Ações da Petrobras sobem em meio à debate político sobre privatização e ICMS

A Petrobras também recebeu proposta de mais de US$ 1,5 bilhão pelo Polo Bahia Terra

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Foto: Divulgação / Petrobras

São Paulo – As ações da Petrobras sobem em meio a um noticiário agitado para a estatal e comentários do governo sobre a privatização, com analistas citando uma visão positiva aos ganhos da companhia. Às 12h38 (horário de Brasília), as ações preferenciais (PETR4) e e ordinárias (PETR3) da companhia tinham alta de 1,07% e 0,23%, a R$ 29,94 e R$ 30,37, respectivamente.
O presidente Jair Bolsonaro, o ministro Paulo Guedes e o presidente da Câmara, Arthur Lira, passaram a defender a privatização da estatal, em reação ao reajuste dos combustíveis pela Petrobras e após Câmara dos Deputados aprovar um projeto que altera a cobrança do ICMS sobre combustíveis para um valor fixo e o preço referência para incidência do imposto, ontem à noite (13). A proposta segue para análise do Senado.
A Petrobras também recebeu proposta de mais de US$ 1,5 bilhão pelo consórcio formado pela Aguila Energia e Participações e pela Infra Construtora e Serviços para a compra dos campos de produção terrestres, localizados na Bacia do Recôncavo e Tucano, no estado da Bahia, chamados de Polo Bahia Terra. Segundo a estatal, a celebração da transação dependerá do resultado das negociações, bem como das aprovações corporativas necessárias.
ANÁLISES
Analistas apontam que um cenário favorável para a companhia, considerando a redução da interferência na política de preços e expectativa de desempenho operacional com a cotação internacional do petróleo e do dólar.
O Bank of America (BofA) estima que a companhia deve continuar a se beneficiar dos maiores preços internacionais do petróleo, com a eleição presidencial de 2022 no Brasil e risco-país como principais desafios, mas manteve a recomendação de compra da ação. A estimativa positIva de risco-recompensa deve-se à expectativa de benefícios dos preços mais altos do petróleo e forte desempenho operacional que devem permitir uma redução adicional da dívida e dividendos muito mais elevados.
Já em relação ao gás natural, a análise aponta falta de alavancagem para o aumento do preço, devido à ampla independência dos produtores na América Latina em relação aos benchmarks de preços internacionais e à participação inferior do produto nos volumes de produção e vendas para a maioria das companhias.
“Esperamos também que a sólida posição financeira da empresa permita um plano de negócios mais dinâmico, que deve ser divulgado no final de novembro, início de dezembro. Acreditamos que esses fatores favoráveis devem ser positivos para o desempenho das ações”, disse o analista Frank McGann.
A Ativa Investimentos vê um contexto favorável para os preços de combustíveis, em análise sobre a aprovação da mudança do ICMS.
“Avalio que a medida é inócua por diversos motivos. Em linhas gerais, a medida é ruim estruturalmente, conjunturalmente é facilmente contornável e ainda não tem grandes chances de aprovação no Senado, mesmo com o presidente da casa, Rodrigo Pacheco, afirmando que a Câmara alta terá boa vontade com o projeto”, opina Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.
Ele cita, por exemplo, a resistência de governadores e prefeitos para que a matéria avance no Senado, visto que o impacto orçamentário para os entes federativos é de cerca de R$30 bilhões, de acordo com o Comfaz. Além disso, considera que a medida não ataca o “problema”, já que o preço dos combustíveis subiu em função da conjuntura internacional, somado aos problemas fiscais brasileiros que se refletem no câmbio.
O Credit Suisse diz que a aprovação da mudança do ICMS é positiva para a Petrobras ao endereçar o debate político sobre os preços sem interferir na prática de mercado. “Em nossa visão, o projeto de lei ajuda a reduzir a volatilidade ao fixar o ICMS para 12 meses bem como reduz os impostos estaduais em termos absolutos”, comentam os analistas.