hospitais-gerais e centros médicos.
O órgão aponta que esses mercados representam cerca de 20% do total de beneficiários das empresas na modalidade de planos de saúde médico-hospitalares coletivos por adesão e aproximadamente 10% do total de beneficiários na modalidade de planos de saúde médico-hospitalares coletivos empresariais.
Já quanto ao reforço na integração vertical, especialmente entre os mercados de planos de saúde médico-hospitalares e os de hospitais-gerais ou especializados, o Cade relatou preocupações de fechamento de mercado, especialmente em localidades com disponibilidade reduzida de leitos hospitalares, tanto em relação a hospitais-gerais quanto a hospitais especializados, com base em questionamentos de concorrentes, clientes e fornecedores consultados pela superintendência-geral.