Ações da Petrobras sobem após anúncio do plano de investimentos 2022-26

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Foto: Divulgação/Petrobras

São Paulo – As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) avançaram 4,13% e 4,40%, em dia em que a Bolsa operou todo o pregão no positivo e fechou em alta de mais de 1%, recuperando a faixa dos 105 mil pontos, favorecida pelas ações da Petrobras e do setor financeiro, mesmo com a liquidez baixa por conta do feriado de Ação de Graças, nos Estados Unidos, em que as bolsas não abriram. O mercado ficou animado com a divulgação do plano de investimento da Petrobras de US$68 bilhões no período de 2022 e 2026. Mas, foi principalmente o pagamento de dividendos aos acionistas que agradou os investidores.

O JP Morgan avaliou o plano de investimentos positivamente, com expectativa de reação positiva no preço da ação, avaliada pelo banco com preço-alvo de R$ 29,16 (PETR3) e recomendação “overweight” (equivalente à compra), citando como principal destaque o foco em dividendos renovado e a manutenção da estratégia em ativos do Pré-Sal e meta de vendas de ativos não estratégicos entre US$ 15-25 bilhões no período.

“Esta é uma estratégia muito favorável ao mercado, em nossa opinião, uma vez que concentra-se na criação de valor. Mas o que mais gostamos foi o foco cada vez maior em dividendos. Com a política renovada, agora a estatal espera pagar US$ 60-70 bilhões em dividendos nos próximos cinco anos – equivalente à atual capitalização de mercado”, disseram os analistas, em relatório.

Do lado negativo, o JP Moragan citou uma curva de capex mais alta (especialmente no período de 2022-2024) com a curva de produção sendo reduzida no curto prazo e aumentada nos anos posteriores.

O investimento de US$ 68 bilhões veio 6,1% acima das estimativas do banco e 23,6% superior ao plano de cinco anos anterior. “Em qualquer caso, os novos números não mudam a nossa tese para a Petrobras – uma ação muito barata, com fluxo de caixa livre substancial e potencial de dividendos (respectivamente, 25,1% e 15,1% para os próximos dois anos). Esperamos uma reação positiva do preço das ações”, finalizam.

O BTG Pactual manteve a recomendação neutra para Petrobras, com preço-alvo de US$ 15,00, mantendo postura mais cautelosa, mas citando que a capacidade de prever a alocação de capital da companhia no longo prazo está mais fraca, especialmente após as alterações na política de dividendos, que deve garantir pelo menos mais um ano de rendimentos atraentes, opinaram os analistas.

“No entanto, observamos que as metas anunciadas no novo plano da Petrobras podem realmente mudar substancialmente, dependendo de quem estará controlando a diretoria executiva da estatal a partir do próximo ano. Enquanto celebramos a direção estratégica, nós achamos que a visibilidade e a vontade dos investidores em perpetuar o novo plano no longo prazo permanecerão limitadas e dificultam a reavaliação completa que a ação merece. Preferimos permanecer neutros”, concluiram os analitas do BTG.

A Ativa Investimentos ressaltou o aumento da produção, investimentos e dividendos. “A Petrobras divulgou um plano sem maiores surpresas, majorando sua expectativa produtiva ao longo dos próximos anos, mantendo a proporção de investimentos no pré-sal e atualizando a sua política de remuneração de acionistas. A companhia decidiu manter a forma como atua perante a agenda verde intacta, não assumindo novos compromissos e preferindo continuar atuando de forma orgânica na melhora da rentabilidade dos projetos onde já possui comprovada expertise”, comentou, em nota.

A Genial Investimentos também mostrou visão neutra para a projeção de investimentos, tendo em vista o colapso dos preços do petróleo no ano passado, e mostrou visão favorável ao foco em exploração e Produção (84%) e no aumento da capacidade de refino da empresa. “Gostamos do novo plano de negócios porque E&P sempre foi a área mais interessante da empresa, principalmente agora com o pré-sal. Desinvestimentos em ativos não estratégicos devem continuar”, comentou.

A corretora também avaliou positivamente a meta de manter o endividamento na casa dos US$ 65 bilhões, que considerou “confortável” e “que deve fazer com que a empresa siga sendo generosa no tocante ao pagamento de dividendos.”

DIVIDENDOS

A Petrobras disse que espera iniciar a nova política de pagamento de dividendos anunciada hoje a partir do primeiro trimestre de 2022, quando passará a aplicar 60% do fluxo de caixa livre aos acionistas, após aprovação do conselho de administração da companhia.

“A partir do primeiro tri de 2022, esperamos ter essa consistência de pagamentos trimestrais de dividendos”, comentou o diretor financeiro da Petrobras, Rodrigo Araújo Alves, na teleconferência sobre o plano estratégico 2022-2026.

O conselho de administração da Petrobras aprovou a revisão da política de remuneração aos acionistas, em que estabeleceu uma remuneração mínima anual de US$ 4 bilhões para exercícios em que o preço médio do Brent for superior a US$ 40/bbl, a qual poderá ser distribuída independente do seu nível de endividamento, desde que observados os princípios previstos na política.

A remuneração mínima anual será equivalente para as ações ordinárias e as ações preferenciais, desde que supere o valor mínimo para as ações preferenciais previsto no Estatuto Social da Companhia.

Em caso de dívida bruta igual ou inferior a US$ 65 bilhões e de resultado positivo acumulado, a serem verificados no último resultado trimestral apurado e aprovado pelo conselho de administração, a Petrobras deverá distribuir aos seus acionistas 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e os investimentos.

A estatal explica que o aprimoramento da política se tornou importante em razão da antecipação do alcance da meta de endividamento bruto abaixo de US$ bilhões no terceiro trimestre deste ano, que estava previsto para ser atingido somente em 2022.

“A Companhia estabelece o nível de endividamento bruto ótimo de US$ 60 bilhões, incluindo os compromissos relacionados a arrendamentos mercantis, por isso, para fins da Política, adotará parâmetro que comporte flexibilidade em torno desse endividamento alvo, passando a aplicar o endividamento bruto de US$ 65 bilhões como critério para definição da forma de apuração da remuneração a ser distribuída”, explicou a Petrobras.

O conselho de administração também definiu que a distribuição de remuneração deverá ser feita trimestralmente. O capex da fórmula original do fluxo de caixa livre também foi ajustado, para contemplar o bônus de assinatura dos leilões.

“A revisão também teve o objetivo de simplificar a Política e estabelecer uma remuneração mínima anual, promovendo maior previsibilidade ao fluxo de pagamentos aos acionistas. Em todos os parâmetros de distribuição, a remuneração aos acionistas deve seguir as regras previstas na Lei 6.404/76, no Estatuto Social da Companhia e não deve comprometer a sustentabilidade financeira de curto, médio e longo prazos da Companhia”, finalizou.

PROJEÇÕES E DESCARBONIZAÇÃO

O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, afirmou que a Petrobras deve colocar em funcionamento 15 novas plataformas para a produção e exploração de petróleo em seis campos até 2026. “A empresa segue focando no que faz de melhor, que é a exploração e produção de ativo de óleos e gás em águas profundas e ultra-profundas”, disse durante apresentação do novo plano estratégico da estatal para investidores.

Luna também explicou que a gestão de portfólio continua sendo fundamental para a melhoria de alocação de capital para permitir a que a Petrobras tenha foco nos ativos e nas operações, que representam maiores retornos e menores riscos.

A companhia também disse que estima que o preço do barril do petróleo fique em US$ 72 no próximo ano, no plano de estratégico para 2022-26. No entanto, a estatal projeta uma queda nos valores até 2026, a começar por 2023, com o barril custando US$ 65 até chegar a US$ 55 em 2026. “Temos a perspectiva de um valor mais alto, especialmente para os primeiros anos do plano”, afirmou Rodrigo Araújo, diretor financeiro e de relacionamento com investidores da estatal, Rodrigo Araújo.

Até 2026, a companhia investirá US$ 2,8 bilhões para fortalecer sua posição em baixo carbono, divididos em US$ 1,8 bilhão em descarbonização de suas operações, criação de fundo de descarbonização, US$ 600 milhões para bioprodutos e US$ 130 milhões em competências no futuro, que inclui diversificação rentável para novos negócios.

“A Petrobras é uma empresa capaz de produzir um petróleo competitivo. Os futuros compradores vão exigir um preço competitivo e um valor de descarbonização importante para o petróleo seja colocado no mercado”, explicou Roberto Ardenghy, diretor executivo de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da estatal.